Fala Cidadão Por Vânia Carvalho.

Suas Idéias Não Correspondem Aos Fatos.

Quando Cazuza escreveu: " Suas idéias não correspondem aos fatos, o tempo não  para...” deveria estar pensado em Cabo Frio.

Porque as coisas absurdas que acontecem por aqui,realmente nada tem haver com o discurso progressista da maioria dos nossos políticos. De um lado temos um ideal de modernização e desenvolvimento que faria inveja a qualquer pais da Europa Central. Porém quando vemos na prática não é bem assim que a coisa transcorre.Vamos a alguns exemplos:

Enquanto o mundo inteiro fala em sustentabilidade e preservação ambiental. Cabo Frio caminha na contramão, porque ao mesmo tempo que ouvimos vários e vários discursos, reportagens, entrevistas com nossos políticos abraçando a causa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, vemos coisas absurdas acontecerem. Uma delas é a construção de um shopping em área de preservação permanente. Outra é o abandono total do Canto do Forte, conhecido também como Boca da Barra, outra é a poluição da Lagoa, Canal, degradação das dunas e outra sorte de descasos que não se encaixam com a verborragia proselitista pela causa ambiental.

Vemos também o discurso acalorado em prol da saúde e da educação. Todos tem projetos maravilhosos para ambos setores, capazes de levar Cabo Frio ao patamar mais alto de exemplo de qualidade. Porém basta conversar com o vizinho e escutar as reclamações nas rádios e programas de TV, de pessoas que passam dificuldades tanto na área de saúde como nos colégios do município que parece que estamos vivendo em duas cidades diferentes. Uma criada pela fértil imaginação dos nossos governantes e outra pela realidade sofrida da população.

E o turismo? Meu Deus! Tenho ataque de risos quando ouço falar em qualificação do turismo. Tenho tremores nervosos quando ouço falar em divulgar o nome de Cabo Frio no exterior! (kkkkkkkkk) Me perdoem as gargalhadas. Mas será que eles tão falando sério ou acham que somos todos um bando de idiotas? Qual turista de nível, em sã consciência vai querer visitar uma cidade onde coisas banais como buracos numa praça não são resolvidos? Onde os patrimônios históricos se encontram em total abandono, que um grupo de pessoas perseverantes ainda tem que implorar para tentarem consertar o pouco que ainda resta. Onde a cultura é tratada com descaso, se todos somos  cientes (pelo menos os que tem cérebro)  de que a cultura é quem identifica um país, um estado, uma região.

Mas os discursos continuam na defesa de projetos, tratados, acordos, alianças, parcerias, é tanta reunião tanto encontro e participação, tantas manchetes: Cabo Frio irá receber o representante tal da empresa tal, que vai fazer isso e aquilo, que vai gerar renda, vai gerar emprego, vai gerar e vai gerar e quem acaba girando é o povo de tão tonto!

Outro dia mesmo participei de uma reunião muito importante por sinal, onde certo vereador no dia seguinte explanou em tribuna a importância do assunto que foi tratado nesta restrita reunião: ACESSIBILIDADE! O fato é que a ideia do nobre edil não corresponde a sua empolgada manifestação de apoio a  justíssima causa do tema, já que ele mesmo tomou conta de uma calçada pública tirando totalmente o acesso da população em beneficio de seu estabelecimento. Não é meigo? E é assim que caminha nossa cidade numa total incoerência entre pensamentos e atitudes.

Onde a boca fala o que o coração não almeja e por isso vemos muito blá, blá, blá, para  pouco desempenho.

Temos um hospital inaugurado onde o centro cirúrgico não funciona, temos uma feira de artesanato sendo construída pra abrigar ambulantes, ops! Me desculpem revendedores de variedades, temos transporte público com plataforma para cadeirante, mas o motorista não sabe como lidar com o mecanismo, temos casas comuns sendo alugadas para ônibus de excursão sem precisarem de alvará, temos um terreno baldio cheio de lixo em pleno coração comercial, onde era pra funcionar um museu fotográfico temos turistas estrangeiros perdidos porque não encontram se quer uma misera placa de identificação (alô,alô! vou começar a cobrar pelo exercício de relações públicas) enfim temos tantas coisas absurdas acontecendo, que hellooooooooo!!! Como eles podem falar da cidade  como exemplo de rota turística? Por isso quando ouço as ideias primorosas de nossos políticos em reportagens pra lá de contrastantes fico a me perguntar se eles acreditam mesmo naquilo que dizem ou acreditam que nós não convivemos com uma realidade totalmente diferente daquilo que eles tentam nos passar? Já dizia minha vó: Pimenta nos olhos dos outros é refresco! Então o jeito é continuar cantando essa canção:

"...Suas ideias não correspondem aos fatos! O tempo não para...”