MEDITAÇÃO E REFLEXÃO
Eu me converti ao budismo há 30
anos e tenho realizado a prática da fé diariamente desde então. Uma das
fórmulas de ensino da filosofia budista são as parábolas, contos ilustrativos
passados ao discípulo da antiguidade para que ele pudesse entender o
significado dos princípios básicos do ensino através de uma linguagem simples e
adequada para a época.
Uma das parábolas que mais me
inspiro para ensinar o princípio de Esho Funi (pessoa e ambiente são uma única
entidade) é a estória do Palácio Real.
A parábola fala sobre um reino na
Índia que sofria por consecutivos incêndios. Apesar das chamas consumirem toda
a cidade, o palácio real jamais havia sido atingido pelo fogo. O rei, aflito em
ver seu povo passar por constantes tragédias, pediu ajuda a um sábio.
O sábio ensinou ao rei o
princípio de Esho Funi (unicidade de pessoa e ambiente). O sábio disse ao rei
que nosso ambiente reflete o interior da nossa vida. Pelo estado de vida de
compaixão e sinceridade do rei, o palácio não sucumbia às chamas, mas pela
falta de compreensão de Esho Funi do soberano, ele não conseguia estender sua
condição de vida até a cidade. Por isso os cidadãos não compartilhavam da mesma
boa sorte do palácio.
O sábio conclui com o ensino
máximo de Esho Funi: “Não existem duas terras, pura e impura ao mesmo tempo, a
diferença está na mente boa ou má das pessoas. Se sua mente for pura sua terra
será pura, se sua mente for impura, assim será sua terra.” Com este ensinamento
o rei passou a quebrar os muros imaginários que separavam o palácio da cidade.
Passou a aceitar que a cidade era extensão do próprio palácio e trocou o nome
da cidade para Palácio Real.
Assim, a boa sorte inerente à
vida do soberano estendeu-se além dos limites dos muros do palácio e todos os
cidadãos puderam desfrutar da proteção dos deuses budistas que guardavam o
palácio.
Lembrei-me desta parábola
enquanto assistia o prefeito caminhando pela Amaral Peixoto, seguido pelos
seus, e atrás, uma frota de equipamentos e ônibus que seriam entregues a
Tamoios. Sei que existem aqueles que entenderão essa atitude do prefeito como
eleitoreira, outros como piegas, outros, como simples cumprimento de promessa
de campanha.
Eu que venho lutando junto com
muitos companheiros de Tamoios, pela emancipação, pela não divisão de Tamoios
em dois distritos, pela ausência de água potável, pela seca de Campos Novos,
contra o esgoto do Rio Una e contra a compra de votos. Sentado estava, sentado
fiquei.
Apenas observei, enquanto tomava
meu café na padaria Unamar, aquele homem de camisa azul, que veio do primeiro
distrito, que atravessa um momento político delicado e que é amado e odiado
pelo povo.
No meu caso, percebi que aos
olhos do Buda, ele estava naquele, momento fundindo sua vida ao segundo
distrito, enquanto caminhava debaixo de sol da praia de Unamar, seguido por
olhares de desconfiados e céticos, ele declarava ao universo que a partir
daquele momento Tamoios também seria chamado de Palácio Real.
O prefeito, professa outra
religião, jamais entenderá o grande fenômeno da transformação que ocorrerá na
sua vida a partir de ontem de manhã. Como a essência da Lei Universal da vida
baseada no fenômeno de causa e efeito, ele deu um grandioso passo para uma
limpeza do seu carma e se aproximou mais um pouco do seu estado de buda.
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