Até onde somos o que somos? Será
que somos? Ou somos o que fizeram de nós?
Os royalties inauguraram uma nova
era na nossa cidade, de cidade pacata do sal, pesca e turismo tímido, passamos
a ser conhecida como a eldorado da região dos lagos.
Aos poucos Cabo Frio despontava
no cenário nacional e se atrevia a ir além. Quem viveu aquela época, hoje
suspira lembranças de um tempo aparentemente bom, tempo de bonança e muita
fartura.
Não havia preocupação com
dinheiro e os governantes da era dos royalties investiam pesado em obras de
infraestrutura em diversos bairros, porém não se pensou no futuro e muitas
obras que foram feitas naquela ocasião hoje já não suportam o crescimento desordenado
que ao longo dos anos passou percebidamente pelos governantes mas que porém não
deram muita importância.
Em apenas 10 anos a cidade dobrou
em números de habitantes e para deixar a massa feliz, muitos show's de graça e
promessas de dias ainda mais alegres.
ATÉ ONDE
SOMOS O QUE SOMOS?
De uma cidade histórica e de
renome internacional, Cabo Frio foi perdendo sua identidade, os que trabalhavam
nas salinas e na pesca partiram para as praias e montavam seu micro-negócio
conforme a demanda, ali estava a certeza de muito trabalho na alta temporada e
descanso e muito dinheiro no bolso na baixa temporada, era possível até
dispensar uma vaguinha na prefeitura, coisa que hoje por menor que seja a
função é disputada a tapas. Assim a nossa cidade foi sendo descaracterizada e
sua história sendo deixada de lado. Um monstro era constantemente alimentado e
poucos enxergavam isto, os que enxergavam e ousavam falar algo a respeito eram
silenciados pelos ecos das placas de obras espalhadas nas periferias
próximas ao centro. É importante dizer que muitos destes que outrora eram
"vozes no deserto" experimentaram o gostinho de poder fazer algo pela
cidade e quando conquistaram um mandato, como filhos ingratos viraram as costas
para a cidade. Aquele monstro que cito logo acima já se encontrava encorpado e
dava os primeiros sinais que era questão de tempo a sua fúria contra tudo
e contra todos.
SERÁ QUE
SOMOS?
Quando digo em algumas conversas
que tenho com alguns amigos que perdemos a identidade do que éramos a reação
não é muito boa e em suas defesas vazias citam com fervor o que ÉRAMOS, vejam
bem, O QUE ÉRAMOS!
Estes mesmos que ainda ousam
defender a identidade de nossa cidade, que eles juram ainda haver, não
conseguem se quer citar meia dúzia de coisas que nos faça crer que tudo
continua como era ou como deveria ser, falam que a cidade tinha que evoluir e
que toda evolução causa um sentimento de perda e trás consigo o saudosismo,
mesmo respeitando essa opinião, digo com total propriedade que são incapazes de
me convencer.
OU SOMOS
O QUE FIZERAM DE NÓS?
Prefiro acreditar que hoje somos
o que fizeram de nós, uma cidade rebelada que escolheu o seu "líder" e
faz dele um semideus e pode acreditar, alguns destes líderes tem de fato
"poderes" de semideuses, são capazes de cegar, oprimir, transgredir e
dividir a cidade. Nesta defesa por seus semideuses o monstro se levantou e hoje
mostra a sua terrível "vingança", deixando desorientado uma população
que já não consegue ter perspectivas e se agarra a qualquer fio de esperança
que surja.
O MOSTRO
No auge da fortuna adquirida
pelos royalties os GESTORES DE FORTUNAS nos ensinaram tudo que não deveriam nos
ensinar, não foram capazes de nos educar e mostrar que um dia toda essa bonança
iria acabar. Nos era permitido jogar lixos e entulhos nas calçadas a qualquer
hora do dia, sete dias por semana, precisa de uma licença para trabalhar na
praia? Eu dou, quer diversão? Toma show's. Quer trabalhar sem muito esforço?
Toma uma portaria e assim o mostro cresceu e mostrou as suas garras feroz e
não quer voltar atrás ou refazer o novo caminho que por certo será duro e com
muitos espinhos.
GESTORES
DE FORTUNAS
Tudo que aconteceu e vem
acontecendo na história de nossa cidade só nos mostra o que teimamos em não
querer enxergar, que a geração de gestores que tivemos governaram ou governam muito
"bem" com FORTUNA, sem esta fortuna são incapazes de usar a
criatividade e cortar de fato na própria carne. Notícias dão contas que aproximadamente
700 pessoas serão demitidas por estes dias, muitos destes foram contratados
apenas para dar uma satisfação aos aliados que apoiaram a candidatura do
atual gestor, nossa cidade não suporta mais esse tipo de GESTÃO que só
vive a tapar buracos, roçar mato e varrer ruas. Finalizo dizendo que
estamos próximo a mais um fim de uma era, e que os novos políticos que
chegaram só irão se manter se forem ousados, criativos e tiverem muita vontade
de trabalhar, pois caberá a eles matar esse MONSTRO (reeducar a população) e
governar com CRIATIVIDADE.
É isto que esperamos.
Manoel Atanasio da Silva Filho
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