Acho que o colunista James Santos equivocou-se no comentário de ontem. Primeiro por que eu escrevi um artigo sobre o preço da gasolina, artigo este que ele comentou. Mas, hoje ele diz que eu não falei da auto-suficiência do petróleo, e, de forma desnecessariamente debochada, diz que eu “deitei falação erudita”. Bem, não há um único termo erudito no meu comentário, toda a linguagem é coloquial, seja na construção das frases, ou nas palavras usadas, e, até mesmo, em alguns erros cometidos. Por outro lado quem escreveu o artigo fui eu, ele comentou, mas o artigo era meu, a pauta era minha, e não era sobre auto-suficiência do petróleo, e sim sobre o preço da gasolina. Portanto, eu não tenho que falar sobre algo que não estava na minha pauta.
Porém, como ele abordou a questão em cima dos erros corporativos da Petrobras, afirmando que o problema do preço eram os impostos, eu me estendi um pouco sobre a diferença entre o “lucro” e a “função social do produto”. Talvez tenha sido isso que ele achou ser erudito. Não é. Ele deve rever seus conceitos sobre erudição. Isto é conhecimento, conhecimento que deveria estar disseminado. E que se não está, é por falha do sistema de educação, e não porque há erudição no assunto. Mas era necessário falar destes conceitos para se entender que um produto que tem que dar lucro a três grupos distintos de empresários (produtores, distribuidores e revendedores) não pode ficar jogando a culpa do seu preço nos impostos. Ainda que, como eu dissera (tempo verbal erudito, concordo) no artigo inicial, o imposto tenha um impacto. Mas precisamos rever o lucro! Este é o tema que ninguém quer tocar, este é o tabu do qual não se fala, o lucro. Parece que ele nem existe, parece que só existem impostos. Fala-se da alta carga tributária, é verdade, mas e quanto ao lucro?! O último que falou do lucro sofreu um golpe de estado em 1964. João Goulart vinha defendendo a taxação da remessa dos lucros, e foi, como todos sabemos (não é erudição) derrubado.
Por outro lado, James Santos usou o gás em seu comentário, e disse que o governo retornava o acesso e lacrava o poço para pressionar os preços. Amigos, convenhamos, falar em pressão de preços abordando apenas o fechamento do poço, e não a absurda queima do gás, é, no mínimo, estranho. Mas talvez fosse desconhecimento. Hoje, em seu comentário, ele diz que 78% da queima já acabou. Mentira. Mas não dele, e sim da sua fonte. Ao que me parece a sua fonte são funcionários da Petrobras, e isto, como disse, macula a informação. Pois há o corporativismo. O fato é que se queima muito gás, a Petrobras mostra números em cima da quantidade de poços fechados, mas não da quantidade de gás queimado. Existem poços maiores, e poços menores.
Enfim, o fato é que não deitei falação erudita, e não falei da auto-suficiência de petróleo porque não era este o tema do meu artigo. Mas, para finalizar, digo que a auto-suficiência de petróleo é apenas uma imagem de marketing político, e não uma garantia de abastecimento. Pois, como estamos vendo, somos auto-suficientes em petróleo, mas pagamos pela gasolina o mesmo preço dos países que não o são, como França, Portugal, e tantos outros. Ou pagamos até mais caro. Nossa gasolina hoje é mais cara do que a gasolina americana. Vale perguntar: auto-suficiência do quê? Ou, auto-suficiência para quem?
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