Depois de afirmar que a Operação Placebo, na qual a Polícia Federal cumpriu
mandados de busca e apreensão no Palácio das Laranjeiras, no fim de maio, teve
a interferência do presidente Jair Bolsonaro, o
governador do Rio, Wilson Witzel, amenizou as críticas ao adversário poítico.
Em entrevista à Rádio BandNews FM, Witzel disse que espera ser recebido por
Bolsonaro para "retomar o diálogo" com o presidente. E que há alguns
anos a PF tem sido aparelhada e usada de forma política internamente para
"o assassinato de reputações". E que tal prática teria começado com
na gestão do PT.
– É uma prática que vem acontecendo há muito tempo, o
uso político da própria instituição para se fortalecer e ganhar força depois.
Não estou dizendo que todos na instituição façam isso. O que levaram para o
ministro (Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça) é uma narrativa
fantasiosa na Operação Placebo. Não houve cuidado de se fazer investigação mais
aprofundada. O assassinato de reputação, essa espetacularização começou com o
PT, Romeu Tuma (ex-secretário Nacional de Justiça do governo Lula) – declarou
na entrevista, acrescentando que as investigações contra ele e a primeira-dama
estariam sendo feitas com pouco embasamento de indícios e provas, prática já
vista nos casos da Lava-Jato.
Logo após a operação, que apreendeu documentos,
celulares e computadores do governador e da primeira-dama Helena Witzel, Witzel
chamou Bolsonaro de ditador, negou todas as acusações e disse estar sendo
perseguido em pronunciamento à imprensa.
Nesta terça-feira, a colunista Mônica Bergamo, da
"Folha de S.Paulo", noticiou que o governador já teria comunicado a
pessoas próximas que não fará mais oposição frontal ao presidente Jair
Bolsonaro. De acordo com a coluna, Witzel não tem publicado críticas ao
presidente em seu Twitter desde que passou a ser alvo de investigações. Segundo
a nota, ele estaria temeroso de que algo pior possa acontecer a ele e a sua
mulher, que também está sendo investigada, como a prisão.
Ao ser indagado sobre a informação, Witzel disse que
continua crítico ao governo nos pontos necessários. Porém, admitiu que espera
"retomar o diálogo" com Bolsonaro em prol do Rio de Janeiro.
– Tenho minhas diferenças com o presidente e continuo
tendo. Mas sempre foram críticas para ajudar nosso desenvolvimento econômico.
Entendo que a PF passou a ter atuação mais política do que operacional há algum
tempo. Espero que o presidente possa retomar diálogo comigo, pois isso é bom
para o Rio e para o Brasil, para que possamos conversar. Tenho vários problemas
aqui com royalties e soluções para apresentar ao presidente. Serei sempre
crítico de forma respeitosa – argumentou Witzel, que ressaltou o apoio no
âmbito da saúde. – Tenho recebido apoio do governo federal, o Ministério da
Saúde encaminhou 100 respiradores, testes... O governo federal tem se
aproximado.
Sobre a saída de Marcus Vinicius Braga, da Secretaria
da Polícia Civil, de onde partiram investigações de fraudes que deram origem à
operação da PF, o governador disse que o delegado tinha perfil mais operacional
do que de gestão. Por isso, Flavio Britto, segundo na hierarquia da secretaria,
assumiu o posto. O pedido de exoneração, de acordo com Witze, partiu do próprio
delegado.
– Ele disse para mim que deu sua contribuição e até
poderia ficar no meu gabinete me ajudando. Não sou eu que decido, é a pessoa. É
normal, em qualquer governo, que as pessoas se cansem e peçam para sair. A
Polícia Civil do Rio nunca trabalhou tanto quanto agora. É muito estafante pra
quem está na linha de frente, e saiu por razões pessoais.
Fonte: extra.globo.com
Comentários
Postar um comentário