Adeus eleições velhas, feliz eleição nova.
Somos uma sociedade duramente atingida pelo descrédito na justiça. Pior do que isso, somos uma sociedade que aprendeu que os ricos são absolvidos dos seus crimes, e que os pobres são condenados sem apelação.
Temos a percepção de que em nosso país reina a impunidade para os poderosos. Isto está nos levando a desacreditar na aplicabilidade da Lei do Ficha Limpa. Ocorre que o judiciário também está passando por uma faxina ética, ainda não muito vigorosa, de certo modo acanhada, mas está passando.
Esta realidade pode levar a um maior rigor na apreciação dos registros de candidaturas. Afinal, pode estar em curso o início de um processo de depuração ética da sociedade. Neste sentido um fato curioso pode acontecer: as cidades estão há quase quatro anos discutindo o cenário eleitoral de 2012, em Cabo Frio, por exemplo, os nomes são discutidos desde então. E são os mesmos nomes.
A cada novo nome que se ensaia, todos se apressam em dizer que este novo nome é apenas para negociar no futuro com alguma força da situação, ou da oposição. Assim é que se falarmos que Silas é candidato, dirão “que nada, ele só quer ser vice”, se dissermos que Mansur é candidato, dirão “que nada, ele vai fechar com Marquinhos”... E por aí vai.
Mas afirmo aqui que o verbo dizer no parágrafo acima, colocado no futuro (dirão), está no tempo equivocado. Pois a cada dia que passa o tempo do futuro do pretérito, ou seja, diriam, vai se tornando a grande estrela deste debate.
E aí a frase ficaria assim, a cada vez que dissermos o Silas é candidato, diriam “que nada, ele só quer ser vice”, com o Mansur também diriam “que nada, ele vai fechar com Marquinhos”. E isto muda tudo. Muda porque as pessoas estão começando a achar que realmente a Lei do Ficha Limpa pode ser para valer. E se isto acontecer, em um dia qualquer de julho a cidade dormirá com uma realidade de candidaturas, porém acordará com outra completamente diferente.
Como se todos estivessem sonhando um sonho que não poderia ser sonhado, e a mão de Morfeu viria para sobrepor no lugar dos sonhos impossíveis, os sonhos reais.
E isto também muda tudo. Muda porque os cenários até hoje pesquisados são os mesmos de dois ou três anos, o que quer dizer que o conhecimento que temos sobre o comportamento eleitoral da população é diverso da realidade ao qual ela estará submetida a votar. Ou seja, a população terá apenas três meses para se familiarizar com um cenário de nomes jamais pensado, e deverá decidir neste curto tempo o seu voto.
Poucos são os que se arriscam a considerar como fato real um cenário com Silas Bento, Cláudio Mansur, Bernardo Ariston, algum candidato do DEM, e outras novidades assim. E se não temos pesquisas com esta realidade, não podemos garantir que conhecemos o comportamento do povo na próxima eleição.
Enfim, acho que nossos pesquisadores deveriam começar a produzir algo de novo nos seus questionários, afinal a Lei pode ser uma grande novidade nas eleições de 2012.
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