Do Blog Cartão Vermelho:
Quem estréia como cronista do Blog Cartão Vermelho é o empresário Dirlei Pereira, seja bem vindo a família Cartão Vermelho.
O desatino de Alfredo Gonçalves. Por Dirlei Pereira
O juiz eleitoral de Cabo Frio cassou o prefeito Marquinho Mendes e mandou que os vereadores se reunissem para escolher, dentre eles, um prefeito interino, até que Alair Corrêa, segundo colocado na eleição de 2008, fosse diplomado. Mas os vereadores fugiram da cidade, driblaram como e enquanto puderam os oficiais de justiça, dando um triste espetáculo, uma verdadeira aula incivilidade e de desobediência civil.
Em 3 mandatos de vereador, em diferentes legislaturas assisti, participei e até mesmo liderei muitas obstruções aos trabalhos legislativos. Cito como exemplo, a votação da Planta de Valores, que aumentava absurdamente o IPTU
Mas não foi isso que se viu no episódio
Ainda assim a postura da maioria dos vereadores, embora absolutamente reprovável, poderia ser relevada pela população, dada a inexperiência de uns e as limitações intelectuais e até mesmo culturais de outros.
Ao vereador Alfredo Gonçalves, entretanto, impõe-se julgamento popular diferenciado. Alfredo é advogado, oriundo de família tradicional, estudou nas melhores escolas e sempre freqüentou as mais ricas rodas culturais. A ele não se pode aplicar o benefício da dúvida ou da ignorância. Alfredo tinha (e tem) plena consciência de tudo que fez. Alfredo quebrou o decoro parlamentar sabendo perfeitamente o que estava fazendo. Alfredo rasgou a Constituição Federal e a Lei Orgânica Municipal ao se insurgir ferozmente contra o principio constitucional da independência dos poderes, também sabendo perfeitamente o que estava fazendo.
E
Alfredo Gonçalves foi ainda mais longe: Ele teria declarado que agiu ao arrepio da ética em nome da amizade ao prefeito Marquinho Mendes. Em nome de uma alegada fidelidade Alfredo vendeu, literalmente, a independência do Poder Legislativo Municipal, o mesmo Poder que ele jurou defender e honrar ao tomar posse na presidência da Câmara. Alfredo colocou os interesses da população a reboque dos seus interesses. E se esses interesses são ou não escusos, não me cabe julgar. Mas incumbe a mim, sim, enquanto cidadão, dizer da indignação que tomou conta de toda a Cidade. Dizer que, lamentavelmente, a Casa das Leis, a Casa da Representação Popular de tantas glórias e tradições, se hoje fechasse suas portas não faria falta nenhuma, isto porque foi transformada em mero apêndice da Prefeitura, agachada que está ao prefeito.
Alfredo Gonçalves e Marquinho Mendes uniram Legislativo e Executivo mas, certamente, não nas mais nobres nem nas mais dignas iniciativas. Hoje os dois poderes estão juntos e misturados. Juntos, misturados e chafurdados nas águas turvas da falta de ética e de transparência. Juntos e misturados na falta de zelo, na falta de respeito e, sobretudo, na falta de amor para com a coisa pública.
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