Um Mantra Religioso na Política de Interesses
Vamos assistir em breve uma operação política que pode ser batizada de “vão-se os anéis ficam os dedos.”
O problema é que o “Plano A” do PMDB , do governo Municipal e do Paulo Melo, era viabilizar Alfredo Gonçalves. Mas isto dependia do prefeito ser honesto com o projeto, e ele não foi. Então, enquanto Alfredo era minado por Hélcio e outros, Marquinhos fingia que não via, e assim o “Plano A” ia minguando.
Percebendo que este plano estava mal das pernas, o governo e o PMDB ensaiaram um “Plano B”. Este plano, de desejo do governador Sérgio Cabral, era fazer uma dobradinha com Jânio. Ocorre que este plano também está murchando, afinal Jânio tem um teto baixo de votos, ele não possui uma condição necessária para facilitar a vida de um político, condição esta descrita por Durkheim e que se chama liderança carismática. O governo deve estar recebendo a informação que a candidatura Jânio empacou nas pesquisas, que não cresce. Então, insistir em Jânio pode tornar a eleição muito cara e mais arriscada.
Assim é que, em perigo, os líderes resolveram construir o “Plano C”. E este plano tem a seguinte ordem: DANE-SE A LEGENDA, VAMOS SALVAR NOSSOS INTERESSES PARTICULARES.
Para abençoar este plano, a exemplo da liturgia cristã, usaram o quase mantra “Hoshana nas alturas”. Ou seja, chamaram os representantes do sistema financeiro da cidade, para dar as salvas a uma aproximação entre Paulo César e o candidato mais confiável para a máquina municipal, que é Luiz Geraldo. Aliás, na liturgia judaica, Hoshana também representa bem este momento peculiar da política Cabofriense, pois significa “salve-nos agora”.
Então temos o governo arquitendo um “Plano C”. Agora vamos às perguntas: E Alair? Bem, para montar este plano, o governo dá como improvável a candidatura do Alair. Neste sentido, eles certamente chamarão o quase mantra religioso Hoshana para abençoar Alair. Para receber esta benção Alair terá que renunciar o apoio a algum outro candidato. Ou seja, Alair se retiraria da campanha, porém conseguiria tocar os seus projetos. Mas será que Alair toparia? É uma incógnita. Mas as pressões financeiras da benção podem ser irrecusáveis.
O problema é que isto levaria outros partidos a se aliarem numa candidatura alternativa, candidatura que pode ser até mesmo inventada. E se a propaganda eleitoral conseguir mostrar para o povo a armação do governo de forma clara e cristalina, a rejeição à chapa governista pode subir exponencialmente. Não seria novidade termos uma surpresa eleitoral se isto ocorresse.
Em seu livro “Ensaio Sobre a Cegueira”, José Saramago mantém uma personagem enxergando do início ao fim da história, e esta personagem é quem conduz os cegos bons a locais seguros durante toda a epidemia de cegueira. Ou seja, se alguém se mantiver de olhos abertos à armação governista e conseguir fazer o povo continuar enxergando, podemos ter novidades.
À Paulo César diria que ele deveria sair deste processo local para buscar enxergar a realidade mais de longe. Como diz o ditado, quando estamos muito dentro de uma realidade fica difícil enxergá-la. Talvez de Brasília ele possa identificar um novo paradigma político para Cabo Frio. Isto fortaleceria sua campanha, e diminuiria o risco de permitir o surgimento de um elemento surpresa, como o que aconteceu, por exemplo, em Macaé.
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