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Coluna do Demerval Soares.



MÚSICA, SONHO OU BANDEIRA DE UMA LUTA ETERNA?

...Nosso dia vai chegar,
Teremos nossa vez.
Não é pedir demais:
Quero justiça,
Quero trabalhar em paz.
Não é muito o que lhe peço -
Eu quero um trabalho honesto
Em vez de escravidão
Deve haver algum lugar
Onde o mais forte
Não consegue escravizar
Quem não tem chance
De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fábrica?
O céu já foi azul, mas agora é cinza
O que era verde aqui já não existe mais.
Quem me dera acreditar
Que não acontece nada de tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então.
Esse ar deixou minha vista cansada,
Nada demais...

A letra acima, composta no início dos anos 90 é da música Fábrica da Banda Legião Urbana aquela que viria a se tornar uma das maiores bandas do rock nacional de todos os tempos, liderada pelo vocalista Renato Russo, tinha nos seu estilo a veia crítica e tentava alcançar com inteligência a consciência política e social da sociedade, em especial, do jovem.

Em a ”Fábrica” a idéia usada era, como em outros momentos da história, reescrever a vivência difícil de trabalhadores e suas conseqüências para o meio ambiente em uma grande indústria, na prática um conceito que desde a Revolução Industrial, passando pela Segunda Guerra, Globalização, chegando aos dias atuais, com a Era da Informação infelizmente ainda temos que conviver.
           
A prova desta teoria constatamos, dentre outras, quando viajamos no tempo, há mais ou menos 20 anos, logo depois de ser lançada a música acima, exatamente em 1992 acontecia no Brasil, mas especificamente no Rio de Janeiro , a Eco 92, um evento que marcou época com intuito de reunir países do mundo inteiro e sensibilizar , especialmente os países ricos, pela importância de uma melhor distribuição de renda mundial, proporcionando um desenvolvimento sustentável melhorando a qualidade de vida dos países mais pobres e a união entre os países por adoção de medidas para a redução de emissão de gases poluentes, dentre outras ações para o equilíbrio do eco-sistema.
           
O tempo passou, a globalização que estava no começo, ganhou forma, chegamos à era da informação, 20 anos depois, a letra da música nos remete a pensar e a refletir que o desejo dos menos favorecidos continua o mesmo, pode ser um cidadão comum, ou funcionário de uma fábrica, um latino-americano ou um africano, o desejo de trabalho honesto e dignidade aliada ao sentimento de justiça é unânime.
           
A insensibilidade dos países ricos, a importância dada ao ”combate ao terror”  com o investimento na indústria bélica, financiando guerras, enquanto bilhares de pessoas no mundo passam fome, a negativa de se fortalecer o combate à emissão de gases, permitindo ainda mais o aumento da poluição do meio ambiente, infelizmente, nos dá a sensação que não existe um lugar em que o poder não seja o mais importante e, acreditar que permitir que todos possam gozar de oportunidades, com chances iguais, a cada dia que passa,  só em sonhos.
           
Os portões da ”fabrica” ou será do mundo são guardados por quem? Afinal, o ”bum” demográfico no mundo está aí, chegamos à casa dos 7 bilhões de habitantes, o índice de miséria é alarmante, o ser humano, bem como os países, precisam uns dos outros, daí  a minha incapacidade de compreender tanta indiferença, não só neste aspecto, como também no ambiental,  será que esses poucos com tanto, acreditam insanamente que vão suplantar a falta de oxigênio  e, por que não, de calor humano do planeta , com seu dinheiro e poder?
           
Agora em 2012, estamos mais uma vez diante de um evento mundial, como acontecera em 1992 com a Eco 92, hoje chamado de Rio + 20 ( Conferência de Sustentabilidade da ONU), os propósitos são os mesmos, ou seja, o objetivo da conferência é assegurar um comprometimento político renovado com o desenvolvimento sustentável, avaliar o progresso feito até o momento e as lacunas que ainda existem na implementação dos resultados dos principais encontros sobre o referido desenvolvimento , principalmente, dando ênfase para o combate à poluição e a pobreza extrema,  além de abordar novos desafios emergentes.
           
Triste é saber que antes mesmo de chegar ao fim do evento, a história se repete, ou seja, temos a negativa antecipada dos países, chamados ricos, de assinarem acordos em que se comprometeriam em valorizar dignamente a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza extrema, mas como destacamos no título deste texto, este comportamento não é surpresa, POIS NÃO SABEMOS SE É MÚSICA, SONHO OU BANDEIRA DE UMA LUTA ETERNA.
           
E, para terminar, deixando a força das palavras da Legião de Renato e Cia concluímos com seu próprio final:

Quem me dera acreditar
Que não acontece nada de tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então.
Esse ar deixou minha vista cansada,
Nada demais...

Demerval Soares é Bacharel em Administração de Empresas e Pós-graduado em Gestão Empresarial

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