Manoel Corrêa: criminalidade cresce diante da falta de investimentos em ações sociais e educação, diz especialista
O crescimento da criminalidade no bairro Manoel
Corrêa, em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, é motivo de preocupação tanto
para quem mora na região quanto para especialistas que destacam a falta de
investimentos em ações sociais e na educação.
O bairro que surgiu na década de 1970 é cenário
frequente de ações policiais e de crimes, como o desaparecimento de vigias do
Espírito Santo, que foram
torturados e estão desaparecidos.
A realidade para quem vive no local é conviver com
escolas e postos de saúde fechados, ônibus que deixam de circular dentro do
bairro por falta de segurança e tiroteios constantes.
De agosto até agora, foram três policiais militares
baleados e seis pessoas mortas. Segundo a Polícia Civil, a maioria das vítimas
morreram em confrontos com a PM.
"Antes de você ter uma ação policial, que é
importante, a gente tem que ter uma intervenção humana, isso tem que ficar
marcado, o Manoel Corrêa precisa de mais investimentos em espaços culturais,
espaços esportivos, em projetos", disse o mestre em geografia Luiz Felipe
de Oliveira Gonçalves.
Para o especialista, que teve a cidade como tema da
tese de dissertação de mestrado, é preciso que a educação funcione e que os
equipamentos sociais funcionem dentro do bairro.
"E não é só uma questão do poder público, a
sociedade também precisa abraçar essa ideia, porque é um problema social",
destacou.
Segundo Luiz Felipe, o bairro, que já foi conhecido
como "Favela do Lixo" está dentro do Parque Municipal das Dunas.
"Então o problema ali é social, ambiental, e
acaba hoje gerando também essa questão de violência", afirmou o
especialista.
Crescimento desordenado
Luiz Felipe disse ainda que o crescimento
desordenado no bairro começou a partir de uma medida do prefeito Alair Correa,
em 1983.
"A promessa de campanha dele era despejar para
construir casas populares. A Prefeitura entra com 10 milhões de cruzeiros e
paga 30% da mão de obra e o restante, entra pelo regime de mutirão, então as
pessoas que ali viviam, começam a ajudar na construção das mais de 200 casas
iniciais".
Diante disso, ele afirma que a Prefeitura não cria
um mecanismo de fiscalização e controle dessa área.
"Cabo Frio começa a ter aumento na população,
você já tem uma população em 1991 com quase 120 mil habitantes, começaram a
vender mais espaços, ocupar mais áreas de preservação ambiental",
destacou.
Projetos sociais
Projetos sociais dão assistência para crianças que
vivem na comunidade — Foto: Reprodução/ Inter TV
Projetos sociais como o da Alessandra Cristy,
"Falar menos e fazer mais", oferecem atividades para as crianças que
vivem no Manoel Corrêa, além de distribuir sopa no local.
"A gente poderia fazer o evento dentro da
comunidade, mas o interesse foi trazer essas crianças, tirar elas de lá,
trazê-las para uma casa de festa para elas poderem ver um ambiente diferente do
que estão acostumadas a ver lá", afirmou.
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