Abro este artigo de hoje com uma inquietação que nada tem haver com o artigo em si: Alair pode surpreender em breve com a escolha do seu Partido político. Joguem as cartas. Eu já joguei as minhas.
Bem, vou falar sobre o comentário do professor Chicão à entrevista de Cláudio leitão. Seu blog tem insistido na tese de um marxista chamado Slavoj Zizek. Ele, o professor Chicão, enxerga em Zizek a opção por um neo-iluminismo. Não conheço bem o esloveno, dele chegaram-me alguns textos, e neles não consegui ainda perceber de forma incontestável esta opção, mas ela deve estar no cerne do pensamento racional que, em síntese, pode abrigar um mundo iconoclasta, e esta iconoclastia seria então o mundo real, não simbólico, de Zizek. Algo como o mundo das idéias de Platão, onde residiria a forma perfeita, e que estaria por trás do mundo dos sentidos.
Mas no comentário que fiz em seu Blog à entrevista do presidente do PSOL (Blog do Chicão) teci algumas críticas à retórica do partido, importada do PT, de que apenas eles seriam probos, e de esquerda. Quem não estiver com eles, não é probo, ou não é de esquerda. Por esta razão ele, Leitão, rejeita a política de alianças. Lembro que para o PT nem o Prestes era de esquerda, pois estava apoiando o Brizola, e o Brizola, para eles, era um cara de centro-direita, populista, e etc., mas, mesmo o PT, que mostrou ser mentiroso todo aquele seu discurso, se tem um Delúbio, tem também um Molon, e as diferenças são radicais, como óleo e água. Mesma diferença que se vê entre o Pedro Simon e o Jáder Barbalho, por exemplo. Quem não quer o Pedro Simon????
Bom, eu, ao contrário, penso que podemos sim nos unir em um “campo ético”. E estou seguro que há, sim, pessoas que defendem este campo em vários partidos brasileiros. Falo da ética na política pública, da ética na gestão pública, pois a sua falta é o que afinal está ferindo de morte a credibilidade da política nacional.
Pois bem, o Chicão então nos coloca a idéia de um neo iluminismo, e a meu ver, nas questões políticas, isto pode representar a construção deste "campo ético". Pois acho o iluminismo em si algo muito mais difícil de se conseguir, afinal ele enseja um renascimento das mentes e das aptidões humanas. Precisamos de muita coisa, é certo, precisamos de um novo iluminismo, é indiscutível, na verdade, precisamos de luz... sempre!
Lembro aqui as últimas palavras de Goethe, "abram as janelas para que entre mais luz"...
Lembro também o uso desta luz por Chico Buarque em sua música "Vida": "Luz, quero luz / Sei que além das cortinas / São palcos azuis / E infinitas cortinas com palcos atrás...
Enfim, vamos buscar a luz, mas vamos formar um campo ético na política. O Leitão está escorregando um pouco na velha questão do esquerdismo. Esta inversão que ele faz é perigosa, pois nas questões onde o interesse coletivo está claramente distante, como o aumento das cadeiras da câmara de vereadores, ele defende, mas a consciência da formação de alianças, a construção de um campo ético, ele ataca com a retórica de que todos, menos eles, são iguais.
Há um grande equívoco nisto, mas acredito que em breve pode-se mudar esta visão.
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