Por Dr. Marcelo Paiva Paes de Oliveira
Bem, o PMDB do Rio de Janeiro decidiu de forma salomônica a questão que se apresentava. E porquê salomônica? Porque sendo ligado a legenda há bastante tempo, e a tendo defendido por dois mandatos em Brasília, Bernardo Ariston é, inequivocadamente, muito mais afinado com o partido do que Alfredo Gonçalves. Afinal, Alfredo, no início de sua pretensa candidatura, acreditava inclusive que poderia ser candidato pelo PPS.
Hoje algumas pessoas ligadas a ele dizem que não, que ele sempre pensou em sair do partido, mas não é verdade. Tanto assim, que em uma reunião que tive com o deputado Roberto Freire (presidente acional do PPS), em Brasília, e esta reunião teve testemunhas, disse a ele que o PPS caminhava para ficar acéfalo em Cabo Frio. Ele, entretanto, me disse que não, disse que Alfredo seria candidato pelo PPS, e que isto era uma das condições para um possível acordo com o PMDB no estado. Disse-lhe, então, que isto não aconteceria, e perguntei-lhe se ele confiava no Alfredo para ser candidato do partido mesmo se não houvesse o acordo. Ele me disse que a princípio sim. Disse a ele que ele estava profundamente enganado, e ele me respondeu: “bem, temos que esperar para ver”. Pois agora está visto, Alfredo se filiou ao PMDB, e o Froilan, que testemunhou minha conversa com Roberto Freire, poderá me dar um ingresso para o CaboFolia. Afinal ele, o Froilan, brincou, dizendo que iria esperar para dar um passaporte do evento para aquele que acertasse no encaminhamento da questão.
Mas porquê a decisão foi salomônica? Porque Bernardo, como vimos, é reconhecidamente mais responsável pela “criança” (PMDB), e abonou a filiação de Alfredo ao partido sem prejuízos à legenda. Afinal, todos na cidade sabem que há uma disputa em jogo, e esta disputa é exatamente quem será o candidato do PMDB a prefeito. Se esta disputa incomodasse Bernardo a ponto de fazê-lo discutir esta filiação, isto poderia desgastar precocemente a legenda do PMDB, e com isso causar estragos ao partido pelo qual ele tanto lutou e defendeu com seus mandatos de deputado federal. Porém, abonando a entrada de Alfredo sem traumas, Bernardo não causa danos ao PMDB. É assim que esta história se aproxima de Salomão, pois a verdadeira responsável pela criança é aquela que aceitou o que menos maltrataria o seu filho.
O fato é que esta situação leva a decisão de quem será candidato do PMDB em Cabo Frio para o ano que vem.
Com a guarda do partido nas mãos, Bernardo tem legitimidade constituída para decidir o processo de escolha de candidaturas, ou seja, a democracia está garantida. Pois Alfredo queria que esta decisão fosse empurrada goela abaixo do povo cabofriense com o seu nome sendo ungido por uma intervenção regional. Agora não, agora o processo democrático interno se consolida, pois Bernardo, institucional e juridicamente constituído como presidente do partido, tem o condão de decidir a forma de escolha do candidato. E tenho certeza que Bernardo será bem mais democrático do que Alfredo. Afinal Alfredo, em sua trajetória, ganhou o que ganhou através de acordos de bastidores, pois a própria eleição dele para presidir a câmara passou por um acordo de bastidores no qual até o Froilan, recém saído da função de chefe do cofre da eleição municipal, foi chamado para ajudá-lo a compor este acordo.
Ou seja, sem conseguir nada sozinho, Alfredo agora terá que disputar uma convenção. Neste momento não interessa o resultado do futuro, interessa apenas, e isto é muito, aplaudir a consolidação da democracia interna no PMDB.
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