Por Pedro Nascimento Araujo
Gilberto Kassab foi um fenômeno
político-eleitoral como há muito não se via. De vice-prefeito de São Paulo,
discreto por natureza e por imposição de José Serra, seu chefe e mentor, Kassab
tornou-se o homem que conseguiu enfrentar os maiores desafios de São Paulo. Sob
seu comando, a desordem urbana começou a diminuir. Todavia, os paulistanos, que
já estiveram em lua de mel com Kassab, já não têm mais a mesma paciência de
antes para com seu prefeito.
Tecnicamente, isolar um fator
para avaliar o desempenho de um homem público é tarefa árdua. Com Kassab não
haveria de ser diferente. Ele fez muitas coisas em prol da cidade, mas acabou
traído pela ambição de recriar o PSD, fiel da balança na República Democrática
(1945-1964). Os paulistanos não perdoaram o que viram como uma relegação ao
segundo plano da sua cidade. Kassab conseguiu criar uma agremiação política
poderosa, mas perdeu apoio popular por ter feito isso. Literalmente, Kassab
está se enforcando com a corda que ele mesmo teceu. E que, paradoxalmente, é
sua maior contribuição para a política nacional.
O legado de Kassab é uma maneira
objetiva de provar que ele fez um péssimo segundo governo. Especificamente: o
ainda prefeito paulistano não cumpriu 56% das 223 metas que se comprometeu a
cumprir nos 4 anos do seu derradeiro mandato à frente da cidade de São Paulo. O
plano de metas municipais, uma iniciativa da ONG Rede Nossa São Paulo, lista
metas de melhorias de qualidade dos serviços prestados à população que o chefe
do executivo se compromete a cumprir, como a abertura de novas vagas em
hospitais públicos.
O que há em São Paulo não é uma lei
como meu projeto da Lei de Responsabilidade Social e, portanto, não prevê
punições como a perda do mandato eletivo, mas é uma forma de permitir ao povo acompanhar,
sem paixões políticas, o desempenho de um político. Já há 28 cidades no Brasil
que se dispuseram a incluir em seus planos orgânicos iniciativas semelhantes.
Aos prefeitos eleitos de Petrópolis (Rubens Bomtempo) e de Cabo Frio (Alair
Corrêa), homens que têm a experiência de ter comandado suas cidades e que em
janeiro retornam aos cargos, deixo a sugestão: adotem iniciativa semelhante.
Vocês já provaram que são capazes de ter desempenhos que excedem o que a
população espera. Se isso ficar claro em termos de números, seus adversários
terão de procurar novas ocupações nos próximos anos.
Pedro Nascimento
Araujo é economista.
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