Por Pedro Nascimento Araujo.
Ontem, 1º de Maio de 2011, o mundo ganhou um novo beato: diante de 1 milhão e meio de pessoas, Papa João Paulo II foi beatificado. Na hierarquia católica, isso significa que o polonês Karol Wojtyla poderá virar santo – e poucos duvidam que isso ocorrerá. Para católicos como eu, que cresceram tendo João Paulo II como sinônimo de Papa, é uma notícia maravilhosa.
Porém, há mais: pouco do trabalho que o homem Wojtyla fez é conhecido. É natural, uma vez que nós pensamos nele mais como o João de Deus que como o líder político que teve papel relevante no evento mais importante da segunda metade do século passado: o fim do Comunismo, o regime mais brutal que a humanidade já viveu, com mais de 100 milhões de mortos em sua esteira. Por isso, é importante relembrar o político por trás do beato.
Primeiro Papa não-italiano em 455 anos, fluente em 13 idiomas (dentre os quais o português) e jovem (65 anos em Outubro de 1978, quando o Conclave o elegeu com 99 dos 111 votos), Wojtyla era polonês, representante de uma nação tradicionalmente católica que, sob ocupação comunista, tinha sua liberdade religiosa reprimida.
Como Papa João Paulo II, Wojtyla lutou pelo fim da opressão comunista. Em 1979, em Varsóvia, na sua viagem histórica à sua Polônia natal, que os comunistas simplesmente não puderam impedir por medo de uma revolução popular, ele simplesmente disse: “Não tenham medo.”
De fato, se o Papa João Paulo II inspirava o povo a não ter medo, o político Karol Wojtyla inspirava os líderes que seriam cruciais para a derrocada do comunismo a seguir em frente: Lech Walesa, Václav Havel, Mikhail Gorbatchev e Miklos Németh, entre outros, consideram que, sem a inspiração de Wojtyla, seus esforços teriam sido destruídos pela linha dura comunista, suspeita até hoje de ter organizado o atentado contra ele em 1981. Gorbatchev declararia depois que o “colapso da Cortina de Ferro não impossível sem João Paulo II.”
Karol Wojtyla e o Papa João Paulo II, as duas faces do mesmo homem extraordinário, foram cruciais para inspirar milhões a vencer o medo e a opressão comunistas. Em vida, ele tornou o mundo melhor. Quando de sua morte, ao abraçar sua própria agonia com dignidade cristã, mostrou mais uma vez sua grandeza, tendo levado mais de 4 milhões de pessoas a seu funeral. Agora, como beato, esse homem extraordinário, a caminho de ser santificado, merece nossas preces. Que ele continue velando por nós por todos os séculos dos séculos.
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