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A Irmandade – Parte I. Por Marcelo Paiva Paes.


As articulações em torno da possível renúncia do prefeito em favor da candidatura do seu irmão Carlos Victor tem pelo menos quatro leituras. Sinto-me tentado a discorrer sobre isto porque comecei a falar desta hipótese quando eles talvez ainda nem pensassem nela, tanto que quando falava dela com outras pessoas, achavam que eu estava entrando em uma espiral de devaneios.

Vamos analisar o que esta articulação demonstra. Porém, como existem várias leituras, farei de forma segmentada, em quatro ou cinco partes.

PARTE 1 –Numa Fria.

Em primeiro lugar, esta articulação demonstra claramente a fragilidade política de Alfredo Gonçalves. Lembro-me de uma conversa que tive com ele no Teatro Municipal de Cabo Frio logo depois das eleições para a presidência da Câmara municipal, disse a ele que aquela era a sua grande chance de construir uma terceira via de poder em Cabo Frio, e que na verdade as pessoas esperavam isto dele. Ele me dizia que construiria esta alternativa. Disse-me do desconforto que teve várias vezes ao tentar falar com o Prefeito e não ser recebido, e disse que não se esqueceria disto. Eu mesmo cheguei a vê-lo fazer o gesto tradicional de fingir dar um chute (que na verdade quer ser dado) na porta da ante-sala do prefeito quando a secretária Vanuza não o deixava entrar. E se eu, que pouco fui à prefeitura, presenciei esta cena, quantos também não presenciaram? Certamente muitos.

E estes muitos sabem, portanto, que não há afinidade política entre o hoje candidato do prefeito e o prefeito. Sendo assim, Alfredo mostrou uma imaturidade política ao não perceber que estas coisas não se empurram pela garganta, se ele tivesse mesmo a vontade de ser o candidato do prefeito, deveria ter conquistado os membros da “República do Futsal”, pois são eles a base do apoio e da amizade sincera do prefeito.

Devo fazer aqui um paralelo, quando empurrei pela garganta do prefeito o meu nome como candidato a vice-prefeito na na chapa do PSDB, era exatamente para demonstrar nosso distanciamento, e não porque queria ser visto como um dos seus, todos sabiam disto, todos viam isto, e, certamente, todos me odiaram muito por isto naqueles dias. E porque digo isto, para afirmar que ao empurrar sua candidatura pela goela de Marquinho, Alfredo estava empurrando seu nome para fora.

Na realidade Alfredo se transformou em um pingüim, menos pelo fato de ter entrado em uma fria, e mais porque sendo uma ave de asas atrofiadas o pingüim não pode usá-las para voar, elas na verdade funcionam como nadadeiras, e, ao contrário de alçá-lo ao ar, empurram-no para as profundezas do oceano. Não há aqui nenhuma segunda intenção com o bizarro vilão, chamado Pingüim, da história do Batman, ainda que outros talvez queiram fazer esta analogia.

Mas, como dizia, a articulação sobre Carlos Vitor é uma das muitas demonstrações de que Alfredo, como um pingüim, voa em direção ao fundo. Perdeu identidade, não conseguiu construir uma terceira via de poder, e achou que as benesses das portarias e das nomeações, que, mesmo quando ele indica, cabem ao prefeito, iriam transformá-lo em uma liderança palatável. Não soube articular uma terceira via e preferiu cair no colo confortável do poder. Não conhecia os espinhos que agora está sentindo ferirem-lhe o corpo. Ou seja, Alfredo está ilhado, e sua única companheira, é a promessa de Paulo Melo em apoiá-lo para uma candidatura a prefeito. Mas a promessa não é de construir sua candidatura. Ou seja, é como se ele tivesse a promessa de um motor de popa para sair da ilha, mas não tem o bote. E pior, talvez ele até tenha a promessa do bote, mas quem teria prometido o bote é Marcos Mendes, aí...

O fato é que a primeira leitura que temos a fazer desta articulação é que o Chefe de Gabinete do Prefeito não conseguiu decolar nas bases do governo, e deve acabar desacreditado. Mas sua personalidade terá muita dificuldade em fazê-lo aceitar o erro que cometeu, ele ainda vai dar muito trabalho ao Prefeito, ainda vai cobrar o compromisso do Paulo Melo, ainda vai tentar garantir que é capaz de cumprir acordos, e etc. Mas, certamente, quando encontrar-se consigo mesmo no silêncio da noite, ou na solidão da consciência, haverá de esbravejar para si próprio. E enquanto esbravejar, há de gritar, em surdina, os mesmos impropérios que gritava, e que outros ouviam, quando era barrado na porta da ante-sala do prefeito. Porta por que hoje ele passa, mas não passa o seu futuro.

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