Destaque da natação feminina brasileira, a
ex-atleta olímpica Joanna Maranhão esteve em Cabo Frio, onde
participou do lançamento da campanha permanente da Secretaria da Criança e do
Adolescente de Cabo Frio contra o abuso sexual de jovens.
Joanna Maranhão também é lembrada
por ter tido a coragem de revelar, em entrevista de 2008, que aos nove anos foi
molestada por seu próprio técnico e amigo da família.
– A prefeitura de Cabo Frio está
de parabéns por lançar uma campanha permanente. O assunto não pode cair no
esquecimento – disse nessa entrevista Joanna, que mantém a ONG Infância Livre.
PORTAL PMCF - Depois que o Senador Magno Malta colocou o tema de
abuso sexual na mídia, você percebeu, como cidadã, alguma mudança no
comportamento do brasileiro?
JOANNA MARANHÃO – Eu percebi que as pessoas começaram a falar sobre
isso. Não era mais aquela coisa reclusa nas famílias que fingem que nada
aconteceu, como eu fiz. As pessoas começaram a falar, mais ainda é pouco.
PORTAL PMCF – É um começo para alertar a sociedade?
JOANNA MARANHÃO – Isso mesmo. É o início de um movimento. É como se
a gente tivesse começando a engatinhar, como uma criança recém-nascida. A
gente tem que aprender a caminhar com isso, até que a gente se torne adulto,
maduro o suficiente para combater. A gente ainda é um bebezinho em relação à
monstruosidade que é esse tipo de crime.
PORTAL PMCF - Você como brasileira, tendo uma experiência
internacional, sabe que no Brasil tudo vira moda. Você acha que esse tema pode
cair no esquecimento?
JOANNA MARANHÃO – É isso. Para que não se torne esquecimento, que
não se torne uma moda, isso tem que ser permanente. A gente não pode falar só
“Ah! Agora é a data do combate internacional de abuso de crianças e
adolescentes”, que com certeza nesse dia as pessoas e a mídia vão falar muito
sobre isso. Mas, e como fica a situação nos outros dias?
PORTAL PMCF - Você disse que gosta da
palavra “permanente”, como essa iniciativa da prefeitura de Cabo Frio. É
esse o caminho?
JOANNA MARANHÃO – Sim, para que não caia no esquecimento, que
não se torne uma moda, tem que ser permanente. Vamos lembrar que a cada 15
segundos uma criança sofre abuso, por isso tem que ser uma coisa massiva,
permanente, uma coisa muito forte.
PORTAL PMCF - A atitude da Secretaria da Criança e do Adolescente
em manter uma campanha viva, o tempo todo, é o caminho correto?
JOANNA MARANHÃO – É louvável! É muito interessante e eu sei que vai
dar certo. E espero que a campanha se expanda mais. Quero ir a outras
cidades e falar sobre isso, inteirar pessoas.
PORTAL PMCF - O projeto tem que chegar a pessoas de outras
cidades?
JOANNA MARANHÃO – Sem dúvida. A prefeitura de Cabo Frio está de
parabéns. É importante que tenham muitas palestras pelo Norte e Nordeste do
país. Nas cidades do interior, a questão do abuso sexual ainda é muito forte. É
um trabalho muito grande, de mudança de cultura, uma coisa que talvez eu seja
mais velha e que minha filha ou meu filho tenham que continuar nessa campanha
para que alguma mudança de fato seja feita.
PORTAL PMCF - Você disse que entendeu que percebeu que não
tinha culpa e tinha direito. Essa é a bandeira que tem que ser levantada?
JOANNA MARANHÃO – Sim. Porque a vítima se sente culpada, suja e eu
pensava que eu tinha feito alguma coisa para que ele se sentisse no direito de
fazer aquilo comigo. Que o sinal para que ele desse esse próximo passo
era meu. E até eu entender que não era, foi um grande processo. Mas a gente
sempre bate na mesma tecla, é a educação. A criança tem que saber até onde pode
ir, o que pode ou não ser feito, e se alguma coisa for feita ela tem que
contatar alguém responsável por isso.
PORTAL PMCF - Você conhecia Cabo Frio?
JOANNA MARANHÃO – Não. Pela manhã eu dei uma corrida na praia, mas
não consegui conhecer a cidade, já que tinha um compromisso aqui. Pretendo
voltar com mais calma para conhecer tudo, achei a cidade muito charmosa,
gostosa de andar, caminhar e parar num lugar e comer algo. O clima é muito bom.
Vou voltar com certeza.
Texto: Redação da PMCF
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