Por Rodolpho Campbell
Atualmente os alguns líderes
religiosos têm falado tanto da liberdade de expressão e do combate a
privilégios, que escolhi a coluna de hoje para questionar e perguntar:
• Quem realmente tem privilégios
no Brasil? Quem não paga impostos? Igrejas ou LGBTs?
• Num Estado Laico como o nosso
há igualdade de expressão para todas as religiões ou somente as que podem pagar
ganham esse direito?
• Quem tem canais e programas de
rádio e TV? Os LGBTs, todas as religiões
ou somente algumas? (Vale lembrar que os canais de comunicação são concessão
pública).
• Quem tem passaporte de
diplomata no Brasil, pastores ou LGBTs? (Vale lembrar também que essa
“igualdade” não é estendida a todos os religiosos).
• Quem tem uma lei que os protege
da discriminação desde 1989? Os LGBTs ou os Evangélicos?
• Quem tem liberdade para pregar
o que pensa dentro de escolas, penitenciárias, hospitais? Os LGBTs ou os
pastores?
Diante dos fatos elencados e das
respostas obtidas, pergunto: será que realmente esses pseudos líderes
religiosos querem a liberdade de expressão e o combate a privilégios?
Agora, com os olhares mais
abertos, vamos analisar três outros pontos que estão na boca do povo nessas
últimas semanas:
A agressão a um pastor na
manifestação contra os gays, por confundi-lo com militante gay, e sobre a
pastora que escravizava uma menina de 11 anos.
Primeiro
ponto – Alguns líderes “religiosos” que garantem não ser favoráveis a
violência contra homossexuais, e que só não aprovam nossa prática (condição
sexual) e os futuros “privilégios” de nosso segmento, são os mesmos que
agrediram um pastor, simplesmente por tê-lo confundido com um militante gay.
Mas isso não é PARADOXAL demais? Afinal, a manifestação não era a favor,
também, da liberdade de expressão? Então, se tem alguém que não concorda com
seu ponto de vista, esse alguém merece ser agredido?
Segundo
ponto – A inversão e a não aplicação dos contextos culturais da
atualidade de nossa sociedade faz com que retornem para períodos obscuros de
nossa história. Atendendo ao livro de Levíticos, capítulo 24, onde está
escrito: “E quanto a teus escravos, serão das nações que estão ao redor. Deles
comprareis escravos e escravas(...) E possui-los-eis por herança para vossos
filhos depois de vós; perpetuamente os fareis servir”. Em Goiânia, no estado de
Goiás, uma pastora evangélica levou essas palavras ao pé da letra e mantinha
uma criança indígena de 11 anos como escrava. Mas a escravidão não foi abolida?
Será que agora tudo o que está na bíblia será posto em prática ao pé da letra?
Tenho medo só de pensar nisso.
Terceiro
ponto – O assassinato brutal de um querido e renomado cabeleireiro de
São Pedro da Aldeia em um bairro nobre de Cabo Frio. O que leva um indivíduo a
tirar a vida de um ser humano a pauladas? Dá pra se acreditar em
homofobia? Respondo: Claro que sim, pois
90% dos casos de homicídios de homossexuais com esses resquícios de crueldade e
com esse modus operandi do autor ou dos autores, que inclui muitas vezes
tortura prévia da vítima, a utilização de diversos instrumentos mortíferos e
elevado número de golpes, é classificado como HOMOFOBIA.
Até quando veremos a condição
sexual diferenciada de um ser humano dizimar milhares de vidas?
Como se já não bastasse uma
batalha contra o fundamentalismo religioso, agora vemos refletidas e multiplicadas
diariamente em todos os cantos do Brasil barbaridades como essa, acometidas
única e exclusivamente por repulsa e propagação de discursos de aversão e de
repreensão a homossexuais, por parte destes mesmos fundamentalistas.
Torço para que tais fatos sirvam
para comoção e reflexão, pois não podemos aceitar a dizimação de seres humanos,
a restrição de direitos civis por suas condições sexuais e nem tão pouco que
pseudos líderes religiosos continuem propagando o ódio e vivendo uma
hipocrisia.
Que a SENSATEZ prevaleça e que todos nós que acreditamos no amor, possamos, de fato, dar um FIM a toda essa INTOLERÂNCIA.
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