Na manhã desta terça-feira fui ao Lixão da Bahia Formosa, acompanhado de um ambientalista e engenheiro civil, bastante conhecido na região. A visita foi motivada por uma série de denúncias que recebi dando conta de que a prefeitura de Cabo Frio, através da Secaf, continuava vazando grande quantidade de lixo orgânico naquele local.
Como se sabe, o lixão está instalado em área de preservação ambiental e estaria desativado por conta de um Termo de Ajuste de Conduta – TAC, assinado pelo Município com o Ministério Público Estadual. No documento, a Prefeitura de Cabo Frio se comprometeria a parar imediatamente o despejo de lixo no lugar e também a recuperar a área degradada.
Mas ao contrário, o que se vê no local são montanhas de lixo e pessoas pobres disputando com urubus e com moscas os restos de comida, de carnes e de frutas estragadas. Um verdadeiro atentado à cidadania e à dignidade humana.
Degradante é o mínimo que se pode dizer sobre a condição das dezenas de pessoas que catam lixo ali. É também degradante a situação dos operadores das máquinas (uma Retro-Escavadeira e um Trator de Esteira) que trabalhavam a todo o vapor.
Merece registro o nervosismo explicitado na reação truculenta do representante da Secaf. Extremamente hostil e ameaçador, por telefone, o senhor Adilson (tenho gravado o número do celular dele), afirmou textualmente que o funcionário responsável pelo portão de acesso ao lixão (identificado como Gomes), seria sumariamente mandado embora da Secaf. O crime cometido? Ter permitido a entrada de pessoas estranhas ao interior do lixão.
A bem da verdade, vale ressaltar que o citado funcionário tentou impedir o nosso acesso. Ele chegou a sinalizar, da guarita onde estava, mas seguimos um caminhão que entrava. E só paramos, cerca de 500 metros depois, já junto às pessoas que catavam lixo.
Ocorre que as mesmas fontes que informaram em relação ao funcionamento do lixão, também informaram que qualquer carro estranho era terminantemente barrado no portão de entrada, daí termos “pegado uma carona” no caminhão que chegava, abarrotado do lixo.
Diz-se que uma imagem vale mais que mil palavras. As fotos tiradas no Lixão de Bahia Formosa são, sem trocadilho, o retrato fiel do descaso do governo municipal com o meio ambiente, com as instituições (nesse caso com o MP com quem teria firmado o TAC) e, sobretudo, com aqueles seres humanos que se alimentam do lixo. Aquelas pessoas se alimentam com o que sobra dos urubus, dos cães e das moscas não porque gostem, mas porque na cidade de mais de R$ 1 milhão por dia, falta emprego, falta trabalho, falta programa social sério, falta amor às pessoas, falta respeito ao dinheiro público. Falta, enfim, vergonha na cara.
Sim, vergonha na cara senhores governantes de Cabo Frio!
Com a palavra o Ministério Público Estadual.
Comentários
Postar um comentário