Por Dr. Marcelo Paiva Paes
Não sou dos que acham que Jânio está fazendo um acordo com Marquinho Mendes. Entretanto tenho certeza de que há um acordo com o Picciani. E exatamente porque há acordo com Picciani, não deve haver um acordo muito protecionista com Marquinhos, afinal, para Picciani, Marquinhos Mendes não passa de um vagabundo. E Picciani sabe comer o mingau pelas beiradas, ou seja, sabe a hora de dar o troco por não ter sido apoiado. Neste sentido, Picciani está esperando para dar o troco em Marquinhos, e este troco será dado com o apoio dele à Jânio, e não a uma outra eventual candidatura da máquina municipal.
Percebendo isto Marquinhos é quem está tentando pegar carona no bonde de Jânio Mendes. Mas ele, Jânio, sabe que o seu respaldo junto ao governo partiu dele próprio e do Picciani, nunca de Marquinhos. Na verdade, Jânio não deve nada a Marquinhos além das várias derrotas que sofreu na disputa para a Prefeitura.
Uma vez escrevi aqui que achava que Jânio, em si, não se encontrava muito confortável em ter que receber estes apoios da cúpula da esfera estadual, afinal, por eles tem que votar como anda votando em algumas matérias legislativas, e silenciar, como anda silenciando, em algumas questões municipais. Mas ele está disposto a pagar este preço, pois já sentiu na pele como é difícil vencer o “esquemão”.
Acho, e apenas acho, que Jânio, entretanto, sabe separar estas coisas, e não representa um risco tão grande quanto representou este esquema ao longo dos anos. Acho que Jânio teria mais zelo pelo dinheiro público, e teria mais ética na montagem da sua equipe de trabalho, não amealhando a desgastada oligarquia política de Cabo Frio, e dando-lhe sobrevida financeira em grandes esquemas imobiliários, e na saúde pública.
Agora, uma coisa é certa, nós também não podemos ficar empurrando o Jânio para o colo dos caras, pois se não sobrar espaço para um bom filho à casa retornar, ele jamais o fará. Lembro aqui da peça o Rei Lear, de Shakespeare, que trata sobre o exílio de uma das três filhas do Rei, exatamente a única honesta para com o pai, mas que não soube bajulá-lo como as filhas desonestas bajulavam. Exilada, ela volta a encontrar o pai anos depois, quando já velho e cego o outrora Rei passou a vagar como um vagabundo na floresta, expulso que foi pelas duas filhas que dele herdaram o reino e que, após isso, passaram a ignorá-lo como rei, e como pai.
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