Nem Freud Explica
Teria sido cômico, não fosse a
deslavada ignorância das leis e mesmo da mais básica educação, a entrevista do
sr. Marcos Mendes no programa Sidney Marinho, desta terça feira, 22.
Envergando sua eterna prótese
sorridente, o referido senhor "esqueceu-se" não ser mais prefeito e
afirmou que iria "entregar" a Estrada da Integração ao povo cabo
friense. Como se fosse pouco, citou telefonema do sr. Governador Sérgio Cabral,
no qual o mesmo afirmaria que as obras estariam sendo providenciadas como uma
deferência á ele, Marcos Mendes.
Arrematando, em um arroubo de
completa ausência da mais comezinha modéstia - para não dizer, ostentando uma
vaidade de cabotino - o ex titular municipal elogiou-se a não mais ter fim;
todas as suas qualidades - reais, imputadas ou imaginárias, bem como seu
"amor" por Cabo Frio.
Nem mesmo Freud, em sua intuição
soberba, ponderaria sobre as razões que uma psique doente encontra para
manifestar sua saudade de uma pessoa que sequer conhece ou ouviu falar - no
caso, uma ouvinte que mandava abraços.
Nem mesmo Freud e todos os
Juristas do Brasil ponderariam, juntos, sobre as razões que uma psique doente e
uma proposital inobservância dos princípios constitucionais encontram para agir
como se prefeito ainda fosse, como se possuísse ainda algum poder - poder este
que nem mesmo quando prefeito possuiu, eis que largou as rédeas do governo á
feudos de segundo escalão e parentes próximos. O sr. Marcos Mendes não "entrega"
nada. Não é prefeito, não manda em absolutamente nada na estrutura de poder
municipal e tudo o que se depreende de suas declarações é o desejo explícito de
pegar carona nas realizações que ele jamais teve pulso de levar á frente.
Nem mesmo Freud, todos os
Juristas do Brasil e todas as conselheiras sentimentais da Revista Amiga
ponderariam sobre os motivos que um cidadão, médico, ex-prefeito, supostamente
homem de bem, teria para soltar uma historieta que enaltece sua suposta amizade
com o governador do Estado e que, graças á isso e nada mais, a tal estrada
seria feita.
E somente um professor de Direito
Constitucional poderia explicar á este senhor - ou ao menos tentar - os
princípios básicos da estrutura de poder - impessoal - do Estado.
O poder não se exerce por
amizades com Governadores. Longe de ser glória, isto é a mais reles
prostituição das leis que regem e obrigam as relações entre as diversas esferas
da administração pública.
O personalismo evidente em suas
declarações - culto á personalidade - tem o evidente propósito de bisonha
tentativa de construção de um "líder político" - que nunca foi e nem
será, por inércia e inaptidão.
A entrevista do Sr. Marcos Mendes
foi reveladora.
Vale como um laudo de internação.
Ou sentença condenatória.
Walter Biancardine
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