Posso estar me precipitando um pouco, mas quem se propõe a escrever sobre o cotidiano corre este risco. O que vejo no cenário atual é que o prefeito de Cabo Frio não tem mais a menor capacidade de articular politicamente nenhuma posição partidária. Enriquecido, mas provavelmente enfraquecido, Marcos Mendes é a versão tupiniquim de tantos chefes do executivo que depois de anos perdem completamente suas sustentações políticas. Sobram as coisas materiais acumuladas, mas o respeito e a honra são cuspidos para fora como detritos em um emissário submarino.
A chegada de Bernardo e Augusto Ariston ao PMDB local tem duas tacadas, uma do PMDB nacional, e outra do Picciani. O PMDB nacional deseja ver Bernardo, um deputado representativo (foi Presidente da Comissão de Minas e Energia), voltar a cena política. E Picciani faz um jogo nem tanto para fortalecer Alair, mas para enfraquecer as pretensões do grupo liderado por aquele a quem ele, Picciani, chamou de vagabundo.
A verdade é que Alfredo está no PPS e pretendia lá ficar e disputar o cargo. Mas o PMDB pode insistir em ter candidato, e pode sim tentar trazer à tona o nome do Bernardo. Se não para prefeito, quiçá para vice. O fato é que Alfredo agora está numa encruzilhada, e não foi por falta de aviso nosso. Nós sempre denunciamos que sua estratégia estava equivocada, que ele havia se diminuído, e só enxergava chances de se viabilizar apoiando-se na máquina municipal. Sempre dissemos que ele não tinha esta afinidade toda com a máquina, que seria muito melhor para ele engrandecer sua posição de presidente da Câmara, e não diminuí-la a ponto de usá-la como elemento de pressão para forçar a emissão gutural do seu nome pela traquéia do Prefeito.
Marquinho arranhou na garganta o nome de Alfredo, mas até hoje está enxaguando-a com colutórios e sprays orais cheios de antisséptico.
O fato é que após estas eleições municipais Cabral estará indo para o fim de seu mandato, e vai aguardar dois anos até a próxima eleição. Picciani, ao contrário, após estas eleições municipais estará disputando a próxima e, certamente, retornando ao mandato de deputado. Ou seja, Cabral já está pensando em não cutucar Picciani, pois dependerá das amizades que construiu para manter sua chama até a eleição para presidente, vice ou senador. Brigar com Picciani hoje por causa de Marcos Mendes significa sair rachando com muita gente para quem estará em fim de mandato na eleição seguinte. Ainda mais brigar com Picciani por causa do fraco candidato, que na verdade nem é tão candidato assim, de Marcos Mendes. Digam amigos, se vocês fossem o Cabral rachariam com o Picciani por causa do Alfredo Gonçalves? Alfredo é que se dane, não é verdade? Além destas questões existe ainda a possibilidade de Bernardo querer retornar à cena política e ser deputado federal em 2014, para isto a sua posição em Cabo frio nesta eleição é decisiva. Augusto Ariston, o pai, sabe disso, e pode preparar o PMDB local para pavimentar a estratégia de Bernardo. Nesta lógica Cabral também não iria brigar com Bernardo, que estará voltando a ser deputado nas eleições seguintes, por causa de Alfredo Gonçalves. Reparem que Picciani e Bernardo estarão voltando ao mandato em 2014, quando ele, Cabral, estará sem mandato.
Bem, Marquinho não trará partido nenhum para Alfredo, a não ser o PSB de Carlos Victor. Alfredo por sua vez ficará no PPS, o PMDB não deve apoiá-lo, apesar do Paulo Melo, mas, como disse acima, Cabral estará saindo do governo, Paulo Melo estará disputando a eleição de deputado estadual, mas o Picciani também estará, e aí... Meus amigos, eu acho que o Picciani, não vai querer o Paulo Melo de soberano no PMDB a ponto de deixá-lo fazer todos os acertos que quiser. Cabo Frio é emblemático, e Picciani sabe disto.
Pergunto novamente, será que Cabral , Paulo Melo, e Picciani vão se estranhar apenas para fazer valer um acordo envelhecido com um cara do PPS? Uma pessoa que não tem carisma e mais parece um pirulito de jiló? Sinceramente, eu não acredito. Mas, como disse, posso estar enganado. Porém, para mim, o PT, o PMDB, o PSDB, o DEM, o PDT, o PR, e o PC do B, não estarão apoiando a candidatura oficial. Aos que acham que isto é bom para Alfredo, pois a máquina ganha se houver tantos candidatos assim, eu insisto que a máquina está fraca, e não fará os mesmos esforços que fez na reeleição de Marquinho. Além disto, algumas alianças podem acontecer, o PT pode se juntar a alguém, o DEM também, o PMDB, o PR, o PCdoB, enfim, alianças podem surgir.
Neste cenário o carisma pode ser uma máquina mais importante de voto do que a máquina pública.
É uma opinião, e já disse que posso me enganar. Mas não creio.
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