Ditado corrente no seio de minha família, há mais de meio século, meu pacato avô nos ensinava assim a evitar essas classes de pessoas em pendengas ou discussões: “Com essa gente não se intrometa nunca! É gente briguenta e poderosa. Você vai perder sempre!”
Meu querido avô nos deixou há mais de trinta anos, mas seu ensinamento inesquecível permaneceu na família e, pelo menos a maioria de nós sempre evitou a altercação, não só com as classes citadas por ele na sua máxima, mas com a maioria das pessoas, pois sempre tentamos ser macios no trato com nossos semelhantes. E agora, aos sessenta e tantos anos, vejo, estarrecido essa reportagem da Veja (odeio essa revista!), de autoria de um repórter de nome Diego Escosteguy, na qual, não apenas um mas dois juízes são esfarrapados e jogados no lixo. Vejam só: conta o ensandecido repórter que o EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ LUIZ ZVEITER é um dos maiores “clientes” da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, o órgão que investiga irregularidades cometidas por Juízes de Direito. Diz textualmente o louco jornalista que “quando ocorre um choque entre o que diz a Lei e o que requerem os interesses de Zveiter, é a Lei que sai perdendo” (e aí meu avozinho se virou na tumba!). Mas esse donquixotesco escriba foi muito mais além: contou sobre uma gravação que o Excelentíssimo Juiz (!?) fizera como garoto propaganda na campanha de seu irmão para a Assembléia Legislativa, absolutamente incompatível com seu cargo. Num outro processo contra o desembargador há, ainda, mais lama; Zveiter, fora outras denúncias é ainda acusado de ter fraudado resultados num concurso de tabelião no Rio. Zveiter, que era o coordenador do concurso e fazia parte da comissão que aprovou uma sua ex-namorada e uma amiga dela. Diz o notável homem de mídia: “ Pois nenhuma das duas provas estava em nosso idioma. Uma delas conseguiu escrever um período de 27 (VINTE E SETE) linhas, e a outra grafou ANÁLISE e VISAR com a letra Z. Ora, o Conselho Nacional de Justiça obviamente, mandou cancelar o concurso e passou a investigar a conduta de Zveiter. Mas ele recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça. Em uma decisão que não ficou clara o Ministro Ricardo Lewandowiski declarou que NÃO HAVIA MOTIVO PARA CANCELAR O CONCURSO (SERÁ QUE ELE ESTAVA “LEWANDO” ALGUMA VANTAGEM???) e assim caiu por terra a investigação contra Zveiter”.
Não sei como meu avô estaria pensando hoje em dia. Talvez ele ainda se reservasse em rusgas contra prostitutas e homossexuais mal educados, mas tenho certeza que ele, como, aliás, todos nós, não haveria de temer esses pilantras (que, graças a Deus são exceção à regra) fantasiados com suas capas adornadas de cordões coloridos corrompendo e sendo corrompidos sob os auspícios da LEI que deveriam proteger. Mas, mesmo discordando do Diego da Veja, meu querido vovô teria orgulho de ser conterrâneo dele.
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