A história da educação no Brasil
começa em 1549 com a catequização dos povos indígenas, o método implantado
pelos Jesuítas perdurou por cerca de 210 anos (1549 a 1759 - chamado de período
jesuítico), finalizando quando Marques de Pombal expulsou os catequizadores
e passou a organizar a escola aos
interesses da coroa portuguesa (1760 a 1808 - chamado de período pombalino).
Com a vinda da família real portuguesa foram abertas academias militares,
escolas de direito e medicina, a biblioteca real e o jardim botânico. Em 1889 a
família real portuguesa deixa o Brasil e o Marechal Deodoro da Fonseca proclama
a república e 2 anos depois em 1891 é promulgada a primeira constituição que
prioriza o ensino legal nas escolas públicas em oposição ao ensino religioso
que predominou durante todo período colonial.
Nosso país entra no século XX
realizando diversas reformas educacionais onde cada estado realizava a sua
reforma de acordo com as suas necessidades e realidade local. Essas reformas
tentam reconduzir a educação para novos métodos de ensino. Em 1930 Getúlio
Vargas assume o poder como presidente provisório, neste período a mão de obra
especializada torna-se um exigência, ficando em segundo plano os estudos
literários e clássicos da educação. No mesmo ano é criado o Ministério da
Educação e Saúde Pública, e em 1931 o governo provisório sanciona decretos
organizando o ensino secundário e as universidades brasileiras. Depois de
governar provisoriamente por 4 anos, Getúlio Vargas é eleito presidente da república
pelo congresso que também promulga a terceira constituição brasileira. A
constituição de 1934 dispõe pela primeira vez que a educação é direito de
todos, devendo ser ministrada pela família e os poderes públicos, porém em 1937
acontece uma nova ruptura política e educacional no Brasil, passando a vigorar
a constituição reduzida por Francisco Campo e este extinguiu os partidos
políticos e deu ao presidente o controle sobre o legislativo e o judiciário, a
nova forma de governo é chamada de estado novo e mesmo com o retrocesso que
trás a nova constituição ao retirar o texto onde diz que a educação é direito
de todos é neste período que nasce a UNE (União Nacional dos Estudantes).
A educação só volta a passar por
transformações significativas em 1945 quando é instituída a nova república, e é
onde entramos no período considerado de redemocratização da educação
brasileira, com o fim do estado novo é eleito em 1946 como presidente Eurico
Gaspar Dutra (Gaspar Dutra) e uma nova carta magna é elaborada. A constituição,
considerada como cunho democrática e liberal, determina a obrigatoriedade de se
cumprir o ensino primário e faz voltar o princípio que a educação é direito de
todos. Em 1948 tem início a campanha pela aprovação LDB (Leis de Diretrizes e
Bases) da educação e a discussão da lei é apenas uma das iniciativas que marcam
a história da educação no Brasil, durante a década de 50. Em 1951 Getúlio
Vargas volta ao governo através de eleições diretas e neste novo mandato de
Getúlio inicia-se a discussão sobre o conceito de escola classe e escola parque;
é o período que as teorias educacionais de Jean Piaget ganham espaços na
didática das escolas brasileiras. Em 1953 é criado o MEC. Em 56 o Brasil passa
a ser governado por JK (Juscelino Kubitschek) que não prioriza a educação e
essa falta de incentivos acabou gerando manifestações, aproximadamente 190
educadores publicaram, em 1959, um pedido exigindo que a educação pública,
obrigatória, laica e gratuita fosse dever do estado (Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova).
É neste período que surgem os
defensores da rede privada de ensino em oposição aos educadores comprometidos
em garantir o ensino público a todos os brasileiros, os defensores das escolas
particulares argumentavam que as famílias deveriam ser livres para escolher
para seus filhos o tipo de ensino que queriam e essa discussão seguiu até 1961
quando foi aprovada a Lei 4.024 da LDB. As regulamentações do projeto foram
consideradas desfavoráveis as classes populares pelos escolas-novistas (Apelido
dado aos pioneiros da educação nova). Estes criticavam veementemente o apoio
financeiro às instituições particulares e a pouca atenção a rede oficial de
ensino. Os debates para a aprovação da LDB giraram em torno de iniciativas como
a do Movimento Popular da Cultura de Pernambuco, que passou a difundir as
manifestações das artes regional e a desenvolver a alfabetização de crianças e
adultos, uma iniciativa que tinha a frente o jovem educador Paulo Freire. O
movimento de Pernambuco ganhou dimensão nacional e serviu de exemplo para
iniciativa em outros estados.
Em 1962 é criado o Plano Nacional
de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização que é sufocado em 1964 com o
golpe militar, que anula as iniciativas de revolucionar o setor educacional
sobre o pretexto de que as propostas eram agitadoras. Na educação o programa
dos militares incluiu a modernização da universidade brasileira e a expansão do
ensino fundamental obrigatório em 8 anos. Os novos dono do poder tinham um
projeto de desenvolvimento para o país que passava pelas mudanças na educação.
Ainda no ano de 1964 o governo militar assinou o primeiro dos acordos chamado
MEC-USAID entre o Ministério da Educação e a Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento, diversas publicações e teses universitárias confirmam as
assinaturas desses acordos. Dos encontros entre técnicos americanos e
professores brasileiros saiu o relatório Meira Matos, nome do coronel que o
redigiu e que orientou a reforma universitária e as mudanças no ensino
fundamental. Depois do AI-5, quando a ditadura se aprofundou, o coronel Jarbas
Passarinho ocupou a pasta da educação e cultura (1969/1974) durante o governo do
general Emílio Médici, foi ele quem completou a reforma universitária
estabelecida pela Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968, a reforma havia
começado no governo anterior do coronel Arthur da Costa e Silva. Para ser
aprovado no vestibular da época era preciso somente tirar a nota mínima, só que
não havia vagas para todos os aprovados, o período da passagem de Jarbas
Passarinho na educação também foi marcado pela vigência do decreto lei N° 477,
que dava as autoridades universitárias e as educacionais o poder de desligar e
suspender estudantes, professores e funcionários envolvidos em atividades
julgadas subversivas pelo regime, o próprio Jarbas Passarinho achava a lei dura
demais. No governo Collor o ministro da educação Carlos Chiarelli disse uma
frase que demonstrava o que era a educação nos anos 90, ele disse: " Os
professores fingem que ensinam, os alunos fingem que aprendem e o governo finge
que controla".
A educação sempre foi vista como
um incômodo em várias fases da nossa história, prova disto é este resumo que
fiz e pode acreditar, levei horas para enxugar o que queria escrever para
vocês, não há como falar em um assunto se não se conhece o seu fundamento, por
isto escrevi esse texto longo para que vocês entendam como a educação nunca foi
prioridade em nosso país. O assunto educação é muito complexo e não há como
explicar diversas coisas em um só artigo, porém é preciso dizer que essa
ferramenta chamada internet nos possibilita um estudo aprofundado e com fontes
confiáveis, não há como entender ou explicar o porquê da educação se encontrar
como está, apenas é possível dizer que estamos longe de ser um país com bases
na educação.
Manoel Atanasio da Silva Filho
Comentários
Postar um comentário