Em Política, Como na Vida...
Fui interpelado por um assessor do Alfredo Gonçalves que
disse que minha posição é propositalmente ininteligível, e que eu fico usando
de literatura para confundir as pessoas e blá, blá, blá.
Pois bem, para que o que penso fique bem claro, resolvi
pontuar e não usar a tal “literatura”. E garanto que o que vou escrever aqui é
absolutamente coerente com tudo o que escrevi ao longo destes dois anos. Mas
vamos lá:
1 - Defendo, desde o início, o maior número de candidatos
possível. É por isso que já disseram que eu era Froilan (porque defendi que ele
devia ser candidato), que eu era Silas (porque defendi que ele devia ser
candidato), que eu era Mansur (porque defendi que ele devia ser candidato),
agora dizem que sou Bernardo, e por aí vai. Mas o que eu sou é a favor do maior
número possível de candidaturas. Em nenhum dos meus textos vocês me viram ainda
pedir voto para quem quer que seja. Nunca pedi. Apenas, repito, defendi
intransigentemente as candidaturas de quem se apresentava como candidato.
2 - Sou contra a candidatura do Alfredo desde o início,
porque ele errou muito. Seu espaço era a terceira via. Mas ele não teve coragem
de enfrentar esta realidade, preferiu ir pro lado do governo, e desde que isto
aconteceu critico esta história.
3 - Não aceito como tese o fato de que ele deva ser
candidato apenas porque agora, aos 45 do segundo tempo, rompeu com Marquinhos.
Marquinhos não está em questão, mas o governo sim. Ele nomeou nestes anos todos
dentro do governo, foi chefe de gabinete, e agora diz que brigou com
Marquinhos, mas continua tentando reagrupar as pessoas que beneficiou com o uso
do governo. Em política há uma fila, se rompeu agora, se apenas agora viu os
seus erros, o seu lugar é no fim da fila.
4 – Também sempre deixei claro que para mim ele não
conseguiria levar a candidatura no PMDB. Entretanto acho que o PMDB devia ter
candidato, porque sou a favor de várias candidaturas, e não porque sou a favor
do Bernardo, é diferente. O problema é que Alfredo não tem afinidades no PMDB,
ele só tem a promessa do Paulo Melo, e isto em política é pouco. Então, sabendo
que ele não tinha chances reais no PMDB, defendi, e defendo, que talvez o
Bernardo conseguisse convencer o partido do seu nome para candidato. Afinal ele
tem uma história no Partido, foi deputado, e isto conta em política, queiramos
nós ou não.
Bem, acho que estas quatro premissas explicam a posição que o
assessor do Alfredo diz não ter conseguido entender. Ah, sou contra o governo,
e sou contra o candidato do governo, portanto se Jânio for para o lado do
governo, serei contra a candidatura do Jânio, mas defendo que ele seja
candidato.
Apenas para reforçar, não defendo a candidatura do Alfredo porque
tenha problemas com ele, ou porque prefira o Bernardo, não é nada disso.
Respeito Alfredo como cidadão, mas politicamente ele está erradíssimo. E agora
está jogando com o sentimento de comiseração das pessoas, está fazendo uso
político das suas agruras. O fato é que, em política, o Alfredo perdeu as
condições de tentar ser candidato. Para piorar, agora erra melancolicamente nas
suas ações ao tentar passar a imagem de um pobre coitado traído, e ao buscar
reaproximar-se do Alair. É melancólico. Será que ele não enxerga o passado,
será que ele quer que esqueçam de tudo? Assim, num passe de mágica? Bem, ele
pode até querer, mas a vida não é assim.
Na vida até se perdoa, e ele está perdoado. Mas isto não lhe dá salvo
conduto para continuar um processo pessoal de resgate político de si mesmo a
partir da comiseração. E é lícito que se interprete esta atitude de aproximação
ao Alair, depois de tudo, como oportunista, pois um mínimo distanciamento ético
era imperioso.
Porém, como eu defendo uma candidatura no PMDB, não posso ficar
defendendo uma história inviável no partido, o que me resta é tentar uma outra
alternativa. É apenas isso. Se Alfredo estivesse no PPS eu defenderia a sua
candidatura. Mas ele não teve coragem para se manter distante do governo. Ele
quis e muito ir para o lado do governo.
Bem, acho que está explicado, e agora sem literatura
nenhuma.
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