Narrador - Passava da meia-noite quando Jeitosinha voltou para
casa. Seu álibi foi perfeito: consumiu
as últimas horas estudando Geografia com
uma amiga, como costumava fazer. Ela
estava impressionada com a própria
frieza: conseguiu concentrar-se nos livros e conversar amenidades como se nada
tivesse acontecido. Mas ainda sentia nas
mãos o tremor da serra elétrica. Os
gritos de Ambrósio continuavam ecoando em seus ouvidos.
Eram sensações
surpreendentemente gostosas.
Arrependimento mesmo, só o de ter
perdido o capítulo da novela das nove.
"A mamãe eu matarei na hora
do Jornal Nacional", jurou para si mesma.
As luzes da sala estavam acesas.
Viu pela janela os vultos de seus familiares. Entrou pela porta principal preparando-se para fingir dor e desespero ao
se deparar com os pedaços de carne e
ossos de seu pai espalhados pela sala. Mas
qual não foi o seu espanto ao perceber que não havia na casa um só vestígio de
seu crime hediondo!
Quatro de seus irmãos, inclusive
Adenair, estavam assistindo TV,
tranquilamente. Sua mãe havia se recolhido ao
quarto.
Jeitosinha - Onde está o papai? .
Amarildo, o segundo filho de
Ambrósio e Marilena - Foi pescar.
Jeitosinha - Pescar?
Amarildo - Sim, deixou um bilhete com a mamãe, dizendo que
resolveu na última hora e que volta
amanhã à noite.
Narrador - "As belas pernas de Jeitosinha estremeceram e
ela sentiu uma estranha vertigem.
Realmente seu pai era dado a estes
rompantes e o sumiço não chegava a espantar ninguém em sua casa. ""Será que tudo não
passou de uma alucinação?"",
questionou-se.
Mas não. Observando o revestimento plástico do sofá
onde o crime havia acontecido, percebeu o cheiro de detergente e marcas de
pano, que sugeriam uma limpeza recente. Jeitosinha puxou seu cúmplice, Adenair, até o quarto.
Jeitosinha - O que está
acontecendo?
Adenair - Eu é que te pergunto!
Você não iria matar o papai?
Jeitosinha - Matei! Eu matei! Alguém escondeu os restos, limpou
a sala e ainda deixou um falso bilhete
para a mamãe!
Narrador - Adenair deu um gritinho ansioso e histérico. Jeitosinha esbofeteou-lhe a face e disse,
resoluta:
Jeitosinha - Calma. Você já esperou mais de 20 anos. Não acho que seja a melhor hora pra
soltar a franga... .
Narrador - Que estranho mistério se esconde na casa de Jeitosinha?
"Confira amanhã, no próximo e emocionante
capítulo!"
Para reler o Capítulo 1 clique AQUI
Para reler o Capítulo 2 clique AQUI
Para reler o Capítulo 3 clique AQUI
Para reler o Capítulo 4 clique AQUI
Para reler o Capítulo 5 clique AQUI
Para reler o Capítulo 6 clique AQUI
Para reler o Capítulo 7 clique AQUI
Para reler o Capítulo 8 clique AQUI
Comentários
Postar um comentário