Pular para o conteúdo principal

Eleições em Cabo Frio, segundo conceitos. Incógnita B.


Por Dr. Marcelo Paiva Paes

Ao longos dos artigos que escrevi, busquei mostrar como as realidades partidárias podem interferir nas decisões municipais. Isto se deve ao modelo eleitoral brasileiro, pois nele o candidato deve obrigatoriamente pertencer a um partido, pois não há candidaturas independentes. Agora vamos analisar o quanto a máquina municipal pode interferir nesta equação.

Antes vamos definir melhor o que é esta “máquina”.

A Máquina como um Banco:

Como grande contratante de bens e serviços, o município possui uma carteira de empresários que com ele negociam, estes empresários são, via-de-regra, financiadores da campanha.

Neste sentido a máquina funciona como se fora um banco, alguns prefeitos chegam mesmo a reter o pagamento destes prestadores de serviço, e depois enviam porta vozes para negociar a liberação do pagamento. Esta liberação pode ser feita quando se acorda um valor a ser repassado para a campanha do candidato que o prefeito apoia. Este é lado banco da “máquina”. É a máquina corrompida sendo levada para o interesse particular.

A Máquina como Política Partidária

Em campanha o candidato faz algumas alianças partidárias, estas alianças se estabelecem preferencialmente por dois tipos de interesses:

1 – Financeiro – paga-se uma quantia ao presidente do diretório regional do partido. Isto é muito comum nos partidos chamados nanicos, e mesmo em alguns de expressão média, como o PTB.

2 – Político – O partido que se coliga ao candidato propõe algumas políticas públicas formam sua plataforma, quando o candidato se eleger este partido apresentará quadros que poderão levar à cabo as ações que motivaram aquela aliança. Esta possibilidade de nomear pessoas ligadas às políticas propostas na campanha, costuma atrair partidos.

A Máquina como Política Social

Como é um grande contratador de bens e serviços, a máquina pode fazer obras em locais de grande densidade de votos, pode abastecer de medicamentos postos e hospitais, pode contratar médicos para atender em áreas carentes, pode construir escolas, pode enfim fazer uma série de intervenções diretas nas comunidades que possuem grande coeficiente eleitoral. Isto, evidentemente, carreia votos para o seu candidato.

A Máquina como contrador de pessoal

Mesmo proibida por Lei eleitoral de fazer contratações alguns meses antes das eleições, muito municípios criam “situações de emergência” para contratar pessoal. Além do que, é sabido que as prefeituras estão “inchadas” de funcionários. Nas eleições passadas, por exemplo, presenciamos em Cabo Frio uma grande contratação temporária por conta da dengue.

A Máquina como Ilusionista

As estruturas de propaganda contratadas pela máquina tem um profundo desapreço pela verdade e um grande apreço pelo marketing. Em um determinado momento da vida da máquina, eleger o seu sucessor passa a ser o sinal de sucesso. Ou seja, ela se volta exclusivamente para a eleição, como se o fato de não eleger o sucessor fosse sinal de fracasso. Assim começa uma série de produção de promessas, maquetes de obras são construídas, convênios prometendo recursos do estado e do governo federal são assinados, postos de emprego são prometidos, e etc. Nada disso se concretizará caso o candidato ganhe, mas a ilusão de verdade faz com que muitos eleitores acreditem. Isto, evidentemente, transfere votos.

Bem, em Cabo Frio Marcos Mendes não é candidato à reeleição, isto, por si só, já enfraquece um pouco a máquina.

Como “Banco” ela será menos usada do que para na eleição passada, por dois motivos:

1 – O ministério público, ainda que acometido de letargia profunda em Cabo Frio, está de olho. A realidade jurídica a que Marquinho está submetido em função do grande uso bancário da máquina para a sua reeleição o ronda há dois anos.

2 – Indo embora, e sem ter um candidato realmente seu, as certezas que Marquinho tem pela frente são pequenas. Sem ser para si, do ponto de vista das eleições, o uso particular do banco é mais garantido

Como “Politica Partidária” Marquinho goza de muitas desconfianças, pois não sabe fazer política. Quem sempre fez política para ele foram os outros. Nas suas duas eleições, por exemplo, eu agi, sem conhecê-lo bem, mas a pedido do Andinho, de forma decisiva. Na eleição de 2004 levei o PSDB do Rio a liberar o PFL do acordo que havia para garantir o candidato a vice nas cidades do interior do estado aonde o PSDB tivesse candidato. Pois uma aliança na cidade do Rio de Janeiro colocava o deputado Otávio Leite de vice na chapa que tinha César Maia como candidato a prefeito, por “dar” o Rio de Janeiro para o PFL, o acordo garantia que no interior o PSDB colocaria o prefeito e o PFL o vice. Mas, como dizia, desobrigado deste acordo, o PFL descartou a coligação com Paulo César, pois naquela época o então presidente da ACIA, Adelício, era do PFL e era o seu candidato a vice. Além de agir no PSDB liberando o acordo, eu ainda conversei com o Adolfo Homem de Carvalho e com o Rodrigo Maia indicando a coligação com o Marquinho. O Andinho chegou a me ligar algumas vezes de madrugada, pois recebia visitas nas horas mais inoportunas em sua casa de pessoas ligadas à Marquinho e do próprio Marquinho, aflitos e ansiosos para terem a garantia de que o PFL seria liberado pelo PSDB. Esta liberação dividiu o partido e quebrou a candidatura de Paulo César a poucos meses da eleição. Lembro-me que na época Marquinho ganhou por uma margem muito estreita de votos, com certeza a fragilização política da chapa Paulo César – Adelício ajudou nesta magra vitória. Nas últimas eleições também tivemos que fazer política pelo Marquinho, já a expliquei em outros artigos, mas uma coisa é curiosa: o PT dizia que queria Marquinho em seus quadros, mas não queria o seu grupo de candidatos à vereador, em algumas conversas que tive com o então dirigente do partido em Cabo Frio, Alfredo Barreto, ele me dissera que já havia sido inclusive vereador com as pessoas que Marquinho queira levar com ele, e, portanto, os conhecia o suficiente para não permitir que eles entrassem no PT. Esta conversa foi pública, e outros a conhecem bem. Além disto, o próprio Marquinho e seu grupo consideravam um risco ir para o PT, pois, segundo ele, o partido em Cabo Frio era um partido pequeno, e ele precisava do PSDB que gozava de um prestígio maior na cidade. Eu não tinha nenhum projeto pessoal, e jamais dirigi o partido com este norte, tanto que o PSDB estava livre para receber qualquer filiação. Mais uma vez, quando Marquinho não tinha para onde ir, pois havia sido humilhado no PMDB, nós o acolhemos no PSDB.

O fato é que pela fraqueza política do Prefeito, a Máquina como estrutura partidária ajudará pouco nas próximas eleições, sua força estará na vontade de Paulo Melo em fazer política para Marcos Mendes, porque Marcos Mendes em si, não sabe nem por onde começar a conversar com alguém. Paulo Melo é forte? Sim. Mas tem outras pedreiras a quebrar, e isto há de consumi-lo um pouco.

Como “Política Social” nada de novo foi apresentado à população até agora, é possível que nestes anos que faltam algumas obras aconteçam, bem como a criação de alguns projetos de transferência de renda (um bolsa família cabofriense). Mas o tempo de desgaste de Marcos Mendes foi muito grande, sua exposição negativa foi intensa, e no imaginário das pessoas já reside uma certeza de ineficiência da máquina, bem como de uso particular dos seus recursos financeiros. Acho improvável que a população se esqueça disto, e acho que não haverá recursos suficientes na campanha para reverter isto.

Como “Ilusionista” a máquina sempre funciona, pois mentir é fácil para a turma que comanda a mesa diretora do Poder Executivo. Mentiras nascem e são propagandeadas aos quatro ventos, o blog do Professor Chicão tem colocado a quantidade de ilusões propostas na última campanha. Para além das mentiras de projetos e etc., existe a mentira do “candidato da máquina”. Qualquer que seja o candidato da máquina será um candidato oriundo de uma mentira. Pois a verdade é que Marquinho não tem candidato, seu candidato natural já não está entre nós e ele, Marquinho, se confiar, confia apenas em mais uma ou duas pessoas que com ele jogaram Futsal quando garoto. Como Élcio e José Ricardo. Ou seja, a máquina não passa para as suas engrenagens nenhum candidato de confiança. E isto a fragiliza até mesmo na sua possibilidade de iludir.

Portanto, o fecho da história é a seguinte. A máquina de Cabo Frio hoje influencia de forma mediana na campanha, fraco politicamente Marquinho pode utilizá-la como banco e como fonte de ilusão, mas mesmo assim, como banco e fonte de ilusão, algumas dificuldades existem, e foram descritas acima.

Então, em Cabo Frio, um bom acordo político entre partidos pode ser decisivo, se a ele somar-se o carisma estas eleições devem definir-se independentemente da incógnita “B”, ou seja, da máquina.

Amanhã avaliares o carisma, e com isso fecharemos a avaliação das várias incógnitas que interferem no processo eleitoral.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Entrevista com o Presidente do PMDB de Arraial do Cabo

O Blog Cartão Vermelho teve a oportunidade de entrevistar o Presidente do PMDB de Arraial do Cabo, Davison Cardoso (Deivinho), onde abordamos o crescimento do partido na cidade, a reeleição do Prefeito Andinho (PMDB), e sobre a bancada na Câmara Municipal de Arraial e suas votações, claro principalmente sobre as últimas e polêmicas votações do vereador Renatinho Vianna (PMDB). Blog Cartão Vermelho - Qual o quadro atual do PMDB em Arraial do Cabo? Deivinho - O quadro atual é excelente, reelegemos o Prefeito Andinho com uma votação maciça. Andinho é detentor de um desempenho histórico e nossa bancada na Câmara Municipal goza deste prestígio por conta de também ter sido eleita com uma votação expressiva. Blog Cartão Vermelho - Mas os noticiários dão conta que a situação do Vereador Renatinho Vianna dentro do partido seria insustentável devido ao voto favorável a Abertura de uma CPI proposta na Câmara, isso é verdade? Deivinho - O vereador Ren

DISCOS VOADORES - EVIDÊNCIAS DEFINITIVAS.

No dia 10 de abril, das 15h às 19h, acontecerá a palestra “Disco Voadores – Evidências definitivas” no Teatro Municipal de Araruama, quem vai reger a conferencia é Marco Antonio Petit que é co-editor da revista UFO, autor de seis livros sobre o assunto e um dos principais responsáveis pela Campanha “UFOs – Liberdade de Informação, Já”, que já conseguiu liberação de centenas e centenas de páginas de documentos oficiais da Força Aérea Brasileira sobre a presença dos OVNIs no espaço aéreo de nosso país. As inscrições custam R$ 5,00(cinco reais) e pode ser feito no local e dia do evento, a partir das 14h30min. Alguns dos temas que serão abordados: *A Presença alienígena no passado histórico e pré-histórico *O sentido das abduções *A mensagem espiritual do fenômeno UFO *O Programa Espacial e a Presença Extraterrena *A Campanha “UFOs – Liberdade de Informações, Já” *Contato Final – O Dia do reencontro O evento será ilustrado com farta documentação, incluindo fotograf

8º Fórum permanente da sociedade civil.

No dia 30 de março, às 18 h, será realizado o 8º Fórum permanente da sociedade civil. O Fórum será realizado pela OAB de Cabo Frio em parceria com o movimento Viva Lagos. O Fórum será realizado na sede da OAB, que fica na Rua José Watz Filho, 58 – sala: 209, centro Cabo Frio. Por falar em OAB, o convidado do programa Cartão Vermelho desta quarta-feira, às 14h ao vivo, será o presidente da OAB de Cabo Frio, Dr. Eisenhower Dias Mariano.