Alair, Garrincha, Hittler, Jânio e Cabral
O projeto de Sérgio Cabral está muito prejudicado pelas
águas que despencaram da cachoeira. Isto favorece muito Jânio e o PT em Cabo Frio. E por quê?
Bem, Cabral sabe que não é mais um bom cabo eleitoral, e
sabe que Pezão tem sérias dificuldades para se levantar sozinho. Mas Cabral não
pode ver Garotinho eleito no Rio de Janeiro de jeito nenhum. Afinal, se
Garotinho se eleger, Cabral estará em péssimos lençóis, sobretudo porque está
gastando todo o seu cacife para ser blindado na CPI do Cachoeira, e poderá
faltar-lhe fôlego para ser blindar-se, no futuro, do Garotinho e da sua
provável devassa nas contas da turma do CCC (Cavendish – Côrtes – Cabral).
Assim sendo, Lindbergh, por mais que não seja o candidato
dos sonhos da turma do CCC, passa a ser uma alternativa para lá de boa. Neste
sentido, da forma como a coisa está difícil aqui em Cabo Frio, Cabral pode
até mesmo deixar de lançar candidato pelo PMDB, tolerando a vice do Jânio com o
PT para que, no futuro, Garotinho tenha mais dificuldades. Assim teríamos uma
frente contra a candidatura do Alair, sem o PMDB apresentar candidato, mas com
o PT na vice do PDT.
Este é hoje o pensamento do general Cabral. No papel é uma
boa estratégia. Mas como não dá para combinar isto com o povo, é preciso saber
se ele, o povo, vai ou não resistir à uma frente formada por candidatos do
general Cabral e seu sargento Marquinhos. Porque o povo às vezes resiste.
Hitler, por exemplo, contava ter destruído a Iugoslávia em junho de 1941, e
iniciou a operação Barbarossa para anexar a URSS, mas a resistência do marechal
comunista Tito fez daquela campanha uma história trágica para as pretensões de
Hittler. E muito do seu fracasso na URSS, com a estrondosa derrota em
Stalingrado, se explica, um pouco, por aquela resistência (aliás, aproveito
para indicar o poema “Carta a Stalingrado”, do Carlos Drummond de Andrade).
Aqui em
Cabo Frio há um grande problema para esta estratégia dar
certo. A dianteira do Alair é grande, e o carisma de Jânio é pequeno. Por outro lado, Paulo César ficará sem
espaço, pois para ser candidato a vice-prefeito ele teria que renunciar ao
mandato de deputado federal, e isto ele não fará. E sem ser candidato do PMDB
Paulo deve se aproximar de quem está liderando as pesquisas, o que enfraquece a
frente governista. Existe a alternativa do PMDB apoiar Paulo César, mas é uma
probabilidade muito remota, afinal a história com Jânio andou bastante.
Bem, claro que pode-se lançar mão da velha máxima do “bom
filho à casa torna”. E uma nova conversa com Alair pode sepultar brigas de
outrora. Esta alternativa é até mais segura para os planos de Cabral e
Lindbergh, pois, além de ser uma candidatura que está bem na frente, afastaria
de vez o fantasma do Garotinho na chapa do Alair. Afinal, se entrar o PMDB o PR
sairá.
Claro que eles, a turma do CCC, podem tentar judicializar a
eleição e apostar em Jânio.
Mas os advogados têm garantido que registram a candidatura do
Alair. Se assim for, é melhor deixarem as vaidades de lado e voltarem a
conversar com ele. Pois mesmo sem grandes generais em sua tropa, o exército do
Alair parece ter mais capacidade de combinar com o povo, ou, como diria o
Garrincha, de combinar com os russos.
Escrevi, há alguns meses atrás, que Alair deveria afastar-se
do Garotinho, afinal o PMDB é um partido importante, mais, muito mais que os
treze mil votos do ex-governador, como defendem alguns da blogsfera, afinal
destes treze mil votos do Garotinho, possivelmente 90%, ou mais, são também do
Alair para prefeito.
Enfim, este é o cenário da guerra traçado a partir da mesa
dos generais da Assembléia. Se vão para o tudo ou nada com Jânio, ou se tentam
ainda uma última conversa com Alair, vai depender das vaidades.
Eu, se general fosse, perderia a vaidade, e diria pro homem
do bigode de Saquarema: “meu amigo, melhor garantir o mustache do que perder a cabeça”.
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