Por Pedro Nascimento Araújo
Se daqui da Serra eu vejo Cabo Frio piorando a cada dia, não tenho certeza de daí de Cabo Frio vocês estão vendo que Petrópolis está cada vez menor. Por isso, apresentarei alguns dados que comprovam o encolhimento de Petrópolis a olhos vistos.
Eu sempre comparo Petrópolis com Cabo Frio porque em Cabo Frio temos um exemplo didático de como uma má administração consegue acabar com uma cidade. Cabo Frio, que foi modelo de uso correto dos royalties provenientes do petróleo, tornou-se, sob Maquinho Mendes, modelo de mau uso: o município não apenas recebeu muito mais e fez muito menos, mas ainda conseguiu destruir o que havia, como podemos observar pela escalada de violência que a cidade vive, com 5 assassinatos nos últimos 5 dias. Petrópolis ainda não chegou nesse nível – afinal, Paulo Mustrangi está no poder há apenas pouco mais de 2½ anos. Todavia, nem por isso as más notícias deixam de se acumular aqui na Serra.
Semana passada, o Governo do Estado do Rio de Janeiro divulgou dados referentes à arrecadação do ICMS nos municípios. Esse dado é importante porque mostra a quantidade de valor adicionado que cada município gera – em outras palavras, indica a capacidade de gerar riquezas que a economia de cada cidade possui. E Petrópolis está mal, muito mal. Senão, vejamos.
Entre 2009 e 2010, Petrópolis registrou uma redução de 4,7% na arrecadação de ICMS. Em um ano no qual o Estado do Rio de Janeiro teve aumento na arrecadação de ICMS na ordem de 14%, tal número mostra o empobrecimento da cidade – não apenas absoluto, dado pela perda de arrecadação, mas também relativo, dado pelo fato de o Estado como um todo ter crescido no período.
Uma explicação poderia ser o encolhimento da economia da Serra como um todo, causado pelas chuvas, mas nem essa explicação é possível: os dados são referentes a 2009 e 2010 e a tragédia foi em 2011. Ainda assim, eis uma informação relevante: neste mesmo período, Teresópolis e Nova Friburgo tiveram aumento de arrecadação de ICMS da ordem de 20%, acima da média do Estado, o que mostra como o caso de Petrópolis é de responsabilidade 100% local. Aliás, vale lembrar que Três Rios, outro município da região, graças a uma agressiva, consistente e competente política de atração de empresas, viu sua arrecadação de ICMS crescer 58% no mesmo período no qual Petrópolis perdia 4,7%. Diante disso, não há justificativas. O que a cidade precisa é de um sincero pedido de desculpas por parte do prefeito acompanhado da apresentação de um plano de recuperação da atratividade da cidade como destino de empresas e empregos.
Evidentemente, não há como esperar isso de um prefeito tão fraco quanto tem sido Paulo Mustrangi. De fato, a administração Mustrangi preferiu creditar o mau resultado à crise econômica mundial. Ou seja, como sempre, Mustrangi tenta tapar o Sol com uma peneira. Eis um conselho: tape o Sol com uma gamela, porque somente ela será capaz de esconder os crescimentos de 58% em Três Rios, 20% em Teresópolis e 14% no Estado diante da queda de 4,7% em Petrópolis.
Há um último ponto que vale lembrar. O fato é a queda na arrecadação de ICMS tem efeitos além de mostrar que Petrópolis está encolhendo; sem embargo, tal queda também garante dias mais difíceis pela frente, pois é através da participação de cada município na formação da arrecadação do ICMS que são definidos repasses do Estado. Petrópolis detinha 2,04% desse bolo. Caiu para 2,01%. É baseado em números como os que vimos (e que podem ser obtidos na Secretaria Estadual de Fazenda) que afirmo: infelizmente para Petrópolis, é verdade que Paulo Mustrangi é o Marquinho Mendes de Petrópolis.
Pedro Nascimento Araujo é economista.
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