Segundas e terças feiras são especiais para mim. Dou aulas de inglês para duas turmas de engenheiros de uma grande empresa internacional de petróleo e , para tal, tenho que acordar muito cedo. Enquanto vou me preparando, ligo minha TV ali nos canais inferiores, entre o dois e o quatro para ouvir as novas desgraças brasileiras nas vozes semi-analfabetas dos sensacionalistas engravatados apresentadores da televisão aberta. Primeiro vimos o sensacional trabalho da imprensa que desbarata verdadeiras quadrilhas de falsificadores de documentos, ladrões de cheques e afins, através de magnífico trabalho de uma “produtora” travestida de Mata Hari moderna que arma verdadeiras arapucas para os bandidos. Só não se sabe se a corajosa equipe da reportagem entregou todo o fruto de seu trabalho de investigações, as fotos, gravações e armadilhas bem sucedidas, à polícia, ou se , para demonstrar sua capacidade, apenas alertou aos bandidos que foram “trabalhar” em outras áreas. Mas que ficou bonito, isso ficou!
Depois veio aquela de ontem , mesmo, quando um grande repórter visita o local onde foi encontrado o corpo daquela pobre e linda moça vítima do assassino tarado de São Paulo. Ali o valoroso repórter conseguiu encontrar um par de sapatos que a vítima deixara no local e que passara desapercebido pelos peritos criminais. Mas, inacreditavelmente, absolutamente por acaso, o tal repórter flagrou crime ambiental da mesma importância: pois os incompetentes serventuários da justiça lançaram na mata, no local onde se encontrava o corpo da vítima, junto dos sapatos dela, que não lhes chamou a atenção, três ou quatro pares de luvas cirúrgicas que usaram no desempenho de suas atribuições profissionais.
A última notícia que consegui assistir foi uma bobajada sobre o movimento dos advogados (ou seriam adevogados) lutando para conseguir banir o traje completo (terno e gravata) pelas altas temperaturas que ocorrem em nossas cidades no verão (se esquentar mais, será que eles entrarão nus no fórum?). Foi quando um dos entrevistados , dito Advogado, disse “É terrível no verão. A gente SOA em bicas!”. Aí eu não aguentei mais, meus amigos. Desliguei, arrependido a máquina de fabricar big brother e outras idiotices e fui trabalhar. Fui SOAR minha camisa, enquanto aquele rábula da TV deve estar, cheio de orgulho, polindo seu anel vermelho de vergonha.
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