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AVE CAESAR. Por Beth Michel


O momento de total retrocesso que atravessa o município de Cabo Frio – e a bem da verdade o país inteiro; leva qualquer um que se disponha a refletir sobre o assunto, a voltar aos bancos escolares, e às aulas de história. Na juventude minhas matérias formais favoritas eram geografia e história e em especial a história antiga - Egito, Grécia e Roma; o que ocorria naqueles tempos remotos me pareciam coisas fascinantes e impossíveis de acontecer nos dias atuais. Quanta ingenuidade! A história se repete em ciclos que seguem uma progressão geométrica no sentido inverso, tanto de ordem temporal como em termos de gravidade. Ou seja, o intervalo entre os ciclos é cada vez menor e os fatos são tanto mais graves, quanto maior seja a ciência, ou melhor, dizendo, os progressos tecnológicos.


Nesta minha regressão voluntária a um período da história tão distante no passado, me vieram à mente vários aforismos e provérbios latinos, que achamos oportuno postar ao final das Quentinhas do Cartão Vermelho. Mas a mente não descansa e a gente acaba pensando nos contextos em que tais expressões foram forjadas.


Por exemplo: as obras de “revitalização” na nossa Praia do Forte me remeteram automaticamente à “Teia de Penélope”. Casada com Ulisses um grande guerreiro grego, Penélope para se manter virtuosa e fiel ao seu marido, e para evitar os pretendentes disse que só voltaria a se casar depois de terminar uma tapeçaria (alguns dizem que se tratava de um bordado) e para adiar o fim da “obra” tecia durante o dia e desfazia o trabalho durante a noite. Para muitos a “Teia de Penélope” é a representação da fidelidade conjugal, mas para outros (como eu) simboliza uma obra cujo fim é interminavelmente adiado. Agora mesmo enquanto escrevo, máquinas da prefeitura de Cabo Frio retiram as pedras colocadas na praia – e que desde o início todo mundo sabia que não ia solucionar o problema; para empilhar no calçadão. Para que? Citei somente a Praia do Forte, porque é o “assunto” do momento, mas existem outras “teias” que também parecem ser infindáveis, como as obras do Teatro Municipal, as inúmeras e consecutivas reinaugurações do Charitas, os quebra-quebra em varias vias públicas sem que haja uma real finalidade e/ou benefícios, como as obras da Gamboa e da Francisco Mendes supostamente para escoamento de esgoto, mas curiosamente, não se podem ligar as tubulações dos imóveis a tal rede de esgoto.


Já muitos candidatos para estas (e outras) eleições usam o tempo que lhes é dado gratuitamente na televisão para bater no peito e dizer: “Eu sou ficha limpa!”; como se fosse uma virtude, ou uma coisa excepcional – acima e além do dever. Ser honesto não é virtude, é obrigação! O que me remete ao dito latino: À mulher de Cesar não basta ser honesta, ela tem que parecer honesta. E nada parece mais desonesto do que o elogio de boca própria. Mormente se o elogio é algo que, em principio, é uma condição básica para lidar com a “res publica” (coisa pública).


E as técnicas para manter o povo apaziguado e silente – depois de mais de 2.000 anos; continuam as mesmas “panem et circensis” (comida e diversão), distribuição de cestas básicas, promoção de “churrascos” ou “feijoadas”, festas ou eventos laicos ou religiosos, onde sempre existem agradecimentos aos “apoiadores” e se abrem os microfones para que estes façam uso da palavra, e em o fazendo - via de regra - eles partem para uma autopromoção que nada tem a ver com a festa ou o tema inicialmente proposto.


Saúde e outros benefícios sociais, que nos tempos chamados “heróicos” da humanidade, eram praticamente inexistentes, com o avanço da ciência (na saúde) e com a abolição (teórica) do trabalho escravo, passaram a ser itens ambicionados pelos plebeus, tendo em muitos casos conotação de ascensão nas camadas sociais mais estratificadas. Políticos e empresários viram nesta ambição popular um filão para obtenção de vantagens e aprovação da massa. E criaram o que eu chamo de efeito “brotoeja”, pelo seguinte: durante três meses a cada dois anos pululam novas fórmulas de ofertar empregos, ações de assistencialismo, e inauguração de novas unidades de saúde. Passadas as eleições – e não importando o resultado delas; tudo passa a não funcionar como o “previsto”. Tal como a brotoeja infantil que brota no verão, e com tratamento (ou não) vai embora com a chegada do outono.


Educação!? Para que educação !? Se a ciência subjugou a sabedoria, de que nos serve a nós, ou àqueles que usam nosso cabedal de conhecimentos em proveito próprio, informar nossas futuras gerações? De que serve todo este vasto conhecimento, se não nos for concedida igualmente a sabedoria para usá-lo em proveito de todos? Quando os poderes instituídos por nós mesmos vandalizam e apagam a nossa memória, como fizeram ao autorizar a demolição da Casa Wolney, e nós dizemos com um pequeno aceno de cabeça: “que pena!”; estamos aceitando, nos submetendo e até estimulando a lavagem cerebral nossa de cada dia. Acomodação ou covardia, como se concluíssemos que ninguém pode nos tirar aquilo que não temos...


Vários governos autoritários recentes, não só são tão (ou mais) violentos contra os dissidentes, como também, tentam disfarçar seus desmandos sob a égide de uma pretensa “ordem pública”. Luís XIV – rei da França pelo menos teve a decência de mandar gravar em seus canhões – a guisa de aviso; a divisa latina: “ULTIMA RATIO REGUM” (O último argumento dos reis), e isto que ele fazia parte de uma dinastia de reis absolutistas, ou seja, com poderes absolutos e não passíveis de contestação e questionamento. Nós civilizados e modernos, nem aviso merecemos. Se levarmos em conta que a violência chegou até mesmo a algo que é inerente à condição humana – a liberdade de pensamento – o que mais nos resta?


Pensem leitores! Ou por outra, melhor pensar, mas não verbalizar seus pensamentos... O que nos resta? O que ainda nos faz humanos, se deixamos e até compactuamos com aqueles que nos roubam tudo que nos faz sermos dignos de assim sermos chamados: humanos!?


Sugiro que voltemos aos tempos da Roma Antiga, vamos todos para um Coliseu, com cadeias nos tornozelos, as poucas e frágeis armas que ainda nos permitem, a nós pobres idiotas e despossuídos. E antes de enfrentar os leões que sairão famintos de suas jaulas para nos atacar, dilacerar , e nem sequer aproveitar da nossa carne como alimento, pois somos para estes animais menos apetecíveis do que a carniça, façamos uma derradeira reverencia aos nossos algozes! Nós os escolhemos, alimentamos e bajulamos para que chegassem onde estão. E juntamente com a reverencia dada - antes de lutar por uma derrota certa e inevitável; vamos imitar aqueles gladiadores, mais valorosos e decentes que nós, e dar o derradeiro brado:


Ave, Caesar, morituri te salutant!


Salve Cesar, aqueles que vão morrer te saúdam!


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