Santa Rabanadas
Nada como um prato de rabanadas
para selar a paz entre as famílias. O sujeito passa o ano inteiro brigando com
a sogra, com a cunhada, com o tio, mas chega fim de ano, não tem
coisa melhor no mundo pra provocar o perdão do que um prato de rabanadas.
E o natal é isso aí, comida na mesa, cartão de crédito estourado, as garrafas de vinho estão vazias e do peru só sobrou o osso. E pra quem chorou miséria o ano inteiro, nada como o natal, pra esquecer os problemas e deixar para chorar miséria de novo, só ano que vem. Porque aí, da-lhe carnê das casas Bahia, empréstimo feito no banco e o cartão parcelado em 12 vezes pra fazer de 2013 um retrato cuspido e escarrado de 2012.
E os votos de prosperidade? Isto fica só no desejo, porque entra ano e sai ano, é sempre a mesma coisa. E lá se vai mais um 2013 chorando miséria. Dívidas e mais dívidas, contas e mais contas, e as famílias voltam a brigar, cunhados, tios, pais e filhos, é o círculo vicioso que só termina com o prato de rabanadas, no natal. Santa rabanadas!
E o natal hoje se resume nisso, mesa farta, bebida, celebração, as famílias se reúnem, trocam seus presentes e todo ano é a mesma coisa, os pobres virão gente, os carentes são lembrados, as crianças deixam de ser abandonadas e a caridade toma conta dos corações mais endurecidos e o dia passa, os fornos são desligados, a ceia está pronta e quando surge o dia seguinte, se enterram os ossos e as pessoas ainda almejam pelas santas rabanadas do dia seguinte.
Talvez esse seja o problema da paz mundial, a falta de rabanadas o ano inteiro.
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