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ROSHA HASHANÁ – Ano Novo Judaico – 5771


O aniversário do mundo. Por Beth Michel


O mês (*) de Tishrei é o sétimo no calendário judaico. Isso pode parecer estranho, pois Rosh Hashaná, o Novo Ano, é no primeiro e segundo dia de Tishrei. A razão é que a Torá fez o mês de Nissan o primeiro do ano, para enfatizar a importância histórica da libertação do Egito, que aconteceu no décimo quinto dia daquele mês, e que assinalou o nascimento da nação judaica.


Entretanto, de acordo com a tradição, o mundo foi criado em Tishrei, ou mais exatamente, Adam (Adão) e Chava (Eva) foram criados no primeiro dia de Tishrei, que foi o sexto dia da Criação, e é a partir deste mês que o ciclo anual se inicia. Por isso, Rosh Hashaná é celebrado nesta época.


(*) Calendário lunar, sendo, portanto uma data móvel, este ano o primeiro dia do Rosha Hashaná cai no dia 8 de setembro e o último no dia 10.


O primeiro dia de Tishrei, que é o primeiro dia de Rosh Hashaná, jamais pode cair num domingo, quarta ou sexta-feira. Historicamente, entretanto, o primeiro Rosh Hashaná foi numa sexta-feira, o sexto dia da Criação. Neste dia, Deus criou os animais dos campos e das selvas, e todos os animais rastejantes e insetos, e finalmente - o homem. Assim, quando o homem foi criado, encontrou tudo pronto para ele.


Os sábios viram nisso a ordem da Criação, como a consideração do bom anfitrião que, antes de convidar um hóspede de honra, coloca a casa em ordem, prepara as lâmpadas mais brilhantes, uma refeição deliciosa, etc., para que seu convidado encontre tudo preparado. Mas também vêem nisto uma profunda lição: se o homem é merecedor, é tratado como um convidado de honra; se não o merece, dizem-lhe: "Não fique orgulhoso de si mesmo; até um inseto foi criado antes de você!"


Significado – Dia da Memória


O Dia do Ano Novo judaico não é apenas uma ocasião de alegria, mas, um dia dedicado à oração. É chamado Yom Hazicaron (Dia da Memória) - quando todas as criaturas são julgadas pelo Criador de acordo com seus méritos.


Devemos lembrar que o Supremo Juiz do Universo é bondoso e misericordioso. Seu propósito não é punir. Deus apenas quer que sigamos as Leis e regulamentos que Ele nos impôs para nosso próprio bem.


Durante o mês de Elul, com a aproximação de Rosh Hashaná, tomamos a resoluta determinação de corrigir qualquer mal feito ou hábito descuidado do passado. Um sentimento toma conta do coração do verdadeiro arrependido, como se removesse um fardo pesado do passado. É o sentimento de poder recomeçar a vida como uma criança recém-nascida, sem máculas nos seus registros. São estes os sentimentos que o judeu traz à sinagoga na primeira noite de Rosh Hashaná. Ele se encontra próximo a Deus, e as orações vem da sua sincera vontade de retornar ao Criador.


É também uma ocasião onde obtém mediante um ritual especial a Anulação de Promessas. O ritual anula qualquer promessa não cumprida por esquecimento ou força maior. É realizada antes de Rosh Hashaná para que o ano novo reinicie sem conexão com qualquer falha do passado. É realizada na sinagoga após Shacharit (a Prece Matinal\. Esse texto deve ser dito (na véspera de Rosh Hashaná, antes do meio-dia) perante três homens (de preferência perante dez), que são considerados "juízes":


Saudação de Ano Novo


Em Rosh Hashaná, após a prece da noite, cumprimentamos todos falando: Leshaná Tová Ticatêv Vetechatêm (que sejas inscrito e selado para um ano bom). Que geralmente se resume simplesmente dizendo: Shaná Tová. Ao proferir isto, é como se pudéssemos ver os três grandes Livros Divinos abertos perante Deus: o Livro dos Justos; o Livro dos Perversos e o Livro dos Medianos - onde é provável que nos encontremos, com nossas boas e más ações quase se equiparando. Apenas uma mitsvá


(**) a mais e a balança penderá a nosso favor.

(**) Mitsvá = mandamento - ou ação de mandar, ou obedecer a uma ordem (mandamento)


Simbolismo dos Alimentos


Vários alimentos simbólicos são ingeridos na refeição da primeira noite de Rosh Hashaná, e um pedido é recitado para cada alimento. Este costume é baseado em um ensinamento talmúdico: "Presságios são significativos; por isso cada pessoa deveria comer no início do ano: abóboras, beterrabas, tâmaras e alhos-poró."


Maçã - Mergulhamos uma fatia de maçã doce no mel, recitamos a bênção da fruta e falamos: "Possa ser Tua vontade renovar para nós um ano bom e doce ".


Chalot - As chalot (espécie de bolachas) servidas em Rosh Hashaná são redondas, símbolo de continuidade e eternidade, como o círculo que não tem começo nem fim; sem ângulos, nem arestas, um pedido para um ano sem conflitos. Costuma-se mergulhar o pão no mel em vez do sal habitual, em todas as refeições desde Rosh Hashaná até o sétimo dia de Sucot.


Mel - O valor numérico da palavra "dvash" (mel) equivale ao valor de "Av Ha'Rachamim" (Pai Misericordioso): assim o mel representa a esperança de que a sentença decretada pelo Supremo Juiz seja amenizada pela Sua compaixão


Frutas e alimentos especiais - É costume comer carne e vinho doce ou qualquer bebida doce nesta refeição, para ter um ano farto e doce.

Na segunda noite de Rosh Hashaná, imediatamente após o kidush, costuma-se ingerir uma fruta nova, a primeira vez que comeríamos nesta estação, a fim de pronunciarmos a bênção de Shehecheyánu. Há quem costume recitar uma prece especial (Yehi ratson) antes de ingerir qualquer um dos seguintes alimentos. Conforme o costume Chabad, Yehi ratson só é recitado ao ingerir a maçã com mel. Os sefaradim colocam no centro da mesa uma cesta (Traskal) contendo diferentes espécies de frutas que contém muitas sementes, para que as boas ações sejam numerosas no ano vindouro; além de alimentos especiais entre os quais maçã, alho poró, acelga, tâmara, abóbora ou moranga, feijão roxinho, romã, peixe e cabeça de carneiro (que pode ser substituída por língua de boi ou cabeça de peixe).


Antes de ingerir cada um dos nove alimentos recita-se um "Yehi Ratson" especial:


Alho-Poró - Possa ser Tua vontade que sejam exterminados Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal;


Acelga - Possa ser Tua vontade que sejam removidos Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal;


Tâmara - Costuma-se ingeri-la para que acabem nossos inimigos (em hebraico, yitámu, parecido com tamar). Possa ser Tua vontade que sejam consumidos Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal;


Abóbora, moranga ou cenoura - A palavra "mern", em yidish, pode ser traduzida como "cenoura" e também como "se multipliquem". Por isto comemos cenoura - para que os méritos se multipliquem. Possa ser Tua vontade que o decreto ruim de nossa sentença seja rasgado em pedaços, e que nossos méritos sejam proclamados perante Ti;


Feijão roxinho - Possa ser Tua vontade que nossos méritos se multipliquem;


Romã - Costuma-se ingerir em sinal para que aumentem nossos méritos como os caroços da romã. Há uma explicação que a romã possui 613 caroços - o número das mitsvot da Torá: Possa ser Tua vontade que nossos méritos cresçam em número como [as sementes] da romã;


Peixe - Possa ser Tua vontade que nós nos frutifiquemos e nos multipliquemos como peixes; e cuida de nós com olho aberto [atentamente]


Cabeça de carneiro, língua ou peixe com cabeça - Costuma-se ingerir um destes alimentos para que sejamos cabeça e não cauda: de carneiro, para lembrar o mérito do sacrifício de Yitschac que foi substituído por um carneiro; e de peixe, para que o ser humano se multiplique como os peixes: "Possa ser Tua vontade que sejamos como a cabeça e não como a cauda".


Ingredientes que devem ser evitados - Não se come nada temperado com vinagre em Rosh Hashaná ou raiz forte para não ter um ano amargo. Nozes também não devem ser ingeridas nestes dias. Um dos motivos é porque as nozes provocam pigarro que pode atrapalhar as orações do dia; outro motivo é que o valor numérico da palavra egoz (noz) corresponde ao da palavra chet (pecado) sem o alef.


Deixamos aos leitores/eleitores uma mensagem do mestre de kabbalah Yeuda Berg para este novo ano judaico que se inicia, diz ele: - "Estamos agora numa época fundamental para plantar sementes. Isto acontece com cada palavra e ação, que tem, cada qual, um efeito correspondente. Nós temos que prestar atenção à maneira que plantamos – como falamos, o que fazemos, como fazemos – a fim de termos uma colheita melhor no ano que vem.


Cuidar do nosso crescimento espiritual não é diferente de ser um fazendeiro: há uma época para plantar, uma época para nutrir as sementes, uma época para colher e uma para deixar a terra descansar.


Durante o próximo mês de Libra, que no calendário kabbalístico começa nesta quinta-feira, é a época em que cuidamos do campo. Nós precisamos regar o campo. Temos que remover os insetos e quaisquer outras coisas que impeçam o crescimento das nossas sementes. E daqui a cerca de um mês, nós começaremos a colheita.


Um fazendeiro pode resolver não plantar, mas aí ele precisa saber que depois não terá nada para colher. Da mesma forma, se não utilizarmos esta época da melhor maneira possível, nós não iremos usufruir dos melhores frutos durante o ano.


Há outras janelas cósmicas, épocas que nos dão uma oportunidade de ‘modificar geneticamente’ algumas das sementes que plantamos. Mas isto é para depois...


Imagine se todos nós, mesmo que fosse apenas nesta semana, pudéssemos enxergar nossos motivos e suas repercussões antes de falarmos e agirmos. Aí então poderíamos mudar o modo como fazemos as coisas. Se retirarmos o ódio, a inveja e a negatividade do nosso ‘campo’, aí o Criador removerá os obstáculos imprevisíveis da colheita deste ano."


Mazel Tov e Shaná Tová ( Boa sorte e feliz ano novo)

Shalom

Beth Michel


Caso o leitor deseje mais informações o site: www.chabad.org.br tem matérias curtas, mas bastante acessíveis ao público leigo.


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