Por Dr. Marcelo Paiva Paes
Bem, analisaremos hoje a nossa incógnita “C”, o carisma. Para isso, entretanto, precisamos entender brevemente o conceito de “dominação” criado por Weber, e, por extensão, seu modo de “dominação carismática”. Discutirei de forma introdutória estes conceitos, para tanto peço licença aos sociólogos.
Para Weber a sociedade se organiza através do domínio, ou seja, algumas pessoas dominam outras e estabelecem a organização social. No mundo animal também é assim, o domínio do líder da matilha, ou do grupo, se dá normalmente em disputas que incluem a força, mas há também domínio por beleza de plumagem, astúcia e etc.
No grupo humano, para Weber, o domínio se dá em três formas:
1 - “Dominação Legal”, que seria aquela baseada em um estatuto, talvez seja melhor usar a palavra Lei, ainda que não seja a palavra correta. Mas este estatuto, ou esta Lei, é discutida entre todos e, portanto, combinada. Neste caso o grupo segue o que está previamente acordado;
2 – “Dominação Tradicional”, que seria aquela observada nas comunidades tribais, que obedecem a desígnios da religiosidade, da divindade dos seus líderes. Neste caso as pessoas obedecem por que existe a origem divina do poder;
3 – “Dominação carismática”, que seria aquela onde uma determinada pessoa possui ascendência sobre a comunidade em função das suas atitudes anteriores para com esta mesma comunidade, o que faz dela um líder. Esta dominação também permite considerar o dom que algumas pessoas possuem para serem reconhecidas, de forma empírica, como alguém capaz de liderar a comunidade, mas este dom não é um mandamento divino, o que a difere da dominação tradicional.
Isto posto, passamos a avaliar, sem paixões, quem poderia possuir esta forma de dominação, ou este carisma. Mister ressaltar que estamos falando em dominação para organização da sociedade, isto retira da possibilidade de análise detalhes como ter sido ou não vereador, pois um vereador não é o líder que estamos discutindo, afinal não compete a ele organizar o estado, ou a prefeitura. Para reforçar o que acabamos de dizer, cito algumas pessoas que tiveram vários mandatos de vereador, como Jânio, Ayres Bessa, Acyr Rocha, e Antônio Carlos Trindade. Estes mandatos, entretanto, não fizeram deles lideranças carismáticas, muitos jamais conseguiram ser candidatos à prefeito, e os que já o foram não conseguiram alcançar uma margem expressiva de votos.
Entretanto, este fato não quer dizer que estas pessoas não venham um dia a ser fortes candidatos, pois, como estamos falando, uma eleição depende de três fatores, os partidos, a máquina e o carisma.
Neste sentido, com relação à uma personalidade carismática, usarei uma frase dita a mim por Antônio Carlos Trindade, um político conhecido na cidade, e que já passeou em muitas áreas. Disse-me ele: “aconteça o que acontecer, o Alair tem de 25 a 30 % dos votos da cidade.”
Esta definição, para mim, é a melhor para citar a liderança carismática que Alair tem em Cabo Frio, pois, como disse Antonio Carlos, “aconteça o que acontecer” teremos uma margem expressiva de votos concedidos a Alair Correa.
Cabo Frio não tem outra liderança carismática, e por quê? Pelos números eleitorais, eles são frios e definitivos. Vejamos: Jânio Mendes, obteve poucos votos quando se candidatou a Prefeito; Paulo César,teve uma expressiva votação em uma eleição, que, entretanto, jamais se repetiu quantitativamente (para prefeito), o que leva a crer que aquela expressiva votação teria sido por ter ele incorporado a oposição; Dirlei Pereira, vereador várias vezes, mas quando candidato também obteve uma margem pouco expressiva de votos. Ou seja, carisma é algo difícil de encontrar, por esta razão ganhou o prestígio de ser objeto de análise de Max Weber.
A falta de carisma não é problema, nem demérito nenhum. Assim como sua presença não é sinal de qualidade. Carisma é apenas uma ferramenta de dominação social, conforme disse Weber. Mas possuí-lo pode ajudar em muito numa eleição. Sobretudo se esta eleição possui os outros elementos enfraquecidos. Este é o caso de Cabo Frio, a máquina, nossa incógnita “B”, não terá tanta força ano que vem, e os partidos, nossa incógnita “A”, passam por dificuldades em virtude da ausência de nomes partidariamente fortes, o que deve levá-los, na cidade, a respeitarem decisões superiores.
É neste sentido que quem conseguir um bom acordo partidário terá uma vantagem na disputa, mas quem tiver carisma também. Outrossim, se ao carisma somar-se um bom acordo partidário a eleição penderá mais para este lado, pois será muito difícil que a máquina, vigiada como está, tenha força suficiente para contrapor-se ao carisma.
Assim, nossa análise das incógnitas tem o seguinte quadro.
Incógnita “A” (partidos)
Com candidato – PSOL, PCB, PSDB, DEM
Candidaturas instáveis – PMDB, PR e PT
Sem candidatos – PPS, PSB e PV
Incógnita “B” (máquina)
Peso médio para fraco
Incógnita “C” (carisma)
Peso considerável, sobretudo por termos apenas uma pessoa com esta qualidade.
Bem, amanhã faremos um balanço geral do que foi colocado. Vamos avaliar as prováveis coligações, como PDT-PMDB-PV, falaremos dos acordos e daremos o contraponto de quem terá a máquina ao seu lado, e quem terá o carisma. Tentaremos identificar com isso um caminho para a vitória.
Agradeço aos que tiveram a paciência de ler os artigos que publiquei, vocês muito me honraram. Um abraço a todos.
Comentários
Postar um comentário