Por Dr. Marcelo Paiva Paes
Muito se tem especulado sobre o Silas Bento, mas há quase uma unanimidade de que ele está apenas querendo negociar a sua candidatura, e que fará o que o seu mestre mandar, como diz o ditado popular. Pois bem, Silas escolheu comandar um partido ferido, o PSDB não digeriu a derrota que sofreu. José Serra passou os três anos e meio que antecederam as eleições à frente das pesquisas, e somente nos últimos três meses de campanha é que foi realmente ultrapassado. E esta derrota tem três motivos:
1° - O uso da máquina à exaustão, com obras funcionando quando já não tinham sequer orçamento, a ponto da folha de pagamento do SUS em dezembro daquele ano de 2010 só ter sido paga depois do natal, pois o orçamento da saúde havia sido remanejado para o pagamento de obras. Permitam-me explicar esta afirmação: um governo só pode pagar uma conta se ele tiver previsão orçamentária para isso, com o ano eleitoral todo o orçamento de obras foi consumido até setembro. Mas a eleição foi para o segundo turno, e aí não se podia desmobilizar os canteiros, pois as obras pagam funcionários e, melhor, enriquecem empreiteiros que contribuem para a campanha. Ocorre que para o governo colocar orçamento novo em algum ministério tem que haver aprovação do congresso, e mesmo assim tem que haver um dinheiro novo que justifique ao governo “criar” mais orçamento. Como era ano eleitoral os deputados estavam todos nas suas bases, e não havia dinheiro novo. Então, a única possibilidade do governo compor orçamento para pagar a conta de manter as obras, era retirar o orçamento de um ministério qualquer e jogá-lo naquele que se desejava, pois isto se pode fazer por decreto da presidência, e não precisa de aprovação do congresso. Então, naquele ano, o governo foi no orçamento para pagamento do SUS e realocou-o para obras;
2° - Em função deste uso abusivo de recursos na campanha muitos prefeitos e vereadores do PSDB, do PPS, do PV, e etc., foram agraciados com obras em suas bases, e simplesmente ignoraram a campanha do Serra e da Marina;
3° - Uma coligação exclusivamente interesseira de partidos, que não representava nenhuma identidade ideológica, mas apenas os interesses mesquinhos e financeiros de oligarquias políticas que controlam os partidos. O curioso é que isto se deu pela primeira vez desde a redemocratização, porque na reeleição de FHC os partidos de centro-direita estavam com ele, mas os de centro-esquerda estavam com o PT. O Lula montou, absorveu e absolveu um esquema de corrupção tão grande, que desfigurou ideologicamente as campanhas, colocando PP, PR, PRB, ou ainda, Sarney, Renan, e Maluf, por exemplo, ao lado do PT.
Neste cenário o PSDB está lambendo suas feridas, e não vai ser tão complacente com as candidaturas de 2012. Isto porque para um partido político é importante estar no poder. Afinal, na verdade, o que se disputa numa democracia capitalista é o poder, ao contrário da democracia socialista, onde se disputam as políticas públicas universais.
Pois bem, apenas por este sentido, eu já diria que as candidaturas de prefeito em cidades como Cabo Frio não serão tratadas de acordo com os interesses dos grupos locais, pois se percebeu que estes grupos são fluidos, pouco orgânicos e capazes de ignorar solenemente os interesses nacionais da legenda. Isto significa que os acordos que envolvem o ano de 2012 serão tratados no fio do bigode da executiva nacional.
Para ficar na análise de Cabo Frio, diria que ao entrar no PSDB nenhuma exigência foi feita à Marquinhos, então ele não tinha nenhuma amarra ao partido, a não ser a moral e a ética, mas moral e ética são palavras que soam e significam para Marquinhos, o mesmo que esgoto e fossa soam e significam para mim.
Por todo o exposto, afirmo que o partido é uma das razões que fará de Silas candidato. Amanhã darei as razões políticas, porque estas, mais do que as do partido, favorecem Silas Bento.
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