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Coluna do Demerval Soares.



A GOVERNABILIDADE E A IMPORTÂNCIA DAS ALIANÇAS.

Com o fim do bi-partidarismo em 1980, temos a volta do multipartidarismo, cujo modelo é praticado até os dias de hoje. A reabertura política ocorrida nos idos de 80 foi um marco no resgate histórico da importância da representatividade popular pela via partidária.

Nos últimos 30 anos vimos aumentar cada vez mais a importância dos partidos no panorama pré e pós-eleitoral. Os partidos são instrumentos democráticos, que trazem idéias e propostas diferentes com o objetivo de atender aos anseios da sociedade. Vimos com o passar dos anos um inchaço na quantidade deles, tendo nesse tempo muitos sendo extintos e outros sendo criados. Apesar de termos vivido grandes avanços desde a volta do estado democrático de direito ao país, é flagrante a necessidade de uma Reforma Política, pois não apenas o aumento do número de partidos, limitando-os, mas vários outros mecanismos legais poderão ser criados para combater a corrupção e a falta de ética que deturpa a importância de ferramentas como alianças que deveriam unir agremiações que poderiam potencializar futuros governos e somar esforços em prol do cidadão.

Os partidos de centro-direita sempre tiveram mais facilidade de se unirem numa mesma direção, já os de esquerda ou centro esquerda por muitas vezes se isolavam ou ainda se isolam. Tivemos no início da década de 80 dois partidos, na época considerados de esquerda que foram criados e estão fortes aí até hoje, o PDT ( Partido Democrático Trabalhista)  de Leonel Brizola  e o PT (Partido Trabalhista)  - principalmente - de Lula, o retorno do PC do B ( Partido Comunista do Brasil), todos eles tinha dificuldades de se unirem , de dividir o mesmo espaço e formatar idéias na direção de um futuro melhor.

O tempo passou e o PT de Lula, a maior força oposicionista do Brasil desde a reabertura política, precisou superar três eleições para entender que era necessário ir além, ou seja, vislumbrar uma aliança em que se agregassem valores, cedendo em alguns pontos, mas com o cuidado de não se descaracterizar, com isso, conseguiu atrair adversários, ganhando maior espaço nos programas de rádio e televisão no período eleitoral, deixando clara sua preocupação em mostrar uma nova postura, principalmente devido às novas parcerias, chegando a colocar como slogam de campanha a seguinte frase: A esperança vencerá o medo!! O candidato para a Vice-Presidência foi o Senador José Alencar, respeitado e grande empresário, filiado ao PMDB, que depois se filiaria ao PR, ali o PT dava a nítida impressão que aprendera definitivamente a Arte da Política, mesclando um programa que teria em sua espinha dorsal a estrela e o peso de militantes, bem como, intelectuais que estavam há anos esperando pela oportunidade  de fazer um Brasil do povo e para o povo, aliados a programas de outros partidos que se juntaram neste novo momento de visão política do PT  da esquerda ou centro esquerda brasileira.

Lamentavelmente, depois de conquistar o poder, o que vimos ser colocado em prática não foi o histórico programa socialista prometido durante anos pelo partido, nem tampouco, o alinhavado com os parceiros durante a eleição, o que aconteceu foi uma continuidade do governo que saíra, além de uma total locupletação do poder, com corrupção de todos os tipos, entre outros fatores negativos, que geraram revoltas e causaram dissidências de pessoas do próprio partido, bem como em alguns elos da aliança feita em campanha, neste caso, nada comprometedor.
 
Os dissidentes do PT criaram o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), que por não concordarem com a conduta citada acima passaram a lutar contra o governo que até então faziam parte dele. Antes, porém, no início da década de 90, quando o PT dava os primeiros passos no sentido de alianças fora dos padrões aceitáveis pelos militantes mais radicais, já havia acontecido rompimentos que deram origem a dois partidos, ainda extremistas radicais de esquerda, são eles: o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), bem como, o PCO (Partido da Causa Operária). Os partidos em questão ainda sentem, como o PT lá atrás, muita dificuldade na compreensão de se fazer alianças, para formar uma base sólida, na busca de se representar melhor a população.
 
Trazendo para o âmbito local, temos para as eleições de 2012 em Cabo Frio, um quadro político que nos mostra por um lado o PSOL com um bom candidato, mas como já dissemos acima, não pensa em somar forças numa possível aliança e, por outro, temos um fato lamentável, ou seja, o prefeito atual, que depois usar de todas as mazelas negativas para se chegar ao poder e fazer um péssimo governo, agora vem a público conclamar todos os candidatos para fazer uma aliança contra Alair Corrêa. Esta é realmente uma união contra o conceito real de aliança, que é se unir pelo o povo e para o povo, neste caso é para o poder e pelo o poder, pois Alair é conhecido por ser um homem do povo e que transformou a cidade, com isso, além de seu chamado não ganhar força, ainda aumenta a força eleitoral e, ao contrário do seu pedido, irá criar mais elos na aliança de Alair no objetivo de conquistar a prefeitura.

Enfim, é inegável que existem fatores negativos que pesam contra uma possível aliança, mas pensando na importância de se governar, de se fazer o melhor para a sociedade, de se unir as melhores idéias, não se fixando apenas nos propósitos individuais de cada programa, aceitando as diferenças, sem se descaracterizar, mantendo seu estilo, bradando pela ética e pela austeridade, sem deixar que a emoção fale mais alto que a razão, deixando de lado os problemas pessoais em prol do melhor para sociedade, com certeza, fazer alianças não só será importante pela governabilidade, tanto pré, como pós-eleitoral, mas pela real possibilidade de um projeto de inclusão, unindo diferentes setores e camadas da sociedade para alcançar o objetivo do bem comum pelo desenvolvimento.

Demerval Soares
Bacharel em Administração de Empresas e
Pós-graduado em Gestão Empresarial

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