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A EPOPÉIA DO CARRINHO DE SAL. Por Beth Michel


Foi com certa surpresa que li nas QUENTINHAS do nosso Cartão Vermelho, que alguém ainda se lembra da minha (mínima) participação quando da doação do Carrinho de Sal para o Museu do Folclore de Cabo Frio. Eu mesma já havia colocado a recordação do que aconteceu então, num cantinho da minha memória onde arquivo tudo aquilo que não gosto mais de me lembrar. E com o alegado “sumiço” do dito, minha tendência de auto preservação seria de enterrar ainda mais fundo.


Mas a menção do fato por escrito trouxe à tona o que foi descrito como uma Epopéia e – exageros a parte, de certa forma foi mesmo. E como não resisto a um causo aí vai:


Estávamos no governo Ivo Saldanha, e o pesquisador e poeta Ricardo do Carmo cumpria o doloroso dever de administrar e tirar do poço o Espaço Cultural da Praia do Forte – então ainda chamado de Beco das Artes; que havia sido relegado ao olvido nos primeiros anos daquele governo. Não bastasse o total abandono, Ricardo ainda tinha que apaziguar a natural revolta dos artistas, que num Sábado de Aleluia chegaram a “malhar” uma marionete feita (por Tânia Arrabal) à imagem e semelhança do Prefeito.


Com a chegada de sangue novo (Ricardo) muita coisa mudou, e em geral para bem (ele dependia da sanção do Prefeito para quase tudo). Uma das propostas oferecidas pela Museóloga que o assessorava (Aparecida creio eu) foi a criação na sala dos fundos do “Museu do Folclore” que abrigaria um acervo doado de obras de arte, itens do folclore local entre outros. Foi impressionante a mobilização dos artistas, e entre as inúmeras e preciosas (culturalmente falando) doações estavam os passarinhos e bonecos de Antonio de Gastão, mapas em couro de Glauco, mais bonecos do Clarêncio Rodrigues, trajes e alegorias completas da Folia de Reis, e até um Tapete de Sal do Serginho de Jesus. Eu mesma me lembro de ter feito e doado especialmente para o local: quatro pequenas aquarelas e um quadro a óleo – este último, que graças ao alerta do meu amigo Torres do Cabo, consegui resgatar e hoje se encontra da parede da minha casa e daqui não sai nem por decreto do papa – mas isto já é outra história.


O Ricardo, na época, era um dos únicos motorizados do grupo o outro era o Ivan Cruz, com seu “rodo arte” vermelho (não lembro a marca) que era uma verdadeira arma assassina, pois toda a fumaça do escapamento vinha para dentro da cabine cuja única janela que se podia abrir era a do motorista (hehehe). As Salinas Perinas a priori estava inclinada a nos ceder um carro de sal, com a condição que fossemos buscar na empresa, e como o palpite foi meu, o Ricardo me convocou, a ir com ele na “viatura” (dá pra acreditar que ele chamava o próprio carro assim !?) – um bugre (também vermelho) sem capota, para ir “segurando” a preciosa peça, que com os inevitáveis solavancos na estrada, acabaria por cair do veículo. Mas não seria melhor levar cordas!? Pergunta muito procedente esta, mas verba prá comprar corda, que é bom necas... Não, eu não estou de onda, até o convite para inauguração tive que fazer em papel de mimeógrafo, numa velha máquina Remington que herdei do meu pai (em anexo o convite scanneado). Depois de muito lero, e um quase recuo do gerente que nos cedia a peça, finalmente chegamos ao Espaço Cultural onde o carrinho foi colocado com destaque na nossa sala/museu ao lado do tapete de sal.


Passei alguns anos fora de Cabo Frio por problemas de família (era a inventariante do espólio do meu pai e tive que ficar durante este tempo "a la" ioiô entre o Rio e Teresópolis) e quando voltei, o museu com quase todas suas peças tinham tomado chá de sumiço e a sala servindo de depósito para sei lá o que - viva Milton Alencar A. Voltei a reencontrar nosso carrinho há uns três anos alojado nos jardins externos do Charitas (lado da Nilo Peçanha) onde agora não mais está. Quem souber do seu (dele) paradeiro mande lembranças minhas, e se puder traga-o de volta ao seio da família Cultural, que é o lugar dele.


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