O Blog Cartão Vermelho tem a
honra de anunciar como seu mais novo colunista o jornalista Celso Raeder, que é
sócio-diretor na renomada agência WCriativa, comunicação e marketing. Celso já trabalhou
no Jornal do Brasil e Jornal Última Hora, atua como consultor de comunicação e
gestão de imagem. Atualmente assina também uma coluna semanal no site Brasil
247.
Corrupção Se Combate Pelo Exemplo. Por Celso
Raeder
O combate à corrupção nunca
esteve tão em moda no Brasil. Sim, eu digo moda, porque de acordo com o
Índice de Percepção da Corrupção, aferido pela Transparência Internacional, a
população brasileira continua vendo o poder público como um dos mais corruptos
do mundo. São muitos os motivos que justificam o sentimento de impunidade, mas
quero destacar um, que considero a mãe de todas as desconfianças: a
seletividade.
A pauta da corrupção há muito
saiu da esfera do Direito Legal, e escorregou para o lamaçal da política. Não
estou aqui fazendo juízo de valor quando às decisões do juiz Sérgio Moro, do
trabalho realizado pelos rapazes que passaram no concurso para o Ministério
Público Federal, e menos ainda para a inércia do Supremo Tribunal Federal, onde
dormem os processos da casta beneficiada por foro privilegiado. Mas não há como
negar que o aumento no índice de percepção da corrupção representa a negação da
sociedade a tudo o que vem sendo praticado por estes colegiados.
O deputado-presidiário Eduardo
Cunha mobilizou seus pares para derrubar uma presidente eleita, sob a qual não
pesa nenhum crime. O fato em si já seria mais do que suficiente para que o
Supremo Tribunal Federal colocasse em pauta o julgamento do processo que
restabeleceria não apenas o mandato de Dilma, mas sobretudo, o Estado
Democrático de Direito. Nesse contexto, Michel Temer se tornou presidente pela
legitimação da omissão do Judiciário, que ainda foi blindado pelo Congresso
Nacional para não responder por supostos crimes denunciados por Joesley
Batista. Tudo gravado!
A sensação de impunidade também
está marcada nesse entra-e-sai de corruptos da cadeia, ora preso por um juiz de
primeira instância, ora libertado por um ministro que anda colecionando vaias
em voos comerciais. Temos ainda, a corroborar com o sentimento de que a
corrupção no Brasil está longe de acabar, o fato de que algumas legendas
partidárias se transformaram em verdadeiros oásis de proteção aos bandidos de
colarinho branco. O sujeito é denunciado, são encontrados milhões de dólares em
contas na Suíça, mas o emplumado faz cara de paisagem, nega qualquer
envolvimento com o crime praticado, e vida que segue até a prescrição do
processo.
O único caso rumoroso que
mobiliza a imprensa oficial com pautas diárias é aquele que diz respeito ao
ex-presidente Lula. O juiz Sérgio Moro, os desembargadores do TRF-4, que
estranhamente atropelaram a fila de processos a serem julgados para antecipar e
aumentar a condenação do dirigente petista, o Power Point do promotor
Dellagnol, tudo isso contrastando com a ausência absoluta de provas concretas e
inequívocas da prática de crime de corrupção passiva, conferem a Lula status de
perseguido político.
Corrupção é uma deformidade moral
da sociedade. É muito mais fácil combater o ato praticado do que alterar
costumes. Enquanto o ato praticado só exige o flagrante e a punição, os
costumes se modificam pelo exemplo. E o que não faltam são maus-exemplos,
principalmente por parte daqueles que deveriam se comportar como reservas
morais da sociedade.
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