Narrador - Marilena acordou em sua cama, e sua primeira visão foi
Aníbal, um dos filhos menos importantes, daqueles que só fazem figuração na
trama.
Marilena - Anibal... Que sonho horrível... Pensei que seu pai...
Anibal - Não foi um sonho, mamãe. Ele voltou!
Marilena - Não pode ser! Não pode ser!
Narrador - O filho estranhou a reação. Alheio aos problemas que infernizavam a vida de Marilena, Adenair e Jeitosinha, sem saber que Ambrósio era a causa de muito sofrimento, esperava da mãe uma manifestação de alegria.
Anibal - Mãe... Você não entende? O papai voltou! Meio caidaço, é verdade, mas está vivo! Você deveria estar feliz!
Marilena - Sim, meu amor. Claro. Foi só o susto. Claro que estou feliz.
Narrador - Neste instante, já de banhozinho tomado e vestindo um velho e confortável pijama, Ambrósio entra no quarto.
Ambrosio - Marilena...
Marilena - É você mesmo, Ambrósio? - perguntou a mulher.
Ambrosio - Estou tão deformado assim? Claro que sou eu!
Narrador - Ambrósio não tinha na voz a rispidez habitual. Parecia fragilizado. Sua fala era pastosa. Um canto da boca não se mexia e um fio permanente de baba escorria rumo ao pescoço.
Marilena - O que aconteceu com você?
Ambrosio - Não me lembro. Não consigo me lembrar de muita coisa. Vaguei pelas redondezas e aos poucos as memórias foram voltando... Nossa casa, você, nossos filhos...
Marilena - E sobre o acidente que o mutilou?
Ambrosio - Nada. Não me lembro de nada. Só vejo uma cena estranha... Assustadora e irreal. Não quero falar sobre isso.
Os olhos do homem transmitiam o pavor que lhe causava a simples menção da cena. E a imagem que vinha à sua cabeça era a do travesti, loiro e nu, empunhando uma serra elétrica.
Narrador - No hospital público, Adenair acordava da anestesia.
Adenair - Como foi a cirurgia, doutor?
Médico - Foi bem. Não consegui fazer um acabamento muito bom. Sabe como é, cirurgia plástica é uma coisa complicada... Mas eu mesmo já vi muita vagina mais feia por aí! He...He...
Narrador - o médico amigo de Dona Nair insistia em seu humor
infame.
Adenair - Meu pênis, doutor... O que vocês fizeram com ele? Mesmo detestando o que ele considerava um corpo estranho,
Narrador - Adenair sabia que era um pedaço seu que havia sido
extirpado. E lhe assustava a idéia de que ele pudesse ter ido parar numa cesta
de lixo hospitalar...
Médico - Fizemos um transplante. Ele agora pertence a um marombeiro adepto do sexo bizarro, que perdeu o dele quando recebia carinhos orais de um pitt-bull...
Adenair - Melhor assim! - quando recebo alta?
Médico - Amanhã, se tudo correr bem. ""Vai dar tudo certo"", pensou o - ou melhor - a jovem. ""Vou virar uma linda mulher, como Jeitosinha, e conquistar o coração de Bruno!
Narrador - No seu apartamento, Bruno ainda olhava fixamente a arma. Sentia-se ultrajado, perdido, confuso e traído. Mas não conseguia evitar que a imagem de sua loira amada lhe viesse à cabeça. ""Onde ela estará agora?"", perguntava-se.
Mal sabia ele que Jeitosinha,
naquele momento, abria a porta de entrada de sua casa para estar frente a
frente com o pai que matara!
Narrador - Qual será a reação de Ambrósio?
Empolgante! Sensual! Nojenta!
A sua novela continua amanhã, em mais um capítulo inédito...
Para
reler o Capítulo 1 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 2 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 3 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 4 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 5 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 6 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 7 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 8 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 9 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 10 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 11 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 12 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 13 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 14 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 15 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 16 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 17 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 18 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 19 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 20 clique AQUI
Para
reler o Capítulo 21 clique AQUI
Comentários
Postar um comentário