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Políticos Não Caem do Céu.



Por Luiz Barbosa Neves

Recentemente o noticiário nacional que tratava da corrupção na máquina federal envolvendo políticos e seus respectivos partidos foi motivo de manifestações e comentários aqui nos Jornais de Araruama.
Discutiu-se a validade dos partidos no atual contexto político, candidaturas avulsas e o perfil pessoal do candidato como modo validador do voto.

Mas de onde surgem os políticos?

De uma coisa podemos ter certeza, eles não caem do céu e apesar de muitos acharem que eles fogem do inferno, não há provas.

Uma metodologia muito usada para analisar a sociedade sobre vários aspectos é a conhecida SETORES.

O 1º Setor é o Governo e todas as relações que o compõe. Mercado e suas relações o 2º. Organizações não governamentais figuram como 3º Setor e por fim o 4º Setor, o Crime Organizado.

É grande a gestação de políticos no primeiro setor. Numa rápida passada pelo cenário político nacional encontramos vários atores políticos de destaque oriundos deste setor. A presidenta Dilma, o ex-presidente FHC, o vice-presidente Michel Temer e a maioria dos deputados e senadores. Na cidade do Rio temos um grande staff na prefeitura que cresceu nas administrações do ex-prefeito César Maia. O prefeito Eduardo Paes, o poderoso Pedro Paulo, Guaraná e tantos outros foram subprefeitos ou secretários de César antes de tentarem e conseguirem o voto. Ah, e o Sérgio Cabral né? Não! 

Cabral surgiu na política através do terceiro setor. Sua atuação, midiática é claro, junto aos jovens e terceira idade, projetou seu nome.

É cada vez maior o número de atores políticos que emergem do segundo setor. Guilherme Leal da Natura foi vice na chapa de Marina Silva. O político mineiro Hélio Costa foi da TV Globo, Franklin Martins, também global, foi ministro de Lula, mas parece não querer experimentar a dureza das urnas. Wagner Montes, Cidinha Campos e Miro Teixeira também chegaram à política através das relações do segundo setor. 

Paulo Skaff da FIESP fez um movimento com sua candidatura visando abrir caminho para a construção de um projeto de poder do segundo setor ao governo de São Paulo. Pelo que sei o projeto prevê o estágio de três eleições. Quem viver verá. Abra alguns arquivos de sua memória, com certeza outros nomes surgirão.

Já citei Sergio Cabral como oriundo do terceiro setor, porém os nomes mais emblemáticos são Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama.

O presidente da maior (?) potência mundial chegou ao cenário político dos Estados Unidos da América através do seu engajamento no terceiro setor. Inclusive foi nesse período que conheceu a mulher que viria a ser sua esposa. Reza a lenda que fez o pedido de casamento com a seguinte frase, “quer ser a futura primeira dama dos EUA?”
Obama e Michelle juntos quebraram vários paradigmas enquanto que paradoxalmente ratificaram outros na esquemática sociedade americana.

Devido à proximidade dos fatos acho desnecessário falar do Lula. Não vai aqui nenhuma falta de consideração ao nosso compatriota, ao contrário, considero Lula um dos mais brilhantes animais políticos da história do Cone Sul e o legal é que sempre encontrou tempo pra bater uma bola, fazer churrasco e torcer pelo seu time. É o cara.


Marina Silva poderia alçar o patamar de caso emblemático brasileiro, mas creio eu, perdeu o trem da história. 

Para muitos, passa despercebido o fato dos senadores Marcelo Crivella e Lindberg Farias também serem oriundos do terceiro setor.

Embora alguns autores classifiquem o quarto setor como economia informal, outros estudiosos avançaram o conceito para crime organizado. Fico com o segundo caso. Nos últimos anos o crime organizado captou com bens “duráveis” e tecnologia pirateada muitos bilhões de dólares da economia latina americana. Em contrapartida enviamos para o planeta drogas ilícitas em vários estágios de produção. Esse dinheiro obviamente não participa da economia formal, mas chamá-lo de economia informal é romantismo demais para meu gosto. 


Não vou citar nomes, mas todos conhecem principalmente pelas mídias, a atuação do quarto setor na política mundial e nacional. Nosso estado e municípios não são exceção. No Rio o poder do crime organizado gerou farto material jornalístico e inúmeros processos criminais e eleitorais. Uma representante deste setor foi eleita vereadora mesmo estando presa e um ex-secretário de segurança saiu "algemado" da Alerj onde exercia seu mandato de deputado estadual.


A ausência do poder público em vários segmentos de nossa sociedade propiciou o avanço do quarto setor.

O PCC em São Paulo se auto-intitula Partido. No Rio os vários comandos se tratam como Firmas.

A Lei do Colarinho Branco foi instituída para dar ferramentas ao judiciário no enquadramento dos poderosos do crime organizado. Mas como é dificílimo levá-los aos tribunais constatamos que a raia miúda do quarto setor é que vai parar na cadeia.

A esta altura você que está me honrando com a leitura deste texto deve estar encaixando fatos próximos nesta análise e se perguntando, e o nosso querido microcosmo chamado Araruama?


Na contra mão da experiência mundial que tem no primeiro setor o grande celeiro de apresentação de políticos que irão ter relativa importância na sociedade, em Araruama o segundo setor é que vem contribuindo decisivamente para isso.

Sei que para muitos causa estranheza o fato de ex-prefeitos e o atual deputado surgirem do segundo setor. Coincidentemente todos do ramo varejista, segmento que tem forte ligação direta com o consumidor. É natural que em algumas pessoas estes fatos gerem um sentimento confuso de repúdio e rejeição. Mas, pelo menos em tese, não há o que estranhar ou entender como artificial.

Estranho na realidade é o fato do primeiro setor desta cidade gerar atores políticos com tão baixo desempenho a ponto de mesmo em quantidade não conseguir filtrar boa qualidade. 

Também não é natural que o terceiro setor não consiga produzir nomes que alcancem na sociedade repercussão suficiente para encorajá-los a entrar na vida pública através do voto.
Espaço vazio, espaço ocupado. Está é a dinâmica da política.
É visível a incapacidade do setor público da cidade em atender as demandas da sociedade. O orçamento local exige muito mais que boa intenção e qualquer incompetência ou falta de expertise transforma fatos inclusive os corriqueiros em crise político administrativa.

Só consideramos terceiro setor as atividades constituídas dentro de normas e regras legais. A ausência delas e a inoperância do setor público dão espaço ao assistencialismo autônomo para atender ao cidadão que necessita de acesso ao poder, qualquer poder, pois como dizia Betinho “quem tem fome tem pressa”.

Quem está a pé, quem não tem remédios, tratamentos médicos etc etc etc também tem pressa.
Do fisiologismo pretensamente inócuo às relações íntimas com o crime organizado, tudo pode acontecer.
Enquanto a sociedade araruamense não conseguir mudar este quadro, dou uma sugestão para os que crêem, levantem as mãos para o céu e agradeçam o fato de nesta cidade o segundo setor ter entrado na política.

#ficadica

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