Por Dr. Marcelo Paiva Paes
Iria hoje escrever sobre a candidatura do Paulo César, mas como o assunto mais badalado da semana passada acabou sendo a possível, ou provável, ida de Alfredo Gonçalves para o PMDB, resolvi abordar este assunto.
Em primeiro lugar devo dizer que ainda não acredito muito neste movimento, não por uma questão pessoal do Alfredo, acho que pessoalmente não há nada de complicado para ele filiar-se ao PMDB. Mas por uma questão partidária. E digo isto por uma razão da minha consciência, qual seja, o fato de não acreditar que Alfredo ganhe a eleição em Cabo Frio, independentemente do partido em que estiver. Acho que Alfredo perde as eleições estando no PMDB, no PT, no PPS, ou mesmo com todos estes partidos coligados a ele. E penso assim em função da sua natureza.
Alfredo sangrou muito nestes três anos, foi muito atacado. E ele é dotado de um egocentrismo que beira a autoidolatria, este predicado faz com que hoje ele tenha uma vontade de se vingar maior do que a vontade que tem de vencer. Em resumo, o que mais estimula o seu desejo de vitória é a sua sede de vingança, e esta química não dá certo. Lógico que ele não assume este sentimento sequer para si mesmo, mas ele faz parte da sua natureza.
É como a história do escorpião que pica o sapo no meio da travessia do lago, travessia esta que o sapo está fazendo com o escorpião em suas costas para ajudá-lo, uma vez que ele, o escorpião, não sabe nadar. Mortalmente ferido pela picada, o sapo diz ao escorpião não acreditar que ele o tivesse picado, pois assim ele iria morrer, e consequentemente o escorpião também, afinal estavam no meio da travessia do lago. Ao que o escorpião lhe responde que esta atitude, na verdade, fazia parte da sua natureza.
Pois bem, esta parábola explica para mim o que fará o PMDB se filiar Alfredo. Caminhará para a morte em virtude do fardo que topou carregar nas costas. Morrerá esgotado, cansado do peso que carregou.
A verdade é que o PMDB ainda tem Alair na legenda, mas este já anunciou que realmente sai do partido. Porém o PMDB também tem Bernardo Ariston na legenda. Bernardo, mal ou bem, é um ex-deputado de dois mandatos, ou seja, tem oito anos de serviços prestados à sigla. Então, a pergunta que me faço, e por não saber respondê-la é que ainda não acredito neste movimento é:
Porque um partido como o PMDB, que tem em Cabo Frio um nome de confiança como o do Bernardo, com serviços prestados, e etc., iria se entregar a um nome novo, sem histórico na legenda, e sem representar uma certeza de vitória? Ora, se Bernardo não é pule de 10, Alfredo muito menos o é, então, se for para arriscar, porque não arriscar com quem está na fila há mais tempo? Política, todos sabemos, tem fila. Além disso, se Alfredo, como devem estar pensando alguns caciques do PMDB, pode ser uma realidade de vitória em função de representar a máquina, porque Bernardo também não o seria? Afinal, por este pensamento ganharia a eleição quem a máquina abraçar. E, além disto, Bernardo tem mais traquejo com rádio e televisão do que Alfredo.
Eu ainda teria uma pergunta mais, porque o Cabral teria alardeado o nome de Jânio para agora puxar-lhe o tapete? Será que o Cabral passou a cultivar o gosto pela mentira e pelo factoide, enganando Jânio este tempo todo? Não acredito nisto. Acho que Cabral estava sendo sincero.
Assim, o que penso desta jogada de Alfredo no PMDB é que ou o PMDB perdeu o senso e enlouqueceu, ou Alfredo não será candidato em 2012. A resposta a estas perguntas, caso Alfredo realmente assine a ficha do PMDB, só saberemos, em junho de 2012. Pois apenas em junho é que as convenções definem os candidatos. E até lá não acreditarei que o PMDB possa enterrar sua história por uma questão de vaidade pessoal do grupo de Marquinho Mendes e Paulo Melo. A menos que eles sejam especialistas em enterrar partidos, afinal Paulo Melo saiu do PSDB quando era Presidente do partido no estado, e Marquinhos ao entrar no PSDB apequenou a sigla em Cabo Frio.
O certo é que é muito melhor para o PMDB arriscar-se com um nome mais histórico e consolidado na legenda, do que aventurar-se com um neófito irascível e vingativo. Se optar pela primeira opção, o partido pode, no pior dos cenários, crescer em direção ao futuro. Se optar pela segunda opção, o partido seguirá na direção de ser derrotado pelo passado.
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