Coluna do Aléxis “Malabi” Novelino.

Morfina

Uma série de obras está sendo entregue e muitas outras estão programadas cuidadosamente, em intervalos de 15 dias aproximadamente, para que até a data da próxima eleição todas se conservem novas, com aparência de inauguração.

Nesse jogo político complexo em que a sociedade faz questão de ser o peão do tabuleiro, no melhor do estilo xadrez, defendendo literalmente o Rei, a Rainha, seus Bispos (Padres\Pastores\Cooperadores\Pai de Santo), Cavalos e suas Torres, castelos vão se erguendo enquanto o pasto cresce para alimentar o baixo clero.

Acho que, apesar de lógico, é inevitável falar que Marquinho Mendes tende a fechar com chave de ouro os seus dois mandatos, EXCETO, se Alair consagrar-se o próximo prefeito.

Marquinho tem usado o mesmo molde de Fernando Henrique Cardoso, na ocasião em que sucedeu o governo para Luís Inácio Lula da Silva, até então, um mero operário e chefe sindical. FHC optou por se manter em cima do muro, declarando timidamente apoio ao candidato da situação, pois sabia que o apelo era grande para eleger Lula e ele foi feliz em sua escolha, pois fechou com chave de ouro, apesar das privatizações.

O apoio tímido dado ao candidato da situação, que a essa altura já não se sabe quem é de fato, pode lhe render um final feliz, pois, apesar das inúmeras e consecutivas falhas.
Infelizmente, não só em Cabo Frio, mas em quase todo o país, luta-se por A ou B e não pelo local de origem e como prova real temos ainda eleitos políticos como o Sarney, o Fernando Collor e, em um grito de desabafo, personagens como o Tiriríca, que não é o único voto de protesto, se avaliarmos o cenário geral.

O fato é que uma eleição se ganha, necessariamente nessa ordem, com o poder econômico dado pela máquina pública e por empresários/profissionais ativos no sistema (poder de compra), obras entregues e, MUITO REMOTAMENTE, a ideologia.

Os fatores primários atuam quase que como uma elevada dose de morfina intravenosa, capaz de fazer adormecer até a alma e de dose em dose a sociedade vai se adaptando a esse cotidiano enigmático, afinal, todos nós conhecemos essas técnicas e muitos, infelizmente, parecem se divertir com elas, em especial, os que lucram diretamente.
Espero que um dia a sociedade compreenda que é melhor ter um sistema de saúde pública de qualidade do que um saco de cimento, de um ensino público de qualidade do que um determinado valor em dinheiro, que pode ser conquistado com o suor do seu digno trabalho, de uma segurança pública adequada do que um contrato temporário ilusório.

Talvez seja utopia, mas acredito que haverá essa necessária mudança e desejo de coração que a sociedade possa compreender que o bem coletivo estende-se ao bem individual.