Continuando a explanação do tema em questão, outro ponto importantíssimo é conhecer a doutrina praticada pela igreja que você pretende freqüentar. Em outras palavras - no que esta igreja crê? A teologia da igreja que define o que somos e no que cremos.
Escolha uma igreja onde os pastores ministrem ao seu coração. É impossível você sentir-se bem em uma igreja cujos pastores não lhe causem admiração e não tenham legitimidade espiritual. É preciso reconhecer que Deus fala através dos líderes. É importante, também, conhecer a vida do pastor. Procure saber como foi sua conversão e o seu preparo para o ministério. Como ele vive com a mulher - ou com o marido, no caso da pastora? Como lida com os filhos? Ele, ou ela, tem um bom testemunho de vida ou deixa "furos"?
Ah! Observa-se que não há interesse nenhum dos pastores com as crianças, que são sempre jogadas para fora do culto para não atrapalhar, ficando sempre numa salinha quente, rabiscando papel. Por que não existe um investimento sério no ministério infantil? Com professores capacitados e material didático de qualidade, como por exemplo, bíblia infantil e livros de atividades? As crianças são o futuro de nosso país e até mesmo das igrejas, por isso, é necessário que se invistam mais nelas. Não vemos isso nas igrejas.
A relação de um pastor com seu rebanho é coisa complexa. Envolve confiança, amizade, noção de autoridade, amor. O ensino da Palavra de Deus também é ponto fundamental a ser considerado quando se procura, uma igreja. Ultimamente, diversas igrejas não valorizam o estudo da Bíblia. Não há estudos e aconselhamentos para casais, para a família, muitos casais evangélicos se separando, por falta de um trabalho mais intenso com eles. É atitude pensada - quem aprende, cresce; quem cresce, questiona; quem questiona, cobra, e por aí vai. Um povo instruído exige igualdade, cobra transparência. O problema é que, em diversas comunidades, não há interesse em se formar cabeças pensantes ou crentes maduros. Além da falta de questionamento, outra característica altamente nociva de algumas igrejas é o sectarismo. Ensinar que somente esta igreja é abençoada, em detrimento das outras, é um erro. “Vocês não vão achar igreja melhor que a nossa em Cabo Frio.” Eu já ouvi essa barbaridade! O Reino de Deus é grande demais para caber apenas numa denominação. Os milagres do Senhor não acontecem apenas em uma instituição, mas são possíveis em qualquer lugar onde o seu nome é pregado e exaltado.
Atualmente, escândalos e malversações de recursos, é o dinheiro - ou melhor, o seu uso - que causa tantos problemas nas igrejas. Quem faz o controle dos gastos na sua igreja? Se a resposta é ninguém, isso não significa, necessariamente, que haja desvio de dinheiro, mas pode haver! E a simples margem para desconfiança quanto à probidade não deve jamais ser admitida no seio de uma comunidade evangélica. A falta de controle de recursos que dá lugar a que pastores, quase que do nada, apareçam ostentando casas luxuosas e carros importados. Os donos de igrejas fazem o que querem com o dinheiro arrecadado na comunidade.
Uma igreja tem que ter Conselho Fiscal, prestação de contas, balancete contábil.
Aproximadamente uns 20 anos, vem se disseminando, em todo o mundo e também no meio evangélico brasileiro, a chamada teologia da prosperidade, que prega, entre outras coisas, que o crente nasceu para ter dinheiro no bolso, um bom emprego, enfim, ser próspero. Não se pode negar que Jesus quer sempre nos prosperar, mas ele ensina a buscarem primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça. O problema das "igrejas da prosperidade" é que elas priorizam as "demais coisas" em detrimento do Reino. Esta doutrina machuca os pobres, ofende as pessoas de classe social mais baixa, além de ser causa de frustração para os ingênuos - gente que compra a idéia do "é dando que se recebe", faz todas as entregas, participa de todos os desafios e, mesmo assim, fracassa nas finanças. Milhares de pessoas não querem nem ouvir falar de igreja evangélica, simplesmente porque sentiram-se enganadas por tais ensinos. Que lástima!
Por último, observe se, na sua igreja, está havendo mudanças de vida. Se existem pessoas exaltadas, querendo assumir o lugar de Deus. O Evangelho muda a vida das pessoas. Transforma-as, liberta e cura. Nossa igreja é nossa família e o melhor é nunca abandonarmos nossa congregação, como é o costume de alguns. Contudo, se concluirmos que determinada igreja é doentia, ficamos doentes também, caso permaneçamos nela. E a doença espiritual pode levar-nos à morte espiritual.
Seu pastor realmente tem cuidado das ovelhas? Ou você admite que, mesmo tendo ele (ou "ela" em muitos casos hoje) muitas qualidades, no fundo você tem a impressão que existe um interesse de construir um Império? Bem, se esse é o seu caso, você não está sozinho! A mega-igreja é, incontestavelmente, a moda hoje em dia, e muitos discipuladores, que são pastores auxiliares, são colocados para cuidar das ovelhas - porque o "pastor titular" não conseguiria sozinho fazer isso. A moda agora também são as chamadas células ou grupos familiares, o que não sou contra, basta saber, qual é a finalidade de tudo isso? Meus amigos, cães-pastores não são pastores! (Calma - não estou chamando eles de cães - estou apenas fazendo uma ilustração).
Em algum momento as congregações perderam de vista o fato de que pastorear pessoas e arrebanhá-las são duas coisas diferentes.
A natureza humana ama o entretenimento e a satisfação. E muitos indivíduos que possuem carisma podem ler revistas de fofoca e mesmo assim cativar as pessoas. Acrescentam uma música cuidadosamente selecionada para mexer com as emoções, misturando ritmos conhecidos com uma mensagem superficial - e eis ai uma combinação poderosa! Adolf Hitler não declarava ser ministro do evangelho, mas usou táticas similares para garantir a aceitação da maior parte da população cristã da Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial. Portanto, se você acha que não pode ser enganado e iludido nesse aspecto, a história mostra o contrário!
Os pregadores estão usando sermões (se é que podem ser chamados de sermões) para tocar nas emoções humanas e encantar as multidões. Paz, amor e uma sensação de pertencer são necessidades básicas arraigadas na alma humana. E muitos indivíduos sem escrúpulos estão explorando essas necessidades a fim de manipular as massas. Se você duvida dessa afirmação, basta observar cuidadosamente o conteúdo dos noticiários da TV quando eles, por alguma razão, mostram multidões nas igrejas como parte de sua programação. Quase sem exceção eles mostram pessoas em situações próximas a um transe, gingando o corpo de acordo com a música e "erguendo as mãos santas em adoração". Essas multidões encontram-se emocionalmente energizadas por um pacote de sermão e música cuidadosamente preparados para alcançar um resultado esperado. O efeito é persuasivo, pois as pessoas querem mais e mais dessa sensação e sentem um vazio quando não recebem sua carga emocional semanal.
Que Deus nos ajude e nos abençoe, para que escolhamos bem a Igreja, se vamos buscar crescimento ou destruição espiritual. Ah! Por favor, não perguntem por quais igrejas passei, muitos podem ficar frustrados.
José Alexandre de Souza, é contabilista e graduado em História-licenciatura pela Universidade Veiga de Almeida, além de colaborador cronista no Blog Cartão Vermelho
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