
Rebuscando meu baú, onde guardo velhas recordações tristes de um passado alegre, encontrei uma cópia de uma carta que sem querer achei em um banco de jardim. Pelo envelope pude averiguar que veio de Portugal, endereçada a alguém residindo no Rio de Janeiro. Curiosa como sou, passei a lê-la.
Portugal, 19 de janeiro de 1947. "Meu querido filho. Escrevo estas poucas linhas que é para saberes que eu estou viva. Estou escrevendo devagar porque sei que tu não gostas de leres depressa. Se receberes esta carta é porque ela chegou. Se não chegar, avisa-me que te mando outra.
Teu pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorre a 1 quilometro de casa. Por isso, mudamos para mais longe.
Sobre o casaco que querias, o teu tio disse que seria muito caro mandar pelo correio por causa dos botões de ferro que pesam muito. Assim, arranquei os botões e os coloquei todos no bolso.Quando chegar aí, tu tens que pregá-los todos de novo. Noutro dia o botijão de gás explodiu aqui na cozinha. Teu pai e eu fomos atirados pelo ar e caímos fora de casa. Que emoção! pois foi a primeira vez em muitos anos que o teu pai e eu saímos juntos. Tua irmã Adalberta vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina. Portanto não sei se tú serás tio ou tia.
Imaginas que hoje teu irmão me deu muito trabalho. bFechou o carro e deixou a chave lá dentro do mesmo.Tive que ir até a casa buscar a reserva para abrir. Por sorte cheguei antes de a chuva começar a chover senão teria molhado o estufo todo porque a capota estava arriada. Meu filho, se tu vires a dona Esmeralda, diz que lhe mando lembranças. Se tu não a vires, não digas nada. Mande para nós uma caixa de fósforos, mas antes verifique se todos estão acendendo, porque este pessoal dai do Brasil é meio safado e pode te enganar.
Receba um beijo de tua mãe Maria de Oliveira da Cruz."
É isto aí pessoal ! kkkkkkkkkkkk Ademan...de leve ! Tchau patrícios !
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