'Causa machismo cada vez maior', diz presidente da OAB de Iguaba Grande sobre uso de régua para medir saias de advogadas
Margoth Cardoso, presidente da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) de Iguaba Grande, na Região dos Lagos do Rio, está indignada
com a situação do fórum da cidade onde a juíza, Maíra Valéria Veiga de
Oliveira, determinou o uso de régua para medir as saias das advogadas.
Segundo a OAB, a roupa das profissionais não pode
estar mais de cinco centímetros acima do joelho. Caso contrário, elas são
barradas e não podem entrar no fórum.
Para Margoth, a medida provoca discriminação e é um
ato que afronta as prerrogativas da advocacia feminina.
"Causa um machismo cada vez maior na sociedade.
Não permitir que uma advogada entre no fórum é impedir o seu exercício
profissional. E nós não podemos nos calar", afirmou.
Na semana passada, a OAB/RJ
denunciou o caso para a Corregedoria do Tribunal de Justiça, que
informou que vai apurar o caso. O G1 tenta contato com a juíza.
Margoth disse que já conversou com a juíza uma vez,
mas não teve retorno positivo.
"Isso é uma questão que implica diretamente na
escolha do jurisdicionado pelo profissional. Qual jurisdicionado vai escolher
uma advogada que pode ser barrada no fórum, na hora de uma audiência, por
exemplo?", afirmou.
Para a presidente da OAB de Iguaba Grande, a escolha
não será mais pela capacidade profissional, mas sim pelo tamanho da saia das
advogadas.
"Nós não podemos permitir que esse tipo de
situação continue acontecer e é por isso que nós estamos lutando", afirmou
Margoth.
Profissionais relatam constrangimento
Advogadas chegaram a relatar episódios
de constrangimento para a Inter TV: voltar em casa para trocar de
roupa, optar por usar apenas calças ou costurar barra de casaco na saia foram
alguns dos casos que as mulheres enfrentaram no local.
Uma das profissionais chegou a perder uma audiência
ao ser impedida de entrar no fórum.
Para a advogada, que preferiu não se identificar, a
atitude é vexatória e revoltante.
"Acho que tem um machismo aí ainda muito
enraigado, muito preso ainda na sociedade e isso é muito triste de se ver, né?
A gente sofre isso aqui nessa comarca e é lamentável. A gente se revolta
enquanto profissional, que somos impedidas de exercer livremente a nossa
profissão, mas principalmente enquanto mulheres, né? Isso é uma agressão à
mulher", afirmou.
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