Quem nunca ouviu a frase: “Teu passado te condena" ? A reflexão é muito comum quando um canalha, tenta posar de bom moço depois que se torna pessoa pública, ou adquire certa notoriedade. E não dá nem para criticar muito, por que parece ser inerente ao ser humano a necessidade de aprovação por parte de seus pares. Mas, querendo ou não, temos que admitir que exista muita gente que tenta mesmo se regenerar, por sentir vergonha dos maus feitos, e não deixa de ser um comportamento pró-ativo (tá na moda), ou ato de remissão como preferem os católicos.
Mas o que dizer do contrário? Quando uma pessoa que é bem vista na sociedade por seu comportamento e suas idéias - e muitas vezes esta pessoa adquire um status moral, social, honras, e até privilégios em virtude da sua reputação; e sem mais "esta nem aquela" joga no lixo seu passado impoluto e sai perpetrando as maiores barbaridades? E pior usando este mesmo passado como escudo e justificativa. Como será que a gente deve “processar” esta nova atitude? Talvez seja o caso de dizer: Teu presente te condena...
Uma atitude destas é (ou deveria ser) incomum. Seja por vaidade, recato, ou até temor das más línguas, a grande maioria das pessoas de bem (e do bem) defende com unhas e dentes sua probidade material e moral. Até porque para construir uma boa reputação leva-se toda uma vida, mas para destruí-la basta um ato impensado – pelo menos era o que diziam nossos avós. E reparem que estou me referindo àquelas pessoas que verdadeiramente agem com retidão, e não as que fazem suas falcatruas às escondidas e custam a ser descobertas – pois estas últimas existem ,e aos borbotões.
Um caso de “teu-presente-te-condena” aconteceu recentemente, e pegou muita gente de surpresa. Estou me referindo ao jornalista e escritor José Baptista Correa.
Estava me lembrando do dia em que soubemos que Guilherme Guaral foi exonerado da Secretaria de Cultura, era uma sexta-feira à noite e os telefones de toda a classe cultural soavam ao mesmo tempo em todas as casas. E a bem da verdade, devo dizer que já esperávamos por algo assim – o próprio Guaral sabia que estava colocando a “cabeça no cepo” por seu inopinado (para o executivo) comportamento democrático e conciliador e estava totalmente preparado para um possivel "sacrificio". Vamos em frente! - nos dizia ele, e nós iamos.
Nosso temor era que houvesse “a-volta-de-quem-não-foi” – o famigerado e eterno (12 anos) secretário Milton Alencar. E eu me recordo ainda do Facury e do Ivan Cruz me dizendo: - “Se Milton voltar, ferrou!”. E assim permanecemos no longo fim de semana. Chega a segunda-feira e vem o anúncio oficial: o novo Secretário é Zé Correa! Alívio generalizado! Eu mesma conhecia pouco da história dele, mas a grande maioria que tinha uma convivência mais próxima me garantiu que tudo ia de bem a melhor. O novo secretário teria por missão apaziguar e "aparar as arestas" entre os setores culturais e entre estes e o executivo, que vinha ladeira abaixo (e sem freios) desde 2004. As perspectivas eram ótimas, menos para o nosso bravo Guaral - mas nos consolávamos ao pensar nas melhorias que daí poderiam advir. Afinal toda "guerra" ( e era guerra mesmo) prevê certo número de baixas...
Mas – oh vida madrasta; já na Conferência de Cultura em novembro, começaram a aparecer os primeiros sinais de fraqueza: o Secretário faz distribuir pela platéia o texto de um “manifesto” (meu Deus!) do tenebroso e manipulador Carlos Victor, cujo teor não gosto nem de lembrar, ato continuo entrega a presidência da mesa a seu vice - o escorregadio e tendencioso João Felix. O secretário passou o resto do evento (dois martirizantes dias) servindo água e cafezinho para a mesa composta exclusivamente de representantes do Carnaval e do Movimento Negro – todos eles funcionários da Prefeitura. E nós? Nós ficamos todos boquiabertos e teve gente que chegou a passar mal. Em um último ato de afirmação do Fórum encarregamos o Yuri Vasconcellos de entregar aos atônitos representantes da Secretaria Estadual de Cultura (Sra. Thatiana Richard) e do Ministério da Cultura (Prof. Aldair Rocha) cópias das propostas aprovadas no Fórum de Cultura, estamos nisto quando o Secretário pede a palavra, e para que? Para desqualificar o Fórum realizado pelo próprio governo a quem ele serve...E não me façam descrever a reação dos presentes, que não tenho estômago!
De lá para cá todas as linhas de diálogo foram cortadas - uma a uma e sem piedade; e sob os pretextos os mais idiotas e incoerentes possíveis. Todos os comunicados da Secretaria sempre chegando com dias de atraso e muitas vezes depois dos eventos e convocações, e enviados somente para um pequeno grupo para tentar provocar cisões. O “pacificador” e “ponderado” José Correa se transformou em um verdadeiro agente provocador a soldo da prefeitura, e não contente saiu desancando por sua coluna no jornal até seus próprios (ex) amigos e admiradores.
E assim chegamos à origem e ao desfecho do nosso contraditório título! Sr. José Baptista Correa(*) - em verdade em verdade vos digo: Se teu passado te enaltece...
TEU PRESENTE TE CONDENA!
(*) Infelizmente existem alguns outros no mesmo caso, mas ainda sem comprovação, quando for oportuno e provado farei uma listinha, que espero permaneça curta.(N.A.)
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