SOCIOLOGIA DE BOTEQUIM
Não sou professor, nunca tive a mais remota aspiração de sê-lo e, confesso, depois de velho chego a ver a nobre tarefa de transmitir conhecimentos quase como entregar uma arma carregada nas mãos de um suicida. Mas isso é só a eterna desilusão com o espécime humano, me perdoem.
O caso é que, em um momento de delírio lúcido, provocado por um febrão dos infernos que a virose me presenteou esta semana, conjecturei uns pensamentos muito doidos aqui na minha cabeça e que, atrasado e em falta com o amigo Álex na entrega de minha coluna, resolvi expor.
Matutava eu sobre os porquês da disparidade entre o preparo acadêmico e profissional observado entre homens e mulheres, os primeiros cada vez mais pedreiros e as últimas cada vez mais, digamos, acadêmicas.
Assim, pude dividir espécies sociológicas em 4 subespécies, que seriam o ignorante por gosto e conveniência, o preparado e arrogante, e – para as mocinhas, as preparadas e instruídas e as periguetes que acreditam mais numa boa calça “estreche” do que num livro. Estas últimas sempre são as mais arrogantes e confiadas, pois em um mundo de homens, quem ousará duvidar do encanto hipnótico de glúteos em ebulição sobre chefes tênues?
O fato é que depois de muito analisar fontes altamente educativas e confiáveis como Big Brother da TV Globo, personagens de programas de humor e mesmo os tipos mais populares em escolas ou rodas de amigos – abro aqui um parêntese para dizer que tais fontes são confiáveis sim: revelam perfeitamente o ser humano que os assiste, não a Barbie que se exibe na telinha – concluí que a burrice, grosseria e ignorância estão na moda para os homens.
Quanto mais burro melhor, mais engraçado, mais popular. Se um garoto de 16 anos tirar 10 em uma prova no colégio, ele pode ser vítima de bulling!
Por outro lado, ser “ogro” é ser fashion e todos adoram o “ogro bonzinho”. E o melhor de tudo: sendo ogro, você automaticamente perde a responsabilidade sobre certos atos que seriam sua obrigação de sujeito homem – coisa bem diferente de ser macho com par de bolas – como não falar cretinices do tipo chamar a namorada de “cara” (Ex: “Pô, cara, eu não azarei aquela cachorra!”), pagar suas próprias contas e não viver ás custas da mamãe até o fim da adolescência – hoje em dia, girando em torno dos 50 anos – e os tão fora de moda “defender, proteger e prover os que me amam”, um trio abominável para uns e outras.
Logo depois vem os “preparados e arrogantes”, e mais um parêntese eu abro para excluir dessa meu dileto brôu professor Chicão, que tem Ph.D, pós Ph.D, Doutorado, Mestrado, Certificado, carimbado, autenticado, ganhou diploma até de operador de Xerox e nunca ficou se arrogando disso ou jogando na cara de ninguém. E ao excluir meu bom compadre, automaticamente já se delineia a pobre raça neurastênica e irritadinha que perfaz tal tipo: são os que não conseguem pedir uma cerveja sem deixar bem claro ao garçom que ele está servindo á um “doutor” – aliás, essa gente jamais beberia uma cerveja, eles fazem mais o tipo que se diz somelier mas toda sua enologia se resume á uma garrafa do Galioto tinto, de R$5,50 no ABC da rodoviária. O resto – tal como até mesmo as mulheres de sua vida – viu no Google.
Já para as mulheres, as preparadas academicamente podem ter um destino cruel: ou a solidão de não conseguir ninguém que acrescente algo de significativo, profundo e que elas possam admirar, ou a perversa opção de adotar um ogro de estimação, para aquecer a cama e discutir com o flanelinha quando forem no restaurante japonês – e ele pedir garfo porque não sabe comer com aqueles dois pauzinhos, coisa de viado.
Já as periguetes de escritório, essas são como jogadores de futebol: tem a vida curta, sabem disso e precisam ajuntar tudo o que puderem, lucrar tudo o que conseguirem, antes que a bunda caia. E para isso não hesitam em valer-se da antiga tática feminina da intriga contra os que as ameaçam em sua carreira, de rebolar e “causar” em todas as ocasiões que puderem e, ainda que precisem vender a mãe, com fé e força na peruca chegarão lá!
Mas...e a vida – segundo Mestre Álex – tem sempre um “mas”, como coleguismo e espírito de equipe são atributos mais facilmente encontráveis em homens do que em mulheres, logo chegará o dia em que outra periguete – mais novinha, mais carnudinha e que sabe até inglês! – tomará o seu lugar.
E por que escrevi tais coisas? E o quê acrescento de bom ao conhecimento humano, com tal prosopopeia? E por que abuso do espaço oferecido por Álex Garcia e cometo tais barbáries? E por quê nunca sei onde usar este maldito acento circunflexo na palavra “por que”?
Sei lá. Como disse, comi um salgado desgraçado em algum boteco pé rachado, fiquei febril, delirante, e saiu isso.
É o que tem pra hoje, crianças!
Walter Biancardine
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