
Qualquer pessoa com um mínimo de inteligência e bom senso, deve estar boquiaberta com as parvoíces que lê-ouve-assiste, nas mais diversas mídias sobre posições e “costuras” políticas que estão se formando e desfazendo com a aproximação das eleições. É muito freqüente – e até mesmo histórico, em ano eleitoral que haja uma verdadeira dança das cadeiras, mas com os conceitos mais rígidos que os partidos assumiram em relação à dita “fidelidade partidária” (!?), nosso políticos resolveram a situação de maneira bem tupiniquim, continuam no mesmo partido, mas se dão o direito da apoiar ou não aqueles que lhes convém particularmente - e de forma muito desabrida; sem se ater à escolha definida em convenções pelo conjunto dos seus integrantes, ou correligionários – não gosto muito deste último verbete, por me remeter à religião, e o Estado deve, em principio, ser laico.
Nem imagino qual seja o conceito que tais políticos façam da tal fidelidade partidária, mas em meu parco e exógeno entender, um partido é formado por pessoas que tem propostas e ideologias em comum para alcançar um BEM MAIOR para o povo.Donde fidelidade partidária, deve ser fidelidade ás idéias e propostas que este conjunto de pessoas pactuou como sendo comum a todos... Ou será que não!?
Em recente reunião, com um grupo político da cidade nos foi apresentada como pré-candidata à Assembléia Legislativa, a atual vice-prefeita, que com justa razão abandonou seus infiéis (ex) aliados, para se manter fiel ao povo que a elegeu. A frase de Delma Jardim que marcou a noite foi: “Estou no caso incomum de torcer contra mim mesma, para o bem do povo”. Chegamos, eu e um amigo, a comentar que a frase foi dita de uma maneira tão leve, e sem arroubos discursivos, que nos dava a impressão que muita gente nem sequer havia percebido a importância da mesma.
O que Delma disse, foi na verdade a única coisa que vale no que chamam de “jogo político” – enquanto esta jovem e corajosa senhora diz que abre mão voluntariamente das benesses imediatistas que a máquina do executivo pode lhe proporcionar, para poder honrar os votos que lhe foram conferidos, no breu das tocas,e gabinetes a estória é bem outra. Costuram-se alianças e contra-alianças de todos os tipos no que -com o perdão dos meus respeitáveis leitores, decidi denominar de “SURUBA IDEOLÓGICA”. Não vou citar nomes porque a falta de algum deles poderá lhes dar a falsa impressão de absolvição.
O fato é que durante meus longos anos como eleitora – mesmo quando morei no exterior ia à embaixada do Brasil para votar sempre que possível – e apesar de o voto ser secreto nunca me furtei em declarar abertamente meu voto, caso me fosse perguntado. Dizia eu : “Votei em X !” Usando o PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO, que indica um ação no passado e acabada, e nas poucas eleições onde não pude exercer meu DIREITO de eleitora, declinei meu voto no PRETÉRITO FUTURO DO CONDICIONAL : “Votaria em X ! “Tempo verbal que também indica uma ação pretendida e acabada no passado. Observem que nenhum destes tempos verbais dá margem ou sugere dúvida por parte do agente.
Estamos no ano de 2010 e, como se não bastassem: uma Copa de Futebol, um projeto Ficha Suja votado e empacado, um projeto de encampação financeira (royalties) que nos atinge diretamente, ainda temos uma eleição majoritária, que depende diretamente – pelo menos em alguns estados; destes dois últimos “inventos” oportunistas, e indiretamente (em último caso) do comportamento bizarro de uma bola – que segundo os entendidos, tem o defeito de ser perfeita demais (!?). E todos estes fatores somados à supra mencionada “suruba ideológica” – que pode ser até decorrência dos tais projetos (ainda indefinidos); fazem com que eu me veja na triste e inglória condição de ter que mudar minha forma de conjugação de alguns verbos, entre eles o verbo votar. De agora em mais passo a conjugar: confiar, acreditar, saber, conhecer, votar (entre outros) no PRETÉRITO IMPERFEITO (o próprio nome já mostra a inconveniência do tempo) DO INDICATIVO – que indica uma ação feita no passado mas que não deve se repetir, ou que se duvida que se repita no presente ou no futuro.
ENTÃO FICA ASSIM: CONFIAVA (não confio mais), ACREDITAVA (não acredito mais), SABIA (mas estava enganada), CONHECIA (mas me fizeram de otária), VOTAVA (pode tirar o cavalinho da chuva). E como não tenho intenção de me abster, nem me ausentar, nas próximas eleições (2010, 2012, 2014...) pretendo usar meu “jus esperniandi” até obter meu PRETÉRITO PERFEITO de volta, para bem de todos e felicidade geral da nação.
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