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Rubens Venceu e José Perdeu.




Por Pedro Nascimento Araújo

O segundo turno das eleições municipais de 2012 apresentou algumas surpresas. Dentre as boas notícias, há a vitória de Rubens Bomtempo. A Prefeitura de Petrópolis, sucateada após a terrível gestão de Paulo Mustrangi, tem tudo para reviver os dias de benfeitorias revertidas para a população. 4 anos após Bomtempo ter deixado a Prefeitura de Petrópolis, a cidade o chamou de volta. Ele terá um grande trabalho pela frente. Rubens precisará provar que ainda tem o vigor e a capacidade de trabalho que o tornaram famoso. O povo mostrou que confia nele, mas a trajetória foi mais difícil que a vitória pode fazer parecer.

Desde antes do início da campanha em Petrópolis, imaginava-se que Paulo Mustrangi faria em Petrópolis como Jorge Roberto Silveira fez em Niterói: ciente da péssima avaliação popular, não se candidataria para a reeleição e, com isso, evitaria passar pela humilhação pela qual passou Zito – um prefeito que tenta se reeleger e não é sequer classificado para disputar o segundo turno. Por isso, tinha-se como certo que, em Petrópolis, Mustrangi honraria sua aliança com Bernardo Rossi, seu antigo aliado que foi presidente da Câmara de Vereadores de Petrópolis durante seu governo, trabalhando a máquina pública em silêncio para tentar impedir a volta de Bomtempo. Vacilante, Mustrangi não conseguiu impor essa realidade ao seu diminuto grupo político e passou vergonha ao ficar fora do segundo turno.

Bernardo Rossi, por sua vez, era uma estrela em ascensão. Ligado com a família Picciani por conexões familiares, de quem recebeu a estrutura que o permitiu eleger-se deputado estadual há apenas 2 anos, Rossi entrou na corrida eleitoral como favorito. Jovem, com a estrutura do PMDB e do PT a apoia-lo no segundo turno (há cartazes dele com Sérgio Cabral, com Lula, com Dilma etc.) e contra um Rubens com visíveis dificuldades financeira e sem padrinhos importantes, aparentemente seria vencedor em uma disputa na qual era a única novidade entre os 3 principais candidatos. Afogou-se na própria arrogância. De novidade simpática no meio político, progressivamente passou a ser visto pelos eleitores como esnobe e grosso, mormente em função de ataques desferidos contra Bomtempo. A velha máxima política não decepcionou: quem bate, perde. Rossi bateu. Rossi, merecidamente, perdeu.

Rubens Bomtempo começou a campanha considerado um azarão. Pesava muito contra ele o fato de não ter conseguido se eleger deputado estadual em 2010, malgrado sua boa votação – por conta do coeficiente eleitoral, ficou sem mandato. E, pior, durante esse tempo, via a movimentação de Mustrangi e de Rossi. Sem os recursos dos adversários, não podia contar com muita coisa exceto sua conhecida disposição de andar a cidade inteira; e, para sua sorte, em qualquer lugar de Petrópolis, notadamente nos bairros mais pobres, há pelo menos alguma realização dele que melhorou a vida das pessoas, de áreas de manobra que permitiram a chegada de ônibus a creches, passando por escolas, quadras poliesportivas etc. – coisas que ele poderia simplesmente apontar para que as pessoas imediatamente se lembrariam positivamente do seu governo. Bomtempo apresentou resultados e propôs avanços. Bomtempo, merecidamente, venceu.

Há muito por falar acerca das eleições de segundo turno no Rio de Janeiro (Alexandre Cardoso em Duque de Caxias, Neilton Mulim em São Gonçalo etc.) e no Brasil (Gustavo Fruet em Curitiba, Antônio Carlos Magalhães Neto em Salvador etc.), mas, de todos os casos, tendo de escolher apenas um para analisar, o mais notável de todos é, sem dúvidas, a eleição de Fernand Haddad para prefeito de São Paulo. Aliás, nesse ponto cabe explicar o título que diz que Rubens venceu Bernardo e que José perdeu para Fernando. Enquanto em Petrópolis podemos dizer que Rubens Bomtempo venceu Bernardo Rossi, em São Paulo não podemos dizer que Fernando Haddad venceu José Serra. Em São Paulo, Serra perdeu. Não que o povo de São Paulo tenha passado a odiá-lo da noite para o dia. Simplesmente, o povo de São Paulo se encheu de José Serra.

É preciso entender o porquê de o mesmo Serra que há 2 anos havia recebido a maior votação para presidente em São Paulo ter sido humilhado em 2012. São Paulo queria mudança. E havia duas opções de mudança. O PT, inteligentemente, não insistiu nos perdedores de sempre: Martha Suplicy ou Aloísio Mercadante. Certamente, nenhum deles teria vencido Serra – se houvesse a velha polarização PT-PSDB, com velhos conhecidos como candidatos, Serra venceria, como sempre venceu. Por insistência de Lula da Silva, o PT tentou o novo: Haddad. Ele prevaleceu, até porque a outra opção, Celso Russomano, era etérea.

Porém, antes de Fernando Haddad assumir, convém lembrar duas verdades incômodas que não são bom agouro. A primeira é simples: dizer que Haddad provou-se um administrador público desastroso é elogio: ele foi um dos piores ministros da Educação que o Brasil já teve, se não o pior de todos. Sua gestão foi um desastre completo, de apressados kits anti-homofobia a incompetências e fraudes nunca satisfatoriamente explicadas no ENEM, sem contar a implacável perseguição ideológica – vale lembrar: Haddad é declaradamente marxista – a qualquer coisa que se assemelhasse a meritocracia no ensino. Por isso, a julgar pelo passado de seu futuro prefeito, os cidadãos de São Paulo têm razão em temer que Haddad vá se juntar a uma galeria de governos que não acabaram bem: Erundina, Pitta, Suplicy. E a segunda é: não foi Fernando que venceu – foi José que perdeu. O que isso importa? Simples. Uma pessoa vaidosa como Fernando Haddad pode cair na tentação de gastar a maior parte de seu mandato tentando subverter tal fato. É receita certa para o desastre administrativo.

Pedro Nascimento Araujo é economista.

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