O ESGOTAMENTO TÁ LOGO ALI! - CABO
FRIO, O QUE NÃO SOMOS E QUEREMOS PARECER
Praias e nada mais. É isto que
chamamos de turismo em nossa cidade.
Para muitos a cidade de Cabo Frio
é uma cidade turística, para mim, não passa de uma cidade com praias e que
sofre com o desdenhar de suas magníficas histórias.
*Acostumamo-nos
com muito pouco, acostumamo-nos com os turistas que querem usufruir de nossas
praias e durante muitos anos lambemos os beiços com isto.
Acredito que de cada 100 turistas
que venham para nossa cidade, 100 digam que vieram por causa das praias e isto
é um erro, não dos turistas, erro dos governantes que desprezaram e ainda
desprezarão por muito tempo a história de nossa cidade, não pelo
desconhecimento, e sim por entender que "praias" já é o
bastante.
Acostumamo-nos com esse pouquinho
que nos foi apresentado como "turismo". Darwin passou por aqui, aqui
nasceu o primeiro autor de um romance publicado no Brasil, o imperador Dom
Pedro II esteve aqui e se hospedou com a família na fazenda campos novos, onde
Darwin também se hospedou. Falando em turismo histórico a fazenda é tomada
pelo tempo e abandono, onde em 2014 o Instituto do Patrimônio Histórico
Artístico Nacional (IPHAN) tombou. Apesar do tombamento a fazenda segue
esquecida e abandonada, tanto pelo IPHAN, como pelo governo municipal que a meu
ver poderia interceder para que juntos o local gerasse o turismo
histórico.
Nossa cidade também tem histórias
de moradores ilustres como é o caso do poeta Vitorino Carriço e Wolney
Teixeira, temos lugares magníficos que pouco ou quase nada são explorados
por quem nos visita, cito alguns: Igreja de São Benedito na Passagem,
Capela de Nossa Senhora da Guia, Fonte do Itajurú, Charitas, entre outros.
Acostumamo-nos muito mal, para
nós o roteiro turístico ideal é ir as praias, almoçar em algum restaurante do
centro da cidade, ir ao Boulevard Canal e agora ao shopping.
Um turismo para selfie's, pois o
que levam daqui não são nossas histórias capazes de atrair a atenção e paixão
de quem passa a conhecê-la, levam daqui, no caso dos mais jovens, risos e
lembranças de noitadas nas boates, não que eu seja contra, é só para
retratar a realidade. No caso da faixa etária acima dos 40 anos o que resta
durante a noite é ir a algum restaurante ou fazer um churrasco em suas
casas de veraneios e no outro dia tudo se repete exatamente igual. Praia e
balada para os jovens e praia, restaurantes, churrasco ou biriba para os da
faixa etária acima dos 40 anos.
É importante dizer que somos um
celeiro cultural e que infelizmente pouco se investe para torná-lo atraente ou
melhor dizendo, atrativo. Lógico que haverá controvérsias em relação a está
minha colocação, só peço que junto com a controvérsia venha também uma
colocação precisa que me faça acreditar que estou vivendo um devaneio ao
escrever este texto.
Infelizmente não temos um turismo
de qualidade ou sustentável ou até mesmo histórico por uma simples razão. Não
queremos ser uma cidade turística, queremos parecer uma cidade turística!
402 anos depois e o que temos à
oferecer?
Manoel Atanasio da Silva Filho
*Acostumamo-nos
e não nos acostumaram como muitos podem achar, quando digo ACOSTUMAMOS-NOS, quero
dizer que também somos responsáveis por tudo que acima citei.
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