A CPI do Cachoeira e o Banho de Jânio Mendes
Uma coisa é certa, se esta CPI se arrastar muito Sérgio
Cabral estará fora de combate para as eleições deste ano. Ele vai tratar de
salvar a própria pele, e não vai ter cabeça para mexer muito os pauzinhos.
Claro que vai opinar, mas em cenários muito delicados ele não vai ter tempo
para influenciar o tanto que poderia se estivesse focado apenas nas eleições.
E Cabo Frio é um cenário delicado. Para Cabral, Jânio é o
candidato predileto. Como disse há algum tempo, acho que o PT não se
incomodaria de ceder a vice para o PMDB, afinal o PT tem hoje apenas um quadro
com mais protagonismo político, que é Eduardo Kita, e ele será candidato a
vereador, este é o foco do PT. Sem quadros para apresentar como vice, o PT
cederia ao PMDB a vaga de vice na chapa de Jânio.
Mas acontece que Jânio não está bem das pernas, ele está
estacionado nas pesquisas, e ainda que achem que se tiver tempo de televisão
ele poderia decolar, eu acho que a sua candidatura é a menos viável das que
estão na frente.
Muitos dizem que ele (Jânio) tem grupo e que isto faria a
diferença, não é bem assim em
política. Cito exemplos, Ivo Saldanha não tinha grupo e
ganhou a eleição. Dr. Aluízio em Macaé não tinha grupo e se elegeu deputado
federal beirando os 100.000 votos. Antônio Marcos em Casimiro de Abreu, não
tinha grupo, era vereador de primeiro mandato, mas se elegeu prefeito, e por aí
vamos.
O grupo pode não dizer nada, pois se este grupo é um grupo
de amigos, uma confraria, ele pode ser mais um problema do que uma solução. E
por quê? Porque se a confraria só diz amém ao chefe, ela faz com que o chefe
não perceba a realidade das ruas, e se a confraria age independentemente do
chefe, pois são amigos e o chefe não os deixaria nem quando eles tomam atitudes
erradas, ela faz com que o chefe vá perdendo substância política, pois no fim
das contas é ele, o chefe, quem disputará o voto, e a sua confraria ao longo
dos dias mais distantes tomou atitudes que o isolam e o distanciam das pessoas.
E neste cenário complexo para se identificar a realidade
sócio-política do Jânio Mendes é que a CPI de Carlos Cachoeira pode acabar por
afogá-lo no naufrágio político do governador Sérgio Cabral.
Digamos que Jânio, Paulo César, Alair, Silas Bento, Froilan,
Claúdio Leitão, Mansur, e quem mais se apresente como candidato, estejam cada
um em um barco. Eles navegam por um rio que apresenta vários afluentes à
frente, estes barcos devem chegar ao porto chamado PMDB, pois neste porto vão
embarcar uma carga preciosa chamada tempo de televisão.
O barco em que está Jânio possui como comandante um capitão
de mar e guerra poderoso, quase um almirante, chamado Sérgio Cabral. Os outros
vão navegando com oficiais de menor patente, e alguns apenas com marujos mesmo.
Mas imaginem que por uma destas fatalidades, o capitão
Sérgio Cabral opta por pegar um afluente que ele achava ser mais rápido pela
grande correnteza, mas este afluente, na verdade, acaba em uma cachoeira. Qual
o provável futuro do barco e dos seus tripulantes? ... Pois é, o fundo. Vão ter
que pedir voto para tambaquis e tucunarés, pelo menos até flutuarem novamente.
Dizem que o barco onde está Paulo César não é muito
confiável, e dizem que o barco em que está Alair pode entrar em um braço de rio
sem saída, e não em um afluente. Mas ainda assim é muito mais garantido do que
despencar na cachoeira.
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